O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, afirmou que o governo está “muito próximo” de alcançar o equilíbrio fiscal este ano, cumprindo assim a meta de déficit zero nas contas públicas. A declaração foi dada em entrevista à jornalista Miriam Leitão no programa da “GloboNews”, transmitido na noite de quarta-feira (14).
Durigan reconheceu a existência de pressões decorrentes de algumas despesas obrigatórias, como os benefícios previdenciários, mas expressou confiança de que o governo conseguirá cumprir o novo arcabouço fiscal. No último relatório de avaliação de receitas e despesas do Orçamento, o governo estimou um déficit de R$ 28,8 bilhões para este ano, já considerando o contingenciamento de R$ 3,8 bilhões.
Em 2023, o governo central — composto pelo Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central — registrou um déficit primário de R$ 230,535 bilhões, o que representa 2,12% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse resultado foi influenciado pelo pagamento de R$ 92,4 bilhões em precatórios acumulados, valor que não foi contabilizado para o cumprimento da meta fiscal.
Na entrevista, Durigan também afirmou que o governo está abordando a questão da inflação por meio do controle fiscal e da reforma tributária. Na semana passada, o IBGE divulgou que o IPCA acumulado em 12 meses atingiu 4,50% em julho, no limite da meta de inflação. Durigan ressaltou que “estamos tratando da inflação controlando o fiscal e implementando a reforma tributária, com foco na cesta básica”.
Ele reconheceu que a valorização do câmbio pode gerar pressão inflacionária, mas destacou que essa é uma preocupação do governo. Entretanto, observou que a inflação durante o governo Lula 3 tem se mantido em torno de 4%, diferentemente de governos anteriores, quando ficou “acima de 5% ao ano”.
Quando questionado sobre um possível aumento da taxa de juros para conter a inflação, Durigan não respondeu diretamente, afirmando apenas que é papel do Banco Central buscar a meta contínua de inflação de 3% ou “tentar se aproximar dela”.
Dario Durigan: projeção do PIB deve ser revisada para cima
Ainda na entrevista, Durigan confirmou que o Ministério da Fazenda pode revisar para cima a projeção de crescimento do PIB, atualmente em 2,5% para este ano. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já havia antecipado essa possibilidade.
Durigan citou o crescimento de 1,7% do setor de serviços em junho e a recuperação mais rápida do que o esperado no Rio Grande do Sul como possíveis motivadores dessa revisão. “Acredito que podemos revisar essa previsão de crescimento do PIB para além de 2,5%, nos aproximando do resultado de 2023”, afirmou, sem especificar se essa revisão seria feita de forma antecipada ou em setembro.
Candidado à presidência da Vale
Durigan também negou ser o candidato do governo à presidência da Vale ($VALE3) durante a entrevista. “Não me considero candidato e muito menos candidato do governo”, disse ele. No entanto, ele confirmou que foi sondado por nomes do mercado para a vaga.
“É importante esclarecer, porque essas especulações surgem. Fui abordado pelo mercado sobre o assunto e sempre disse que me parecia complicado ser uma figura do governo e disputar a presidência da Vale”, explicou.
Quando questionado se aceitaria o cargo caso fosse indicado e aprovado pelo Conselho de Administração da Vale, Durigan respondeu que “precisaria discutir a questão” com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em julho, o conselho de administração da Vale recebeu uma lista da consultoria Russell Reynolds com 15 possíveis sucessores de Eduardo Bartolomeo como diretor-presidente, cujo mandato vai até dezembro deste ano.
Não havia, contudo, nenhum nome ligado ao governo na lista. Foi nesse contexto que o nome de Durigan começou a ser cogitado para a vaga. O governo do presidente Lula tem interesse em influenciar na escolha do próximo presidente da Vale, uma das principais empresas do país, que atua em áreas estratégicas.
A expectativa é que até o final de setembro o conselho defina a lista tríplice dos candidatos à presidência, que serão avaliados pelo colegiado. Um mês depois, o novo presidente da mineradora será escolhido.
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