Após meses de intensas negociações e sucessivas tentativas de cessar-fogo, Israel e Hamas confirmaram um acordo de paz que inaugura a primeira fase de um plano internacional para encerrar a guerra em Gaza. O anúncio, feito nesta quarta-feira (8), foi recebido com prudente entusiasmo pela comunidade internacional e por milhares de famílias que aguardam o fim dos combates.
Segundo o Hamas, o pacto “encerrará a guerra em Gaza, garantirá a retirada completa das forças de ocupação, permitirá a entrada de ajuda humanitária e implementará a troca de prisioneiros”.
O acordo foi mediado por Catar, Egito, Turquia e pelos Estados Unidos, com papel ativo do presidente Donald Trump. O grupo palestino agradeceu aos países envolvidos e pediu garantias para que “o governo de ocupação israelense cumpra integralmente os termos do acordo”.
O cessar-fogo e as condições do acordo
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu chamou a confirmação da primeira fase do acordo de paz de “um grande dia para Israel”. Ele anunciou que o gabinete israelense será convocado nesta quinta-feira (9) para aprovar formalmente os termos e iniciar a retirada das tropas para uma linha previamente acordada. O cessar-fogo deve começar em até 24 horas após essa decisão.
Após o recuo militar, o cronograma prevê 72 horas para a libertação dos reféns israelenses mantidos em Gaza. Fontes da Casa Branca afirmaram que a troca de prisioneiros e reféns deve ser concluída até a próxima segunda-feira (13). No entanto, ainda há discussões sobre os nomes dos prisioneiros palestinos a serem libertos — ponto sensível dentro de Israel.
Reações internacionais e promessa de reconstrução
Donald Trump, que apresentou o plano de paz em 29 de setembro, comemorou o avanço. Em sua rede Truth Social, declarou que “Israel e Hamas assinaram a primeira fase” do acordo, e que “todos os reféns serão libertados muito em breve”. O presidente americano afirmou ainda que Gaza será reconstruída e que haverá “riqueza a ser gasta” no território palestino, indicando planos de investimento e cooperação econômica.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, prometeu apoio total à implementação do acordo e reforçou o compromisso da organização com o envio de ajuda humanitária. “O sofrimento precisa acabar”, disse. Guterres também fez um apelo para que o cessar-fogo abra caminho a uma solução política duradoura baseada na convivência pacífica entre dois Estados.
Esperança e emoção nas ruas
Em Gaza, vídeos compartilhados nas redes sociais mostram multidões comemorando a notícia. Homens e mulheres dançavam e gritavam “Allahu Akbar” (“Deus é o maior”) diante do hospital de Al-Aqsa, enquanto outros celebravam nas ruas de Deir al-Balah. As cenas contrastam com os meses de destruição e luto vividos pela população local.
Em Israel, famílias de reféns também reagiram com emoção. “Grande alegria, mal posso esperar para ver todos em casa”, escreveu Eli Sharabi, que perdeu familiares no conflito. A mãe do refém Matan Zangauker publicou: “Matan retorna para casa, para mim… para você, para o país.” As mensagens refletem a esperança de que o acordo marque não apenas o fim de uma guerra, mas o início de uma nova etapa de convivência e reconstrução.
O desafio de transformar a trégua em paz duradoura
A confirmação de que Israel e Hamas firmaram a primeira etapa do acordo de paz representa um ponto de virada histórico, mas ainda frágil. Depois de dois anos de confrontos, com mais de 67 mil mortos em Gaza, o cessar-fogo surge como uma oportunidade real de mudança.
O desafio agora é garantir que os compromissos sejam cumpridos e que as negociações avancem para uma solução definitiva. Como destacou Guterres, “esta é uma oportunidade crucial para estabelecer um caminho político confiável rumo ao fim da ocupação e ao reconhecimento do direito à autodeterminação do povo palestino”.
Se a promessa de paz se confirmar, o acordo poderá redefinir o futuro de todo o Oriente Médio — transformando décadas de conflito em um novo começo.
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