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IPCA: Inflação sobe abaixo do esperado

IPCA: Inflação sobe abaixo do esperado

A inflação voltou a subir em setembro, após registrar queda de 0,11% em agosto. Segundo dados divulgados pelo IBGE, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve alta de 0,48%, ligeiramente abaixo das projeções de mercado, que esperavam 0,52%. Com o resultado, o índice acumula alta de 3,64% no ano e 5,17% nos últimos 12 meses, acima dos 5,13% registrados anteriormente e abaixo do consenso de 5,22%.

Divulgação

O avanço da inflação em setembro foi impulsionado, sobretudo, pela alta no grupo Habitação, que teve aumento de 2,97% e impacto de 0,45 ponto percentual no índice geral. O item energia elétrica residencial foi o grande vilão do mês, com alta expressiva de 10,31%, revertendo a queda de 4,21% em agosto e se tornando o maior impacto individual no IPCA (0,41 p.p.).

Energia elétrica lidera os aumentos e pressiona o IPCA

De acordo com o IBGE, o fim do chamado “Bônus de Itaipu”, que concedeu descontos nas contas de luz em agosto, e a manutenção da bandeira tarifária vermelha patamar 2 — que adiciona R$ 7,87 a cada 100 kWh consumidos — foram os principais fatores que explicam a disparada da energia elétrica.

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No acumulado de 2025, a energia elétrica residencial já sobe 16,42%, sendo o maior impacto individual do índice no ano. Em 12 meses, o aumento chega a 10,64%**, reforçando o peso da conta de luz no orçamento das famílias. Essa alta reflete diretamente no custo de vida, uma vez que influencia também o preço de bens e serviços atrelados ao consumo energético.

Alimentação em queda ajuda a conter a inflação

Apesar da pressão da energia, o grupo Alimentação e bebidas registrou queda de 0,26% e ajudou a conter o avanço do índice. Esse foi o quarto mês consecutivo de deflação no setor, puxada pela redução nos preços de itens básicos como tomate (-11,52%), cebola (-10,16%), alho (-8,70%) e batata-inglesa (-8,55%).

Por outro lado, frutas (2,40%) e óleo de soja (3,57%) apresentaram alta, mas não foram suficientes para reverter o recuo geral. Segundo o IBGE, a maior oferta de alimentos no período contribuiu para o alívio nos preços, o que também se refletiu nas refeições fora de casa, que desaceleraram de 0,50% em agosto para 0,11% em setembro.

Combustíveis voltam a subir e serviços desaceleram

O grupo Transportes teve variação leve de 0,01%, após queda em agosto. O movimento foi influenciado pela alta dos combustíveis (0,87%), com destaque para o etanol (2,25%) e a gasolina (0,75%). Já o seguro de veículos (-5,98%) e as passagens aéreas (-2,83%) apresentaram quedas, evitando uma alta maior no grupo.

Nos serviços, a inflação desacelerou para 0,13%, reflexo do comportamento mais estável da alimentação fora do domicílio e das passagens aéreas. Já os preços monitorados, controlados pelo governo, subiram 1,87%, mostrando o peso das tarifas de energia e combustíveis.

Inflação regional e perspectivas

Entre as capitais, São Luís registrou a maior alta do IPCA em setembro (1,02%), impulsionada pelo aumento de 27,30% na energia elétrica. Já Salvador teve a menor variação (0,17%), beneficiada pela queda nos preços de alimentos e seguros de veículos.

Com o resultado, o cenário mostra que, embora a inflação suba em setembro, parte desse avanço se deve a fatores pontuais, como o fim de benefícios temporários e reajustes em tarifas. Analistas esperam que os próximos meses tragam estabilidade, mas alertam que o custo da energia e dos combustíveis continuará sendo um ponto de atenção.

Tá, e aí?Thalita Silva

Para Thalita Silva, economista da EQI Asset, o IPCA-15 de setembro trouxe uma leitura melhor do que o esperado. “O índice veio em 0,48%, um número muito bom”, avaliou. Segundo ela, a equipe já esperava uma alta maior, principalmente por conta da devolução do bônus de Itaipu, que havia reduzido as contas de energia elétrica em agosto. “Nossa projeção era de 0,53%, então o resultado veio abaixo, surpreendendo positivamente em praticamente todas as categorias — especialmente em serviços, industrializados e até nos núcleos”, destacou.

Apesar do tom positivo, Thalita faz uma ressalva. “Embora o número seja bom, há alguma contaminação, principalmente por seguros de automóveis e pela parte de perfumes dentro dos industrializados, que são itens mais voláteis”, explicou. Ela avalia que essa melhora não deve ser interpretada como uma tendência. “Os serviços devem continuar pressionados nos próximos meses, especialmente devido à força do mercado de trabalho, que ainda se mantém bastante aquecido”, afirmou.

Mesmo com essas distorções pontuais, a economista considera o resultado favorável. “Ainda é um número bom, que deve ajudar o Banco Central em suas próximas decisões”, concluiu.

Ouça a análise na íntegra:

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