O BTG Pactual (BPAC11) reiterou a recomendação neutra para as ações da Braskem (BRKM5), fixando preço-alvo de R$ 11 por papel. Na sessão anterior, os ativos encerraram a R$ 6,86, em queda de 2,28%, refletindo o crescente pessimismo em torno da companhia.
Um dos pontos que chamou atenção foi a recente decisão da Braskem de contratar assessores financeiros e jurídicos. Embora a medida tenha sido classificada como necessária “independentemente dos desdobramentos acionários”, o BTG entende que esse movimento adiciona uma camada extra de preocupação.
Para os analistas, a contratação reforça a percepção de que soluções alternativas para o endividamento – como conversão de dívida em capital, instrumentos conversíveis ou novos empréstimos com garantias – não podem ser descartadas.
Braskem (BRKM5): cenário de conversão de dívida em ações
O BTG simulou um cenário hipotético de conversão de dívida em capital da BRKM5, sem cortes (“haircuts”). Nele, 25% da dívida da Braskem, equivalente a cerca de US$ 1,7 bilhão, seriam transformados em ações. Para evitar diluição e manter até 49% de participação – limite que impede a consolidação integral da Braskem –, a Petrobras teria de aportar o mesmo valor adicional, de US$ 1,7 bilhão.
Essa operação reduziria a alavancagem da Braskem para 2,6 vezes a relação Dívida Líquida/EBITDA em 2026, criando espaço para ganhos futuros caso os spreads petroquímicos melhorem. No entanto, os impactos sobre a Petrobras seriam relevantes: além da necessidade de contínuos aportes a cada conversão, haveria redução estimada de 0,8 ponto percentual no rendimento de dividendos, para 8,2%.
Vencimentos de dívida e liquidez sob pressão
Outro ponto de atenção destacado pelo BTG é o vencimento relevante de dívidas em 2028. Embora os credores possam, em teoria, esperar até lá, o enfraquecimento do perfil financeiro da Braskem aumenta o risco de que a empresa chegue a esse prazo em condições mais frágeis.
Nesse sentido, a renegociação do RCF (Revolving Credit Facility) é vista como um passo crucial para preservar a liquidez de curto prazo. Contudo, a tarefa não deve ser simples, em função da série de rebaixamentos de classificação de risco que a empresa sofreu nos últimos anos.
Para o BTG, a trajetória de recuperação sustentável da Braskem é possível, mas está carregada de incertezas. Além dos sinais mistos em processos anteriores de desinvestimento – como os ativos nos Estados Unidos –, o risco de diluição dos atuais acionistas é hoje um fator central no horizonte de análise.
“Com alternativas cada vez mais limitadas e pressões financeiras crescentes, a tese de investimento em Braskem se tornou cada vez mais difícil”, concluem o relatório.
As ações BRKM5 figuraram entre as maiores baixas do Ibovespa nesta segunda, chegando a liderar as perdas durante boa parte da sessão. O movimento veio após a Fitch Ratings e a S&P Global cortarem as notas de crédito da petroquímica antes da abertura do mercado.
Em seus relatórios, as duas agências destacaram as condições adversas enfrentadas pelo setor e os riscos crescentes relacionados ao crédito e à liquidez da companhia. A Fitch ressaltou que a recente decisão da Braskem de contratar assessores financeiros para avaliar alternativas de capital evidencia a pressão sobre seu perfil financeiro.
Já a S&P avaliou que há “grande probabilidade” de que a empresa precise reestruturar sua dívida nos próximos seis meses, o que aumentou a percepção de risco entre investidores.
Por volta das 14h30, os papéis recuavam 2,14%, cotados a R$ 6,87, em linha com a reação negativa do mercado aos rebaixamentos.
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