O Índice de Preços ao Produtor (IPP) registrou recuo de 0,30% em julho de 2025, frente a junho, de acordo com dados do IBGE. Essa foi a sexta queda consecutiva nos preços da indústria, refletindo um cenário de retração em diversos setores produtivos.
No acumulado do ano, a variação é de -3,42%, e em 12 meses, o índice ainda mostra avanço de 1,36%.

Das 24 atividades industriais pesquisadas, 12 apresentaram redução de preços em julho, o que confirma um movimento disseminado de recuo. A título de comparação, em junho, 14 setores haviam registrado quedas. Esse comportamento vem influenciando não apenas o resultado mensal, mas também o acumulado anual, que já se destaca como um dos menores desde o início da série histórica em 2014.
Setores com maior impacto no resultado de julho
O setor de alimentos foi o que mais influenciou o resultado geral, respondendo por -0,33 ponto percentual na variação mensal. Produtos como açúcar, café, sucos concentrados de laranja e resíduos da soja apresentaram retrações puxadas tanto por excesso de oferta quanto por menor demanda externa, além do efeito do câmbio.
Outro setor em destaque foi a metalurgia, com queda de -1,65%, a sétima consecutiva. O excesso de aço no mercado e a retração nos preços internacionais de insumos, como o minério de ferro, pressionaram o segmento. Essa atividade foi a segunda maior influência no índice, representando -0,11 p.p.
Já as indústrias extrativas tiveram resultado positivo em julho, com alta de 2,42%, mostrando recuperação em relação ao mês anterior. Apesar disso, no acumulado do ano (-12,82%) e em 12 meses (-9,85%), o setor ainda apresenta forte retração, especialmente pela oscilação dos preços internacionais de commodities minerais.
Acumulado do ano e comparação com 2024
Entre janeiro e julho de 2025, os preços da indústria acumulam queda de 3,42%, segundo o IPP. Em igual período de 2024, o índice havia registrado alta de 4,13%, o que evidencia uma virada no comportamento dos preços industriais. O valor de 2025 representa o segundo menor acumulado já registrado para o mês de julho desde 2014.
No recorte setorial, além das indústrias extrativas e da metalurgia, alimentos também apresentaram forte retração acumulada (-7,17%). Em contrapartida, atividades como impressão (8,12%) e máquinas e equipamentos (2,39%) tiveram variações positivas ao longo do ano.
Preços em 12 meses: crescimento moderado
Mesmo com a sequência de resultados negativos recentes, no acumulado de 12 meses até julho de 2025, os preços da indústria ainda registraram alta de 1,36%. O desempenho, no entanto, é bem menor que o observado em junho, quando o índice havia marcado 3,22%.
Os maiores destaques nessa comparação foram o setor de impressão, com expressiva alta de 16,92%, e o de bebidas, com 7,63%. Já as quedas mais acentuadas ficaram com indústrias extrativas (-9,85%) e papel e celulose (-5,62%).
Categorias econômicas: bens de consumo em queda
Na análise por grandes categorias econômicas, julho apresentou os seguintes resultados: bens de capital subiram 0,51%, bens intermediários recuaram 0,32% e bens de consumo caíram 0,43%. Dentro dos bens de consumo, os duráveis tiveram alta de 0,30%, enquanto os semiduráveis e não duráveis recuaram 0,57%.
A principal influência veio dos bens intermediários, que têm peso superior a 50% no índice geral e responderam por -0,17 p.p. da queda mensal. O resultado confirma a pressão que a desaceleração industrial vem exercendo sobre diferentes elos da cadeia produtiva.
Perspectiva do setor industrial
O comportamento dos preços da indústria em julho reforça o desafio enfrentado pelo setor em 2025. Se por um lado alguns segmentos conseguem avançar, como máquinas e equipamentos, por outro, áreas estratégicas como alimentos e metalurgia continuam pressionadas por condições internacionais e internas.
O saldo é um cenário de deflação acumulada no ano, mas com crescimento moderado no horizonte de 12 meses. Essa combinação mostra que, embora o setor industrial ainda enfrente retração, existem sinais de resiliência em atividades específicas, que podem ser determinantes para uma retomada mais ampla nos próximos meses.
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