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História da Oi: como a empresa foi de supertele à falência

História da Oi: como a empresa foi de supertele à falência

Nesta semana, a Justiça do Rio de Janeiro decretou a falência da Oi, atendendo a um pedido da administração judicial. Conheça a histórida da empresa

Nesta semana, a Justiça do Rio de Janeiro decretou a falência da Oi, atendendo a um pedido da administração judicial. A decisão, assinada pela juíza Simone Gastesi Chevrand, da 7ª Vara Empresarial da Comarca da Capital, atingiu o Grupo Oi como um todo — incluindo a Oi S.A., a Portugal Telecom International Finance (PTIF) e a Oi Brasil Holdings Coöperatief U.A. Em seu auge, a empresa chegou a ter cerca de 50 milhões de clientes em todo o país. Mas, na história da Oi, como a companhia foi de “supertele” à decretação da falência?

Após dois processos de recuperação judicial — o primeiro iniciado em 2016 —, o gestor judicial Bruno Rezende havia apontado a possível caracterização de insolvência, em razão da incapacidade da companhia de honrar integralmente seu passivo extraconcursal e de cumprir o plano de recuperação proposto.

Dessa forma, deixa de existir uma companhia que já foi considerada uma gigante das telecomunicações, presente em grande parte do território nacional — sendo a única operadora em mais de 7 mil localidades do país — e ainda responsável por prover a comunicação de serviços essenciais do governo, como os telefones das polícias estaduais e dos corpos de bombeiros, que funcionam por meio de números de três dígitos.

História da Oi: a origem da supertele

Durante décadas, o nome Oi — antes Telemar — esteve profundamente ligado à história das telecomunicações no Brasil. Nascida no processo de privatização do Sistema Telebrás, em 1998, a companhia tornou-se símbolo de um período de expansão tecnológica, concorrência acirrada e transformação digital no país.

A trajetória começou com a criação da Tele Norte Leste Participações S.A. (TNL), uma das doze empresas resultantes da privatização promovida pelo Ministério das Comunicações durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). O consórcio vencedor, liderado pela Andrade Gutierrez, adquiriu a companhia por R$ 3,4 bilhões, marcando o início de uma nova fase do setor.

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Em abril de 1999, a empresa adotou o nome comercial Telemar, junção das palavras “TELE”, de telefonia, e “MAR”, referência ao litoral onde iniciou suas operações — abrangendo o norte, nordeste e sudeste do Brasil. Em pouco tempo, a Telemar consolidou-se como uma das principais operadoras de telefonia fixa do país, com concessões em 25 estados e no Distrito Federal.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que havia financiado parte da compra, converteu suas debêntures em ações, tornando-se um dos principais acionistas da companhia, com 25% do capital ordinário.

Cartão de telefone de orelhão da antiga Telemar.

Expansão e surgimento da marca Oi

Nos anos 2000, a Telemar passou a usar a marca Oi, com uma estratégia voltada à modernização da imagem e à conquista de novos públicos, especialmente entre os jovens. A criação da marca foi feita, em 2002, pela empresa de publicidade Wolf Ollins, com o objetivo de dar um nome ao serviço de telefonia móvel da então Telemar.

Em 2007, a Telemar apresentou aos seus controladores uma proposta de reestruturação que incluía a abertura de capital na bolsa de valores e a unificação de todos os serviços da empresa sob o nome Oi. Para isso, foi criada a Oi Participações, responsável pela emissão das ações da companhia. Os papéis foram lançados no segmento Novo Mercado da então Bovespa – Bolsa de Valores de São Paulo. As ações também foram listadas nos Estados Unidos, na Bolsa de Nova York.

A Oi foi pioneira em campanhas publicitárias inovadoras e em oferecer serviços integrados de telefonia fixa, móvel e internet, buscando, por meio da marca, demonstrar a simplicidade e a eficiência de seus serviços.

Mais do que uma operadora, a empresa buscou construir um ecossistema de inovação e impacto social. Criou o Instituto Oi Futuro, voltado para projetos nas áreas de educação, cultura e tecnologia, com o objetivo de aproximar a comunicação digital das comunidades brasileiras.

Com presença em praticamente todo o território nacional, a Oi chegou a figurar entre as maiores companhias de telecomunicações da América do Sul, rivalizando com gigantes como a Vivo, pertencente ao grupo Telefónica, e a Claro, ligada ao grupo mexicano América Móvil, do bilionário Carlos Slim.

Em 2013, a Oi anunciou sua fusão com a Portugal Telecom, dona da operadora Brasil Telecom, numa tentativa de internacionalização e fortalecimento financeiro. No entanto, o movimento, que prometia a criação de uma supertele, não trouxe os resultados esperados e, ao contrário, representou o início da decadência da empresa. Dois anos depois, os ativos portugueses foram vendidos à holandesa Altice, marcando o começo de uma longa crise.

Logotipo da Oi em uma tela de celular
Marca Oi, que unificou os serviços da então Telemar, a partir de 2007. Foto: Adobe Stock

A decadência: recuperação judicial e venda até de sucata

Após a fusão com a Portugal Telecom, veio a decadência do grupo. Com dívidas bilionárias e perda de competitividade, a Oi entrou em recuperação judicial — uma das maiores da história do Brasil — declarando cerca de R$ 65 bilhões em dívidas.

Em 2020, a companhia decidiu focar sua atuação no serviço de internet em banda larga e vendeu sua telefonia móvel ao consórcio formado por Vivo, TIM e Claro, que comprou os ativos móveis por R$ 16,5 bilhões.

Porém, sete anos após o primeiro processo de recuperação, veio o segundo, desta vez declarando dívidas de aproximadamente R$ 44 bilhões. Nessa nova fase, ocorreu a venda do serviço de fibra.

Em 2023, a Oi firmou um acordo com a V.Tal, nova controladora do serviço de fibra, que consistiu na venda de cabos de cobre desativados e até mesmo de sucata, listados no processo como “inservíveis”. Dessa forma, a empresa conseguiu abater sua dívida em até 72% do total, correspondendo a cerca de R$ 3,6 bilhões.

O legado da Oi

Agora, os acionistas da Oi precisam enfrentar a dura realidade de verem suas ações reduzidas a pó com a decretação da falência da companhia. Isso ocorre porque, em um processo de falência, os acionistas são enquadrados como investidores residuais e ficam no fim da fila para receber algum valor, já que a preferência vai para funcionários, governo, fornecedores e outros credores. Assim, os investidores acabam arcando com o prejuízo.

O colapso da Oi simboliza o esgotamento de um modelo de negócios que, por anos, sustentou o setor de telecomunicações brasileiro. A história da Oi, empresa que nasceu com o propósito de conectar o país de norte a sul, acabou se tornando um retrato das dificuldades estruturais que ainda marcam o mercado de tecnologia e infraestrutura no Brasil.

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