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Powell: Fed reavalia política monetária diante de choques de oferta e mudanças econômicas

Powell: Fed reavalia política monetária diante de choques de oferta e mudanças econômicas

O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, afirmou nesta quinta-feira (15) que o banco central dos Estados Unidos está reconsiderando elementos fundamentais de sua política monetária, diante das lições aprendidas com a recente alta inflacionária e da possibilidade de que choques de oferta se tornem mais frequentes e duradouros nos próximos anos.

Durante discurso de abertura de uma conferência de dois dias dedicada à revisão da estratégia de política monetária adotada em 2020, Powell destacou que o cenário econômico atual difere substancialmente daquele período, marcado pelos efeitos da pandemia de Covid-19.

“Podemos estar entrando em um período de choques de oferta mais frequentes e potencialmente mais persistentes – um desafio difícil para a economia e para os bancos centrais”, declarou.

O Fed passou por uma mudança significativa em 2020, ao adotar uma abordagem mais flexível que permitia tolerar inflação acima da meta por algum tempo para compensar anos de inflação fraca, além de priorizar níveis mais baixos de desemprego sem associá-los automaticamente ao risco inflacionário. Essa estratégia, contudo, está sendo colocada em xeque à luz da inflação que disparou após a reabertura econômica pós-pandemia.

Powell afirmou que o ambiente mudou o suficiente para justificar uma revisão ampla da estratégia.

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“O ambiente econômico mudou significativamente desde 2020, e nossa revisão refletirá nossa avaliação dessas mudanças”, disse, indicando que o Fed deve abandonar ou ajustar premissas adotadas anteriormente.

Powell: Fed espera PCE de 2,2% ao ano

Embora o chair do Fed tenha evitado discutir a política monetária atual ou fazer previsões econômicas, mencionou que espera uma leitura de 2,2% para o índice de preços de gastos com consumo (PCE) de abril — um indicador de inflação acompanhado de perto pela autoridade monetária. Mesmo assim, ele alertou que esses números ainda não refletem os aumentos de preços decorrentes de novas tarifas.

Segundo Powell, apesar dos desafios, os Estados Unidos conseguiram alcançar um “resultado historicamente incomum”: um processo de desinflação que ocorreu sem causar danos significativos à economia, o que caracterizou um “pouso suave” — objetivo ambicioso frequentemente almejado, mas raramente atingido por bancos centrais em ciclos de aperto monetário.

Durante as discussões internas do Fed, os dirigentes vêm indicando apoio à revisão de diretrizes como a que minimiza a importância de baixas taxas de desemprego como sinal de pressões inflacionárias.

“Os participantes indicaram que acham que seria apropriado reconsiderar a linguagem sobre insuficiências de emprego”, disse Powell, referindo-se à abordagem adotada há cinco anos.

Além disso, também há debate sobre a adequação da chamada meta de inflação média, que permitia que o Fed tolerasse inflação acima da meta de 2% por um período, após anos de desempenho abaixo desse patamar.

“A ideia de ficar acima da meta de forma intencional e moderada se mostrou irrelevante para nossas discussões e permaneceu assim até hoje”, admitiu Powell, ao lembrar da escalada inflacionária que ocorreu entre 2021 e 2022.

Fed totalmente comprometido com meta de inflação

O presidente do Federal Reserve reiterou que a instituição continua “totalmente comprometida com a meta de inflação de 2%”. Na prática, isso significa que o Fed não prevê cortes acentuados nos juros no curto prazo, mas mantém-se pronto para agir, caso o cenário econômico exija.

Ele também reconheceu que manter a clareza na comunicação é um desafio, “mesmo em períodos relativamente estáveis”, e afirmou que o banco central está avaliando formas de aprimorar esse aspecto enquanto continua revisando suas estratégias.

Vale destacar que, na semana passada, a instituição decidiu manter a taxa básica entre 4,25% e 4,5% pela terceira reunião consecutiva, apesar das tentativas do presidente Donald Trump de pressionar Powell a promover novos cortes.

Algumas medidas adotadas pelo governo republicano, como a imposição de tarifas sobre produtos importados e a intensificação das deportações de imigrantes, tendem a elevar a inflação — o que reforça a cautela do Fed em reduzir os juros.

No entanto, recentemente, o governo tem sinalizado disposição para revisar parte dessas políticas. Um exemplo claro são os acordos comerciais fechados com países como o Reino Unido e a China — esta última, inclusive, reduziu tarifas de 145% para 30% por um período de 90 dias.