O caso Banco Master voltou ao centro das discussões do mercado financeiro, após declarações de Luis Stuhlberger, CEO e CIO da Verde Asset. Durante evento em São Paulo, o gestor afirmou que a decisão do Banco Central (BC) de liquidar a instituição foi um ato de coragem e evitou um desfecho potencialmente grave para o sistema financeiro.
Segundo Stuhlberger, a liquidação extrajudicial do Master representou um marco importante. Para ele, permitir algum tipo de salvamento teria sido um erro relevante — algo que, em suas palavras, o país “escapou por pouco”. O movimento reforçaria, na avaliação do gestor, a independência e a responsabilidade técnica do BC sob o comando de Gabriel Galípolo.
As declarações fizeram parte de uma análise mais ampla sobre o cenário macroeconômico brasileiro. Stuhlberger afirmou que o país vive hoje um “equilíbrio macroeconômico estranho”, no qual o governo atua simultaneamente como “pai dos pobres e mãe dos ricos”, expressão que atribuiu ao ex-presidente Getúlio Vargas. De um lado, destacou os gastos elevados com previdência e assistência social; de outro, os juros altos que beneficiam detentores de ativos financeiros.
Caso Banco Master: CEO da Verde vê liquidação como decisão “difícil”
O gestor também chamou atenção para o que considera uma diferença relevante em relação a outros governos do PT: o compromisso do atual Banco Central com o cumprimento da meta de inflação, apesar das fortes pressões políticas. Na avaliação dele, o BC tem conduzido um trabalho “excelente”, combinando atuação técnica com decisões difíceis — como a própria liquidação do Master.
O BC decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master no dia 18 deste mês, extinguindo do sistema financeiro nacional uma instituição cujo modelo de negócios era considerado problemático. A medida, que encerra qualquer possibilidade de recuperação, foi tomada menos de 24 horas após a Fictor Holding Financeira ter sinalizado interesse em comprar o banco, interrompendo qualquer negociação em curso.
A decisão, assinada pelo presidente da autoridade monetária também colocou o Banco Master Múltiplo sob o Regime de Administração Temporária Especial (Raet) por 120 dias. Nesse regime, a administração fica a cargo da EFB Regimes Especiais de Empresas, nomeada liquidante com amplos poderes. A Master SA Corretora de Câmbio também foi incluída no processo de liquidação.
O anúncio da liquidação ocorreu no mesmo dia em que a Polícia Federal prendeu o fundador e principal acionista do banco, Daniel Vorcaro, na Operação Compliance Zero. A ação, que cumpriu sete mandados de prisão e 25 de busca e apreensão em cinco estados e no DF, investigou a emissão de títulos de crédito considerados falsos por instituições financeiras.
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