O Livro Bege, do Federal Reserve (Fed), destacou que a paralisação do governo dos Estados Unidos, o shudown, teve efeitos perceptíveis sobre o comportamento dos consumidores em algumas regiões, contribuindo para a desaceleração das compras no varejo. Segundo o documento, divulgado nesta quarta-feira (26), alguns varejistas relataram quedas adicionais na demanda justamente devido à incerteza gerada pelo impasse fiscal em Washington.
O documento indica que a atividade econômica apresentou poucas mudanças desde o relatório anterior na maioria dos 12 distritos do Fed. Dois relataram leve declínio e um registrou crescimento moderado. No geral, o consumo das famílias perdeu força, embora o varejo de alto padrão tenha se mantido resiliente.
O Fed também registrou impactos específicos no setor automotivo. Concessionárias relataram queda nas vendas de veículos elétricos após o fim do crédito fiscal federal, reforçando a sensibilidade do segmento aos incentivos tributários. No setor de turismo e viagens, os relatos mostraram pouca mudança nas últimas semanas, mas com consumidores demonstrando maior cautela nos gastos.
Livro Bege: indústria avança levemente, mas tarifas são obstáculo
A atividade industrial aumentou ligeiramente, segundo a maioria dos distritos, embora a escalada de tarifas e a elevada incerteza continuem funcionando como entraves. Já as receitas do setor de serviços não financeiros permaneceram estáveis ou em leve retração. A demanda por crédito apresentou resultados mistos, refletindo diferenças regionais no apetite por empréstimos.
O emprego registrou leve queda, com quase metade dos distritos observando uma demanda mais fraca por mão de obra. Apesar do aumento nos anúncios de demissões, prevaleceram estratégias menos drásticas por parte das empresas, como congelamento de contratações, reposição pontual de vagas e ajustes na jornada de trabalho para lidar com variações de demanda — evitando, assim, demissões em massa.
Os preços subiram moderadamente, mas com pressões amplas sobre os custos de insumos na manufatura e no varejo, impulsionadas principalmente pelo aumento de tarifas. Alguns distritos também observaram elevações nos custos de seguros, serviços públicos, tecnologia e saúde.
O repasse desses custos ao consumidor variou conforme o nível de demanda, a pressão competitiva e a sensibilidade dos clientes aos preços — fatores que continuam a ditar o ritmo de desaceleração inflacionária na economia americana.
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