A Super Quarta trouxe definições importantes de juros tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, redesenhando expectativas sobre inflação, crescimento e investimentos. E, para quem acompanha o mercado de fundos imobiliários (FIIs), os sinais foram relevantes, ainda que sem grandes surpresas.
Nos EUA, o Federal Reserve reduziu a taxa básica em 25 pontos-base, levando os juros para o intervalo de 3,50% a 3,75%. O corte já era amplamente esperado, mas o comunicado revelou uma postura mais cautelosa sobre os próximos passos.
A decisão do Fomc foi dividida: dois dirigentes defenderam manter os juros, enquanto Stephen Miran votou por um corte maior, de 50 pontos-base.
Além disso, o mapa de pontos do Fed indica que, para 2026 e 2027, a mediana das projeções aponta apenas um corte de 0,25 ponto percentual por ano, em um ritmo lento de afrouxamento monetário.
No Brasil, o Copom manteve a Selic em 15% ao ano pela quarta reunião seguida. Esse é o maior nível desde 2006. O Banco Central ajustou levemente sua projeção de inflação, reduzindo-a de 3,3% para 3,2%, mas evitou qualquer sinalização sobre o início dos cortes de juros.
A mensagem reforça que a estratégia de juros altos por um período “bastante prolongado” continua em vigor, alinhada ao que o presidente do BC, Gabriel Galípolo, já vinha defendendo.
Impactos para os fundos imobiliários: o que muda na prática?
Carolina Borges, Head e analista de FIIs da EQI Research, destaca que as decisões eram amplamente esperadas e já precificadas. Por isso, o que realmente importava era o tom dos comunicados, que afeta diretamente o juro longo, essencial para o desempenho dos fundos imobiliários.
Segundo a analista, o início do ciclo de queda da Selic, em janeiro ou março, não deve mudar a estratégia do investidor. Para ela, os fundos de papel continuam atrativos, pois oferecem proteção inflacionária e um carrego elevado em um cenário de juros ainda altos. Mesmo com cortes iniciais, a Selic permanecerá em níveis elevados por um bom tempo.
Já os fundos de tijolo começam a ganhar espaço. A EQI já ampliou a exposição a esses ativos, de olho em uma possível desaceleração do juro longo. A queda das taxas futuras tende a valorizar os ativos reais, como lajes corporativas, galpões logísticos e shoppings.
Carolina lembra, porém, que fatores domésticos, especialmente os ruídos políticos recentes, ainda podem pressionar a curva de juros e gerar volatilidade. A alta recente das taxas das NTN-B é um sinal disso.
E a estratégia daqui para frente?
Segundo a EQI Research, nada nas decisões do Fed ou do Copom muda a estratégia já em curso. A recomendação permanece:
- Manter uma base forte em fundos de papel, aproveitando o carrego elevado.
- Aumentar gradualmente a exposição a fundos de tijolo, visando a potencial queda dos juros longos.
- Evitar movimentos bruscos, já que a macroeconomia ainda carrega incertezas relevantes.
Para o investidor, o recado final é de equilíbrio. As decisões reforçam um ambiente em que os FIIs seguem sendo uma alternativa interessante para renda e diversificação — desde que a carteira seja montada com visão de médio e longo prazo.
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