Fernando Haddad foi anunciado para ser o próximo ministro da Fazenda pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. O nome preocupava parte do mercado financeiro por entender que o ex-ministro da Educação tende a ser orientado por uma política de maiores gastos públicos.
Para Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, o nome não causa surpresa alguma e impacta pouco a bolsa nesta sexta-feira (9), já era amplamente esperado. “Importante será monitorar quais os nomes técnicos que irão compor a equipe”, afirma.
Confira, a seguir, quem é Fernando Haddad.
Quem é Fernando Haddad?
Dentro da cúpula diretiva do PT, Haddad é conhecido por ser o “mais tucano entre os petistas” pelo seu perfil mais intelectualizado, que se aproximaria dos políticos do PSDB. Inclusive, este retrato do ex-prefeito foi avaliado por Lula para amortecer o antipetismo e conquistar os votos da classe média por ele ser “bonitinho, são paulino e uspiano”.
Essas características sinalizam que o futuro ministro da Fazenda tem um perfil mais aberto ao diálogo e conciliador. Durante uma reunião com o ministro da Economia, Paulo Guedes, Haddad destacou que a conversa com o seu rival foi “excelente e muito cordial”.
“Sou filho do casamento de um comerciante libanês com uma normalista. Aprendi em casa a negociar e conversar, e tenho um temperamento em geral tranquilo, mesmo nas situações mais adversas. As pessoas confundem isso com frieza, mas não é”, escreveu o ex-prefeito de São Paulo na revista Piauí.
Fã de Paul McCartney, o petista já foi visto tocando guitarra em eventos, durante as agendas que participava como ministro e prefeito. Este perfil transparece uma imagem mais cool para a juventude.
Curiosamente, Fernando Haddad nasceu no dia 25 de janeiro de 1963, mesmo dia do aniversário da cidade de São Paulo, cujo município foi prefeito entre os anos de 2013 e 2016.
Seu pai, Khalil Haddad, emigrou do Líbano para o Brasil em 1947, e trabalhou como comerciante atacadista do setor têxtil. Sua mãe, Norma Thereza Goussain Haddad, era filha de libaneses.
Haddad cresceu no bairro de classe média alta do Planalto Paulista, na região centro-sul da capital paulista e próximo do bairro de Moema. Na infância e adolescência, ele se destacou nas atividades esportivas, sendo faixa preta em tae kwon do e praticou kung fu. Além disso, Haddad foi vice-artilheiro do Campeonato Paulista de Handebol jogando no Esporte Clube Sírio, em 1977 e 1978.
Com apenas 18 anos, Fernando Haddad ingressou em uma das universidades públicas mais concorridas do Brasil, o curso de Direito da Universidade de São Paulo (USP) no Largo São Francisco, em 1981. Sete anos depois, ele se casou com a dentista paulistana Ana Estela Haddad, com quem teve dois filhos, Frederico e Ana Carolina.
Foi durante a faculdade que o “bichinho” da política picou Haddad. Em 1984, ele se tornou presidente do tradicional Centro Acadêmico XI de Agosto, durante a onda de protestos das Diretas Já. Pouco tempo depois de formado, Fernando Haddad entrou no recém fundado Partidos dos Trabalhadores (PT).
Quem é Fernando Haddad: trajetória profissional
Após concluir a faculdade de Direito na USP e ter sido aprovado no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em 1986, Haddad inicia o seu mestrado na Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da USP (FEA-USP). Durante o mestrado, ele foi para a Universidade McGill, em Montreal, no Canadá, em 1989, como aluno visitante e finalizou a sua tese em 1990.
Apesar de Haddad defender os ideais de esquerda, ele foi crítico do socialismo real. No mestrado, ele atacou o modelo soviético ao dizer que o seu regime era “despótico”, não tinha “nenhum traço libertário” e, portanto, “iria se desdobrar em uma economia capitalista tradicional”. Com isso, nomes próximos de Haddad do PT afirmam que ele tem um perfil considerado heterodoxo e não dogmático.
A especialização em Economia o fez trabalhar na área de incorporação e da construção civil, ao lado do seu cunhado, o engenheiro Paulo Nazar. Em 1988, Fernando Haddad trabalhou como analista de investimentos do Unibanco. Dez anos mais tarde, ele atuou como consultor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), na qual ajudou a criar a Tabela Fipe – principal índice para verificação de preços de automóveis no país.
Entre os anos de 1991 e 1996, ele fez doutorado em Filosofia na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH-USP). Um ano depois da conclusão do doutorado, Haddad foi aprovado no concurso público para ser professor do Departamento de Ciência Política (DCP-USP), vinculado a FFLCH-USP.
Quem é Fernando Haddad: vida política
Haddad entrou na vida pública durante a gestão de Marta Suplicy na prefeitura de São Paulo, onde atuou como chefe de gabinete da Secretaria de Finanças e Desenvolvimento Econômico, então sob comando de João Sayad entre os anos de 2001 e 2003. Ele chegou a ocupar a função de secretário de forma interina.
Em 2003, Fernando Haddad foi trabalhar no governo federal, durante o primeiro mandato de Lula (2003-2006), como assessor especial do Ministério do Orçamento, Planejamento e Gestão, então dirigido por Guido Mantega. Ele era responsável por implementar projetos para viabilizar as parcerias público-privadas (PPPs)
Um ano depois, Haddad foi para o Ministério da Educação (MEC), como secretário-executivo do então chefe da pasta, Tarso Genro. O professor da USP participou do grupo encarregado que planejou o Programa Universidade para Todos (ProUni).
No auge da crise do mensalão, Tarso Genro saiu do MEC dando o lugar para Fernando Haddad. Na sua gestão, o ProUni se consolidou, ampliando a oferta de vagas no ensino superior. Além disso, ele implementou o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) e criou o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
Outros projetos de destaque da gestão Haddad no MEC foi a criação do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies), o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), por meio do qual estudantes de escolas públicas podem usar suas notas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para ingressar no ensino superior.
A popularidade de Haddad como ministro da Educação foi tão grande que ficou até meados do primeiro mandato da então presidente Dilma Rousseff, quando ele saiu no final de 2011.
Como foi destacado no início deste artigo, o perfil mais conciliador de Haddad, sendo “o mais tucano dos petistas”, foi um fator estratégico para o PT tentar conquistar, de novo, a maior prefeitura do Brasil, a cidade de São Paulo. A escolha de Haddad para ser candidato foi do próprio Lula e até provocou uma crise com a ex-prefeita Marta Suplicy, que chegou a sair do PT.
Com uma gestão de Gilberto Kassab desgastada e saída antecipada de José Serra em 2006 para disputar o governo de São Paulo, que causou um desconforto no eleitorado paulistano em 2012, Haddad foi eleito prefeito no 2º turno com 55,57% dos votos válidos.
Na sua gestão, Haddad priorizou a mobilidade urbana dando preferência para transporte público e coletivo em detrimento do transporte individual motorizado. Este movimento fez o ex-ministro da Educação perder popularidade em pouco tempo.
O governo Haddad fez novos corredores de ônibus, ciclovias e ciclofaixas, além de reduzir o limite de velocidade em ruas e avenidas de toda a cidade. Ele ainda sancionou um novo Plano Diretor para São Paulo e renegociou a dívida da administração municipal com a União.
Ainda que tenha recebido diversos prêmios internacionais nas áreas de mobilidade urbana e inovação, os críticos do então prefeito afirmavam que ele privilegiava os bairros do centro expandido, mais bem servidos com ciclovias e espaços culturais, por exemplo.
Além disso, as “Jornadas de Junho”, em 2013, desgastaram com muita força a imagem do PT. Consequentemente, a gestão Haddad sofreu muito com isso. Nas eleições de 2016, Fernando Haddad até se candidatou, mas João Doria (PSDB) venceu o pleito ainda no primeiro turno.
Mesmo com a derrota dolorosa para o PSDB de Doria, Lula ainda acreditava em Haddad. Após a prisão do principal líder do PT, na operação Lava Jato, o ex-prefeito foi candidato à presidência em 2018, um mês antes das eleições.
No primeiro turno, Haddad ganhou 31 milhões de votos (29,2%) e ainda conseguiu evitar a vitória de Jair Bolsonaro (46%) no primeiro turno. No segundo turno, porém, o petista foi derrotado: Bolsonaro teve mais de 55% dos votos, ante quase 45% do candidato do PT.
Em 2022, Haddad foi o candidato do PT ao governo do estado de São Paulo. Embora tenha liderado as pesquisas eleitorais durante boa parte da campanha, Tarcísio de Freitas (Republicanos) venceu o petista no segundo turno das eleições.
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