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Fed revela cautela e apenas um corte em 2026 e outro em 2027; entenda o comunicado

Fed revela cautela e apenas um corte em 2026 e outro em 2027; entenda o comunicado

A decisão do colegiado, no entanto, foi dividida. Dois diretores votaram pela mauntenção dos juros e um votou por corte de 50 pontos-base

O Fomc, que é o comitê de política monetária do Federal Reserve, decidiu reduzir a taxa de juros dos EUA em 25 pontos-base, ou 0,25 ponto percentual (p.p.), para intervalo de 3,50% a 3,75%, em linha com as projeções do mercado. O comunicado indica que o Fomc está mais cauteloso sobre novos cortes adiante.

A decisão do colegiado, no entanto, foi dividida. Os diretores Austan D. Goolsbee and Jeffrey R. Schmid votaram pela manutenção da taxa de juros. Já Stephen Miran votou por um corte maior, de 50 pontos-base.

De acordo com o mapa de pontos do Fed, a mediana das projeções dos membros da autoridade monetária norte-americana para 2026 e 2027 apontam para apenas uma redução de 0,25 p.p. a cada ano.

Avaliações dos participantes do FOMC sobre a política monetária apropriada: ponto médio da faixa-alvo ou nível-alvo para a taxa de juros. Fonte: Fed

No documento, o colegiado informou que os indicadores disponíveis sugerem que a atividade econômica tem se expandido a um ritmo moderado e a criação de empregos desacelerou este ano, enquanto a taxa de desemprego subiu ligeiramente até setembro. Para o Fomc, indicadores mais recentes corroboram esses desenvolvimentos e a inflação aumentou desde o início do ano e permanece em patamares relativamente elevados.

“O Comitê busca alcançar o máximo emprego e uma inflação de 2% no longo prazo. A incerteza quanto às perspectivas econômicas permanece elevada e o colegiado está atento aos riscos para ambos os lados de seu duplo mandato e considera que os riscos de queda no emprego aumentaram nos últimos meses”, diz trecho da decisão.

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Por fim, o colegiado considera ainda que os saldos de reservas diminuíram para níveis suficientes e iniciará a compra de títulos do Tesouro de curto prazo, conforme necessário, para manter um suprimento amplo de reservas de forma contínua.

Fomc: veja as diferenças no comunicado com relação a outubro

Os comunicados mais recentes do Federal Reserve revelam mudanças na forma como o Comitê Federal de Mercado Aberto tem comunicado sua avaliação sobre a economia e os rumos da política monetária. Três pontos chamam a atenção: o ajuste no tom sobre o mercado de trabalho, a mudança na linguagem sobre a inflação e o aumento da divergência interna entre os dirigentes.

No primeiro aspecto, o comunicado de dezembro reforça uma leitura mais cautelosa sobre o mercado de trabalho. Embora ambos os textos mencionem o aumento dos riscos de queda no emprego, a atualização temporal e a ênfase em dados mais recentes indicam que o Fed reconhece uma desaceleração mais clara, especialmente com os números consolidados até setembro. A redação também sugere maior preocupação com sinais contínuos de arrefecimento na demanda por mão de obra.

O tom aplicado à inflação também mudou. Em outubro, o Fed descrevia a alta de preços como “um pouco elevada”, linguagem mais branda diante da continuidade da desinflação observada ao longo do ano. Já em dezembro, o comunicado afirma que a inflação segue em níveis “relativamente elevados”, uma escolha de palavras que aponta para maior prudência, mesmo em um contexto de cortes adicionais na taxa básica. A mudança busca equilibrar a necessidade de seguir afrouxando as condições financeiras com a preservação da credibilidade sobre o compromisso com a meta de 2%.

Por fim, a divisão interna do Comitê ficou mais evidente. O número de votos contrários aumentou de dois para três entre outubro e dezembro, e um dos dirigentes que havia apoiado o corte anteriormente passou a discordar da nova decisão. O movimento sinaliza que, à medida que o Fed se aproxima de um nível mais neutro de juros, cresce a divergência sobre o ritmo apropriado de flexibilização monetária. A ampliação das dissidências indica que o consenso começa a se reduzir, tornando o processo decisório mais sensível aos próximos indicadores econômicos.

Powell reforça cautela do Fed diante de cenário desafiador

O presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que a autoridade monetária está “bem posicionada para esperar e ver” os próximos dados do Fomc antes de decidir novos movimentos de política monetária, reforçando o tom de cautela adotado nas últimas reuniões. Segundo ele, os indicadores disponíveis mostram que as perspectivas para emprego e inflação “não mudaram muito” desde o último encontro do Comitê.

Powell destacou que a interrupção temporária da divulgação de dados econômicos — resultado do recente shutdown parcial do governo federal — limita a visibilidade sobre a evolução da atividade, mas não altera o diagnóstico central do Fed. “Os dados sugerem que tanto demissões quanto contratações permanecem em níveis baixos”, afirmou, ressaltando que o mercado de trabalho segue resiliente, embora menos aquecido do que em trimestres anteriores.

Do lado dos preços, Powell reconheceu que a inflação desacelerou de forma consistente, mas ainda está “um pouco elevada” em relação à meta de 2% ao ano. Esse quadro faz com que os riscos sigam “inclinados para cima” no caso da inflação e “para baixo” no caso do emprego — um ambiente que, segundo ele, reforça a necessidade de equilíbrio e prudência.

O presidente do Fed também afirmou que a taxa de juros encontra-se atualmente em uma “faixa neutra”, avaliação que indica ausência de viés imediato para aperto ou afrouxamento adicional. Paralelamente, o Comitê entende que os saldos de reservas no sistema financeiro já recuaram para níveis considerados suficientes.

Nesse contexto, o Fomc decidiu iniciar compras de Treasuries de curto prazo, especialmente T-Bills, como forma de garantir “um suprimento adequado de reservas ao longo do tempo”. A medida busca evitar tensões no mercado de financiamento de curto prazo e dar maior estabilidade ao sistema bancário.

Powell reforçou que o momento é “desafiador” e que “não há um caminho livre de riscos” para a política monetária. Ele reiterou que as decisões continuarão sendo orientadas pelos dados e que o Fed permanecerá vigilante diante de qualquer mudança significativa nas tendências de inflação e emprego.

Após o discurso do presidente do Federal Reserve, o economista-chefe da BGC Liquidez, Felipe Tavares, avalia que a autoridade monetária reforçou uma postura de prudência, sinalizando que as próximas decisões continuarão sendo tomadas “capítulo a capítulo”, de acordo com a evolução dos indicadores econômicos.

Segundo Tavares, o risco de uma desaceleração mais intensa do mercado de trabalho perdeu força nos últimos meses, ou ao menos diminuiu de forma relevante. “Esse temor aparentemente passou”, afirma. No entanto, ele destaca que o maior desafio do Fed agora é a inflação, que permanece em patamar elevado e acima da meta de 2%.

Diante desse quadro, a expectativa é de que o banco central americano siga adotando cautela e mantenha uma postura vigilante, analisando atentamente os dados antes de qualquer mudança na política monetária. Tavares também chama atenção para os efeitos do recente shutdown do governo dos Estados Unidos, que podem ter introduzido ruídos nos indicadores divulgados.

“As revisões dos próximos meses podem ser determinantes para as próximas decisões”, observa.

BTG vê divergência interna

O BTG Pactual havia declarado, em relatório divulgado antes da reunião, que o Fed entrou na reunião desta quarta-feira em meio a um ambiente de forte divergência interna e crescente incerteza sobre os próximos passos da política monetária.

Após semanas de mensagens desencontradas entre dirigentes, os mercados voltaram a precificar plenamente um corte de 25 pontos-base — que acabou se confirmado.

A sinalização mais recente veio do presidente do Fed de Nova York, John Williams, que reforçou apoio ao afrouxamento de curto prazo e reposicionou as expectativas para a decisão de dezembro. Williams, que tradicionalmente se alinha ao presidente Jerome Powell e ao vice Philip Jefferson, reacendeu a aposta por um corte que, dias antes, parecia improvável.

As atas da reunião de outubro revelaram um Comitê dividido. De um lado, dirigentes que enxergam a inflação mais próxima da meta do que sugerem os índices recentes, atribuindo pressões de preços a tarifas e destacando sinais de desaceleração no mercado de trabalho. Para esse grupo, a aproximação do juro neutro justificaria uma redução gradual dos estímulos.

Do outro, membros mais cautelosos alertam para a persistência da inflação subjacente — especialmente em serviços — e defendem que o Fed aguarde dados mais robustos antes de seguir cortando juros. Para eles, a política monetária ainda não é suficientemente restritiva, e um novo corte poderia ser interpretado como precipitado.

A incerteza se intensificou ao longo de novembro. A probabilidade de corte, que chegara a 81% após a reunião de setembro, caiu para 30% após declarações mais duras de dirigentes. O movimento só se reverteu quando Williams sinalizou apoio ao afrouxamento, devolvendo volatilidade aos mercados e reacendendo apostas de flexibilização.

Com a aproximação do juro neutro e mudanças na composição do Fomc previstas para 2026, o cenário aponta que a divergência pode se tornar o “novo normal” na condução da política monetária norte-americana.

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