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Small Caps: vale a pena investir agora?

Small Caps: vale a pena investir agora?

DeepSeek, Liberation Day, crise do PIX, escândalo do INSS, Israel x Irã, guerra comercial…  

Que semestre. 

Mesmo assim, em meio a todas as turbulências, a Bolsa brasileira voltou a chamar a atenção.  

No ano, o Ibovespa acumula alta de 15%, com as “pequenas” Small Caps entregando retorno superior a 28%. 

E sigo acreditando que há espaço para muito mais.

A Bolsa segue barata, com o Ibovespa superando novas máximas – negociando a múltiplos deprimidos para padrões históricos. O índice é precificado a cerca de 8 vezes o lucro para 2026, enquanto a média histórica gira acima de 10 vezes. 

Existe espaço razoável para que o mercado reprecifique muitos negócios listados nos próximos anos. É natural subestimarmos as empresas em cenários de aperto monetário prolongado, do mesmo jeito que as superestimamos em fim de ciclo de alívio. 

Com isso em mente, estou otimista de que investir em ações de empresas menores pode entregar belos retornos nos próximos dois anos.  

Isso faz sentido na leitura de que empresas menores operam com um custo de capital mais elevado e, muitas delas, sofrem mais em um cenário de aperto monetário, sob o peso do custo da dívida, de um menor ritmo de crescimento e de consolidações pelas empresas maiores. 

À medida que o pico de juros parece cada vez mais próximo, com muitas empresas oferecendo balanços robustos, tudo me leva a crer que as Small Caps podem ser uma belíssima forma de se expor a um Bull Market brasileiro que parece estar se desenvolvendo. 

O gráfico compara o desempenho acumulado do Ibovespa em relação às Small Caps ao longo do tempo, em conjunto com os níveis da taxa SELIC e seus desvios padrão. Ele destaca momentos de forte e fraco desempenho relativo do Ibovespa em comparação com as Small Caps

Note, no canto direito do gráfico acima, que a relação Small Caps vs. Blue Chips parece dar sinais de ter formado um pico, com as maiores empresas da Bolsa performando melhor desde 2020. 

Mais do que isso: quando analisamos a relação entre o valor de mercado e o lucro das empresas do índice, percebemos que as “pequenas” negociam com um desconto de 28% ante a sua média histórica desde 2009.  

Isso só vem a reforçar a percepção de margem de segurança para investirmos agora. 

O gráfico exibe o "Múltiplo Preço / Lucro Índice Small Caps da B3" de junho de 2009 a junho de 2025. A linha laranja clara representa o P/L das Small Caps, mostrando sua variação ao longo do tempo. A linha preta sólida indica a média histórica do P/L, enquanto as linhas pontilhadas superior e inferior representam o desvio padrão acima e abaixo da média, respectivamente. O gráfico revela picos de P/L em meados de 2016 e 2020, e uma tendência de queda ou estabilização em patamares mais baixos após 2021.

Além disso, rodando os mesmos modelo e parâmetros que usamos para estimar o Ibovespa em 170 mil pontos em 2026, neste caso para estimar o valor do índice de Small Caps, chegamos à leitura de que as smalls oferecem um potencial de retorno equivalente a 20% ao ano até o final de 2026.  

Os mais astutos podem levantar a pergunta: mas dado que o Ibovespa poderia se valorizar o equivalente a 15% ao ano até o ano que vem, será que esse risco de comprar empresas menores compensa? 

Se considerarmos que a média histórica da volatilidade do Ibovespa gira em torno de 22% ao ano e das smalls em 25% ao ano, notamos mais um ponto de reforço para a tese, com um excesso de retorno ajustado ao risco para as menores. 

E isso apesar de entendermos que não existem maiores discrepâncias, como as que existiam no final do ano passado.  

Ok, Paletta, estou convencido. Mas qual é a melhor forma de se expor às Small Caps? 

Como investir em Small Caps?

Uma forma de se expor é escolhendo ações individuais, com capitalizações mais baixas. No entanto, desaconselho você a fazer isso sozinho, sem a assistência de analistas profissionais. Dentro do EQI+, por exemplo, você já tem à disposição sem custo uma seleção de Small Caps feita por especialistas certificados. 

Outra forma inteligente é através dos ETFs, que basicamente são fundos listados na Bolsa (para você, investidor, é como comprar uma ação no homebroker) que expõem a uma cesta de ativos, normalmente índices de referência, como o próprio índice de Small Caps da B3. 

O gráfico detalha o "Múltiplo Preço / Lucro Índice Small Caps da B3" de jun-09 a jun-25. A linha laranja mostra o P/L flutuando ao longo do tempo, enquanto a linha preta sólida indica a média histórica. As linhas pontilhadas representam o desvio padrão. O gráfico evidencia picos notáveis de P/L em 2016 e 2020.

Para fazer parte do índice (usando o da B3 como referência), a ação precisa: (i) estar fora do grupo de 85% das empresas de maior valor de mercado da B3; e (ii) ser líquida e presente em no mínimo 95% dos pregões. Além disso, não pode negociar abaixo de R$ 1 ou estar envolvida em situações especiais, como recuperação judicial

Com base nesses critérios, a cada quatro meses a B3 reavalia a sua composição, adicionando ou removendo ações, bem como ajustando seu peso de acordo com o valor de mercado das empresas. 

Isso posto, perceba abaixo como mudou, nos últimos 15 anos, o nível de concentração setorial do índice, assim como as empresas pertencentes em cada momento (infográfico anterior). 

A tabela "Distribuição setorial do Índice Small Caps" mostra a participação percentual de diferentes setores no índice em 2010, 2015, 2020 e 2025. Setores como Consumo Discricionário, Industriais, Consumo Básico e Energia apresentaram mudanças significativas em sua representatividade ao longo do tempo, evidenciando a evolução da composição do índice.

Essa alteração é mais do que natural, pois muitas empresas se valorizam, passam a girar mais e, naturalmente, recebem um upgrade para índices de empresas maiores, como o próprio Ibovespa. Enquanto isso, outras morrem no meio do caminho.  

Ou seja, investir em $SMAL11 em 2025 não é a mesma coisa do que investir em SMAL11 no passado. 

O índice possuía uma forte presença do setor financeiro, de utilidade pública e varejo em 2010. Hoje, está mais diversificado e pulverizado entre diversos setores, contando, inclusive, com quase o dobro de empresas. 

Essa informação é muito relevante, pois como bem sabemos, as empresas de menor tamanho têm potencial de alavancar movimentos, para o bem ou para o mal. Portanto, é importante olharmos para a sua carteira e tentarmos entender se ela casa com a nossa leitura de cenário.  

A tabela apresenta indicadores financeiros para os anos de 2015, 2020 e 2025. Inclui Margem Bruta, Margem EBITDA e Margem de Lucro, além de FCF Yield, ROE 12Me e Dividend Yield. Também são mostrados índices de alavancagem como Dívida total/Ativo total e Dívida líquida/EBITDA, permitindo comparar a performance e endividamento ao longo desses anos.

Outra forma importante de observar se estamos em um momento favorável é analisar os indicadores financeiros das empresas que faziam parte do índice em cada momento ao longo do tempo, ponderando pelo seu peso de referência.  

Comparando imediatamente 2015 com 2025, que se assemelham em muitos sentidos, é possível perceber um índice saudável, com empresas oferecendo boa margem de lucro, mesmo diante dos juros elevados.  

Mais do que isso: temos empresas menos alavancadas, oferecendo retornos em termos de fluxo de caixa superiores às janelas selecionadas.  

Isso traz um conforto ainda maior para buscar essa exposição às Small Caps, pois aumenta a nossa margem de segurança caso o segundo semestre dobre a aposta em termos de riscos não mapeados. 

E qual o melhor ETF listado?

A tabela compara três ETFs listados no Brasil: SMAL11 (BlackRock), SMAC11 (Itaú) e SCVB11 (Investo). Para cada um, são detalhados a gestora, o benchmark (Índice BM&FBOVESPA Small Cap ou MarketVector Brazil Small-Cap Value), o Patrimônio Líquido, a Liquidez Diária (3 Meses), a Taxa de Administração Anual e o Limite Máximo para Empréstimo de Ativos (percentual do PL e da Ação).

De forma prática, acredito que valha mais a pena investir no SMAL11, o mais longevo dos ETFs, com maior patrimônio, maior liquidez e custo relativamente baixo. 

Investidores mais atentos podem até questionar o menor espaço para a gestora rentabilizar a carteira com o empréstimo de ações vs. outros ETFs listados, e este é um fator importante para avaliar o potencial de retorno de um ETF no longo prazo. 

No entanto, entendo que este potencial é baixo para alocações de prazo menores do que 5-10 anos, o que se aplica à grande maioria dos investidores.  

Além do mais, considerando que os ciclos de empresas menores se materializam de maneira bastante rápida, quando casos mais agressivos passam a ganhar peso no índice e descaracterizam a tese, não acredito que essa preocupação seja razoável, pelo baixo excesso de retorno que se forma ao longo de décadas. 

Outro fator que considero fundamental é a liquidez.  

Como gosto de usar ETFs como um veículo importante para surfar movimentos macro, a possibilidade de comprar e vender rapidamente, em grandes volumes, evita o acúmulo de decisões. 

A escolha agora é sua

Entre investir em SMAL11 ou investir diretamente na carteira de Small Caps recomendada dentro do EQI+. 

Grande abraço, 

Felipe Paletta, analista CNPI da EQI Research.