O BTG Pactual (BPAC11) alterou a recomendação das ações da Vale (VALE3) de ‘compra’ para ‘neutro’, estabelecendo um preço-alvo de R$ 77, em comparação aos R$ 96 do relatório anterior da equipe de research do banco de investimentos.
O BTG aproveitou a oportunidade para ajustar suas premissas, incorporando um preço do minério de ferro para 2024 ligeiramente reduzido, de US$ 115 por tonelada, em vez dos US$ 120 anteriores, e um preço do níquel diminuído para US$ 7,9 por libra, anteriormente US$ 8,5 por libra.
“Reduzimos nosso EBITDA em 10%, para US$ 18 bilhões, o que está um pouco abaixo do consenso do mercado. Atualmente, vemos a ação negociando a 4,3 vezes o EV/EBITDA de 2024 e gerando um rendimento de fluxo de caixa de apenas 9%. Ainda consideramos possível um rendimento de dividendos de 10%, mas agora com menor visibilidade, levando em conta a necessidade de provisões mais elevadas“, informa o relatório.
Vale: mea culpa do BTG
Após anos de apoio à Vale, o BTG admite que a tese de investimento para a mineradora se deteriorou. A persistência de ruídos e a desconexão entre o desempenho das ações e os fundamentos sólidos apresentados no quarto trimestre de 2023 (4TRI23) levaram a uma redução na confiança do banco na tese de investimento.
As ações, embora ainda consideradas subvalorizadas, são agora vistas como uma possível armadilha de valor, levando o BTG a adotar uma postura mais cautelosa.
Motivos do rebaixamento
Segundo o BTG, a Vale tem sido assolada por ruídos intensos, exacerbados pelas recentes discussões sobre a seleção do próximo CEO. Além disso, a situação da Samarco/Renova também se deteriorou, com a Vale reconhecendo novas provisões que podem ser substancialmente maiores do que o previsto.
As interrupções operacionais no Pará e a divisão entre os membros do conselho sobre a direção futura da empresa adicionam ao clima de incerteza.
“Em nossa opinião, os riscos do lado micro aumentaram recentemente, pressionando a geração de fluxo de caixa e o potencial de dividendos da empresa – levando-nos a acreditar que esses riscos não foram totalmente precificados pelo mercado”, explicam os analistas do BTG.
Discussão sobre valuation: barato o suficiente?
O rebaixamento pelo BTG ocorre em um momento em que as ações da Vale estão em baixa histórica, e a empresa enfrenta vendas anormais por fundos estrangeiros.
O BTG relata que a administração da Vale optou por preservar o caixa em vez de anunciar dividendos extraordinários, refletindo a cautela diante do cenário atual. Com a Vale negociando a aproximadamente 4,3 vezes o EBITDA de 2024, há um desconto em relação aos pares australianos, mas o BTG sugere que existem oportunidades com melhor valor e geração de caixa no setor de mineração global.
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Onde o BTG pode estar errado?
O BTG admitiu que pode estar errado em algumas análises sobre a Vale. No relatório, os analistas destacam que apesar dos fortes resultados do 4TRI23, as ações da Vale permaneceram indiferentes, levantando questões sobre possíveis catalisadores que poderiam alinhar o valor das ações com seu valor justo.
O banco de investimentos reconhece que estímulos significativos por parte dos formuladores de políticas chinesas poderiam alterar o cenário, embora tal desenvolvimento pareça improvável no momento.
Além disso, a escolha do próximo CEO e uma resolução rápida para as negociações da Samarco são vistas como potenciais fatores positivos, mas com baixa visibilidade e previsibilidade.
BTG destaca que o minério de ferro não foi culpado
Contrariando as expectativas, o minério de ferro não foi o responsável pelo desempenho insatisfatório da Vale.
A visão construtiva do BTG sobre o minério de ferro se manteve correta, com a previsão de um déficit no mercado transoceânico e uma produção de aço estável na China.
Os custos marginais de produção sugerem um preço de incentivo na indústria em torno de US\$ 105/t, baseado nos parâmetros de Simandou, com um Capex/t superior a US\$ 200/t.
Tese de segmentação está mais distante
A tese de investimento da Vale, que se baseia em uma vantagem competitiva devido à qualidade superior de seu minério, enfrenta desafios devido ao excesso de capacidade e pressão sobre a rentabilidade na indústria siderúrgica chinesa.
Com as fábricas operando com margens baixas, a demanda por prêmios de qualidade diminuiu, e os prêmios de Carajás estão atualmente em torno de apenas US\$ 10/t.
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