O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira (8) — mais de um mês após o Liberation Day — o primeiro acordo comercial de seu segundo mandato, firmado com o Reino Unido. O anúncio, feito diretamente do Salão Oval, foi classificado por Trump como “histórico” e marca um importante avanço na política de acordos bilaterais do republicano.
“Junto ao nosso forte aliado, o Reino Unido, fechamos o primeiro acordo comercial histórico desde o Liberation Day”, escreveu Trump em sua rede Truth Social, durante uma ligação com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer.
“Este acordo mostra que, se você respeita os Estados Unidos e traz propostas sérias à mesa, a América está aberta para negócios. Muitos outros virão — fiquem ligados!”, afirmou Trump.
O novo pacto comercial foi celebrado como uma vitória tanto para a administração Trump quanto para o governo britânico, que buscava há anos um acordo com Washington desde a saída do Reino Unido da União Europeia.
Segundo o presidente norte-americano, o acordo garante maior acesso ao mercado britânico para produtos americanos — especialmente agrícolas — e deve abrir US$ 5 bilhões em novas oportunidades de exportação para produtores rurais, pecuaristas e agricultores dos EUA.
Além disso, Trump previu arrecadar US$ 6 bilhões por meio de uma tarifa universal de 10% que segue em vigor sobre produtos britânicos.
Em coletiva após o anúncio, o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, reforçou os benefícios esperados.
“Eles concordaram em abrir seus mercados, e isso acrescentará US$ 5 bilhões em oportunidades para os exportadores americanos”, afirmou. Lutnick disse ainda que o Reino Unido poderá enviar até 100 mil carros para os EUA sob essa tarifa de 10% e que os trabalhadores britânicos não serão prejudicados pelo acordo.
Vitória de Starmer coroa aproximação com Trump e quebra impasse que durava desde o Brexit
O primeiro-ministro Keir Starmer, que participou da coletiva de imprensa por ligação, elogiou sua equipe de negociação e declarou que o acordo “vai impulsionar o comércio entre e através de nossos países”. Ele afirmou que o pacto representa um marco para as relações bilaterais e anunciou que realizará sua própria coletiva no Reino Unido em breve.
O acerto também simboliza uma validação da estratégia diplomática de Starmer, que desde o início de seu mandato manteve uma relação cautelosa e amistosa com Trump — mesmo quando o presidente norte-americano provocava polêmicas em Westminster. O principal objetivo de Starmer era garantir uma exceção às tarifas impostas recentemente pelos EUA, e o acordo anunciado hoje entrega justamente isso.
Uma parceria mais ampla com os Estados Unidos vinha sendo perseguida por governos britânicos desde o Brexit, mas permanecia fora de alcance. As palavras do ex-presidente Barack Obama em 2016 — de que o Reino Unido estaria “no fim da fila” para acordos comerciais se deixasse a União Europeia — assombraram os negociadores britânicos por anos. Quase uma década depois, o acordo com Trump parece indicar que Londres chegou à frente da fila.
Mesmo com o avanço, o Reino Unido segue tentando equilibrar suas relações com potências concorrentes. No seu primeiro ano à frente do governo, Starmer busca aprofundar os laços não apenas com os Estados Unidos, mas também com Europa e China, em uma tentativa de reverter os efeitos de uma década de baixo crescimento econômico.
O próximo objetivo de Starmer é um novo acordo com Bruxelas que alivie os entraves do Brexit, especialmente diante das pesquisas que mostram que os britânicos preferem uma aproximação maior com a Europa do que com a administração Trump.
O anúncio também movimentou o setor empresarial. Howard Lutnick antecipou uma grande negociação em andamento entre uma companhia aérea britânica e a Boeing, com previsão de um pedido de US$ 10 bilhões em aeronaves.
Apesar de não revelar qual empresa está envolvida, especula-se que seja uma tentativa de manter negócios no radar após a irlandesa Ryanair ameaçar cancelar encomendas se as tarifas norte-americanas fossem mantidas.
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