O Bank of America reforçou que o Fed não terá cortes adicionais sob a liderança de Jerome Powell. A avaliação ganha força depois da divulgação dos dados de emprego de setembro, que mostraram um mercado de trabalho ao mesmo tempo resistente e fragilizado. Essa combinação aumentou a incerteza dos investidores e manteve baixas as apostas em um corte de juros em dezembro.
O relatório de empregos destacou a criação de 119 mil vagas, número bem acima das expectativas de 50 mil. Mesmo assim, a taxa de desemprego subiu para 4,4%, o nível mais alto desde outubro de 2021. Para o BofA, esse contraste limita o espaço para qualquer flexibilização adicional da política monetária e reforça a leitura de que o Federal Reserve pode ter chegado ao limite de sua margem de manobra.
Esses sinais mistos deixaram o mercado em compasso de espera. Houve apenas um leve aumento nas apostas para dezembro depois que John Williams, presidente do Fed de Nova York, afirmou que ainda via “espaço para um ajuste adicional no curto prazo”. A fala trouxe um tom mais suave, mas não suficiente para mudar o panorama geral.
Mercado de trabalho e imigração moldam a visão do BofA
Para a economista Shruti Mishra, do Bank of America, o que pesa de verdade é a dinâmica mais ampla do mercado de trabalho. Segundo ela, grande parte da fraqueza vista em 2024 foi consequência de interrupções tanto na oferta quanto na demanda. As folhas de pagamento perderam força no verão, e o desemprego subiu um pouco, mas Mishra destaca que o nível ainda é historicamente baixo.
O ponto mais decisivo para o banco está na oferta futura de mão de obra. A instituição alerta para uma queda acentuada na imigração devido a políticas mais rígidas. Mishra projeta que a imigração líquida cairá para cerca de 380 mil pessoas no próximo ano, muito abaixo da média de 2,1 milhões registrada entre 2020 e 2023. Isso significa um choque de oferta próximo de 90 mil trabalhadores por mês em relação ao padrão recente.
Com menos trabalhadores entrando no mercado, o ritmo de equilíbrio da criação de empregos deve cair para perto de 20 mil por mês. Para Mishra, essa mudança manterá a taxa de desemprego estável, mesmo com a desaceleração das contratações.
Por que o Fed não deve cortar mais juros?
O BofA projeta que o desemprego deve subir apenas de forma moderada, alcançando cerca de 4,5 por cento no início de 2025. Mesmo assim, o mercado continuaria próximo do pleno emprego. Para o banco, essa estabilidade reduz o argumento para novos cortes, especialmente em um cenário em que a inflação ainda mostra persistência.
Diante desse quadro, a conclusão do BofA é direta. O banco vê “escopo limitado para o Fed cortar as taxas ainda mais” e reforça sua avaliação de que “não haverá mais cortes nas taxas sob o presidente Powell”. Ou seja, para a instituição, a mensagem é clara: Fed não terá cortes adicionais enquanto esse conjunto de fatores continuar pressionando a política monetária.
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