O anúncio de um novo pacote tarifário pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump — as chamadas tarifas de Trump — reacendeu as tensões no comércio internacional e provocou forte instabilidade nos mercados financeiros ao longo da semana.
A medida impõe tarifas adicionais de pelo menos 10% sobre uma série de produtos importados, com alíquotas ainda mais elevadas — como as aplicadas à China — para países com superávits expressivos na balança comercial com os Estados Unidos. Embora o Brasil tenha sido relativamente pouco impactado neste momento, os efeitos globais foram imediatos.
A notícia caiu como uma bomba nos mercados, elevando a aversão ao risco e provocando correções nas bolsas ao redor do mundo — especialmente nesta segunda-feira (7), dia em que o índice S&P 500 chegou a entrar brevemente em território de bear market.

A instabilidade foi alimentada pelas incertezas relacionadas à guerra comercial liderada pelo ex-presidente Donald Trump, cujas tarifas globais têm gerado um clima de crescente pessimismo entre os investidores.
“Esse tipo de volatilidade traz incerteza, mas também grandes oportunidades de alocação”, comenta Felipe Paleta, analista da EQI Research.
Segundo ele, a estratégia da casa tem sido de cautela e reposicionamento tático diante do cenário. “Desde antes do anúncio das tarifas, já vínhamos alertando para o risco de um movimento com esse perfil e ajustando nossa carteira para mitigar possíveis impactos”, destaca.
Novas tarifas de Trump e os impactos na Bolsa
Entre os setores mais afetados estão as empresas exportadoras, especialmente de commodities. A Gerdau, por exemplo, sofreu com o aumento da competitividade no mercado norte-americano, ainda que tenha uma exposição relevante aos EUA e, por isso, seja menos sensível que seus pares. As petroleiras, como Petrobras e PetroReconcavo, também foram penalizadas, acompanhando a queda nos preços do petróleo.
Por outro lado, setores mais defensivos ganharam espaço. “Aumentamos a exposição ao setor de utilidade pública justamente por sua correlação com a taxa de juros, num momento em que há expectativa de cortes, tanto lá fora quanto aqui no Brasil”, afirma Paleta.
A EQI também destaca que, apesar do cenário global mais conturbado, o Brasil surge como uma alternativa relativamente mais atrativa. “A bolsa brasileira opera com múltiplos muito mais descontados do que os dos EUA. Estamos falando de um valuation de cerca de 7,5 vezes lucro projetado para 2026, contra mais de 16 vezes no S&P 500”, ressalta o analista.
Fundos Imobiliários: fundamentos sólidos em meio à turbulência
No mercado de fundos imobiliários, a reação também foi marcada pela cautela. O IFIX, principal índice do setor, recuou cerca de 1% no início da semana, refletindo um ambiente mais defensivo e de reprecificação de risco.
“Por enquanto, o movimento é mais técnico do que estrutural. Os fundamentos dos FIIs seguem sólidos, com ativos gerando renda e contratos vigentes”, explica Carolina Borges, head e analista de fundos imobiliários da EQI Research.
Segundo ela, setores mais resilientes devem absorver melhor os choques externos. E, caso o impacto das tarifas se traduza em uma desaceleração econômica global, isso pode acabar funcionando como um vetor desinflacionário para o Brasil, impulsionando os fundos imobiliários.
“Se as taxas de juros futuras recuarem, o IFIX tende a se beneficiar diretamente. Já vemos, por exemplo, uma leve queda nos juros do Tesouro IPCA+ 2035 com cupom semestral, que estão agora em torno de 7,45%”, aponta.
A recomendação, no entanto, é clara: evitar mudanças estruturais na carteira neste momento. “Volatilidade não é sinônimo de perda. Muitas vezes, a melhor decisão é não agir no calor do momento”, afirma Carolina.
Renda Fixa: refúgio em meio ao caos
Na renda fixa, o cenário tem sido mais favorável. A aversão ao risco provocada pela escalada protecionista impulsionou o movimento global de migração para ativos mais seguros, beneficiando os títulos de renda fixa — especialmente os públicos.
“Temos observado uma performance bastante positiva da nossa carteira, ainda que muito mais por fatores externos do que por méritos próprios”, avalia João Neves, analista de Renda Fixa da EQI Research. Ele ressalta que, apesar do bom desempenho, ainda não há compressão nos prêmios que justifique realização de lucros no momento.
“Seguimos monitorando o cenário de perto e mantemos nossas recomendações até que haja maior clareza sobre os desdobramentos macroeconômicos e geopolíticos”, conclui Neves.
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