O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva, fez duras críticas ao aumento das alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), classificando a medida como “absurda” e “insensata”.
Em discurso durante um fórum da Fiesp sobre a escassez de mão de obra na indústria, Josué afirmou que a entidade não aceitará passivamente o reajuste e prometeu uma reação firme. Para ele, a alta do tributo agrava ainda mais o cenário para as empresas, já pressionadas pelos juros elevados.
Segundo Josué, o IOF — por ser, em suas palavras, um imposto “quase cumulativo” — penaliza especialmente setores com cadeias produtivas mais extensas. “Lutamos mais de 30 anos para eliminar tributos indiretos cumulativos, e agora elevam o IOF, que é justamente isso. Não tem justificativa, vamos lutar com veemência contra isso”, declarou em entrevista ao Estadão.
Medida sobre o IOF é chamada de “insensata”
Para o presidente da Fiesp, ainda há espaço para reversão do aumento. Ele acredita que o bom senso prevalecerá, já que, segundo ele, a cobrança “não tem cabimento”. As críticas ao IOF foram recebidas com aplausos pelo público presente no auditório da Fiesp.
Josué também aproveitou a ocasião para convocar a sociedade a se unir na defesa de uma queda nas taxas de juros. Ele comparou a necessidade dessa mobilização ao esforço coletivo que levou ao sucesso do Plano Real no combate à hiperinflação.
Além do IOF e dos juros, o líder da Fiesp voltou-se contra o que chamou de excessos paternalistas presentes nos poderes da República, especialmente na Justiça do Trabalho. Ele argumenta que esse comportamento acaba prejudicando o próprio trabalhador, que é tratado como incapaz. Josué destacou ainda uma tendência de trabalhadores optarem por atividades informais, mesmo com a possibilidade de emprego formal.
Uma pesquisa do Instituto Locomotiva, apresentada durante o evento, apontou que 58% dos entrevistados preferem empreender ou trabalhar por conta própria, contra apenas 11% que desejam atuar na indústria com carteira assinada. “O jovem está rejeitando a CLT, e isso mostra o quanto a distância entre Brasília e a realidade do país afeta negativamente o desenvolvimento nacional”, concluiu.
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