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Aporte na Cosan divide mercado, mas analista da EQI Research vê avanço no longo prazo

Aporte na Cosan divide mercado, mas analista da EQI Research vê avanço no longo prazo

A Cosan (CSAN3) anunciou nesta semana uma injeção de R$ 10 bilhões em seu capital, em operação liderada pelo BTG Pactual (BPAC11) e pela gestora Perfin, com participação do controlador Rubens Ometto. O anúncio provocou forte reação no mercado, com queda superior a 20% nas ações da holding no pregão da segunda-feira (22). Ainda assim, para Felipe Paletta, analista da EQI Research, o movimento deve ser visto como positivo no horizonte de longo prazo. Nesta terça-feira (23), entretanto, os papéis já têm uma recuperação de 3%, sendo cotados a aproximadamente R$ 6,35.

“O curto prazo é negativo para os acionistas minoritários, porque haverá uma diluição relevante e o preço da oferta, a R$ 5 por ação, está bem abaixo da cotação de tela. Mas, olhando para frente, considero essa operação excepcional, porque reduz o risco financeiro da holding e traz sócios estratégicos de peso, como o BTG”, afirmou Paletta em análise divulgada nesta semana.

O aumento de capital será dividido em duas etapas. Na primeira, BTG, Perfim e Ometto aportarão R$ 7,25 bilhões, a um preço fixo de R$ 5 por ação. Essa tranche também prevê um “hot issue” de até R$ 1,8 bilhão, aberto aos atuais acionistas que poderão comprar novas ações pelo mesmo valor, mas com lock-up de dois anos. A segunda etapa será uma oferta subsequente (follow-on), que poderá levantar até R$ 2,75 bilhões adicionais, sem restrições de venda.

Injeção de capital na Cosan: diluição é inevitável, diz analista

Paletta destacou que a diluição é inevitável. Segundo seus cálculos, quem não participar de nenhuma das ofertas perderá cerca de 17% de sua participação na companhia. “Mesmo quem aderir integralmente ao hot issue ainda será diluído em torno de 7,5%. É uma notícia ruim para os minoritários, mas, se o investidor tiver caixa, faz sentido participar, já que as ações estão no mercado em torno de R$ 6 e a subscrição será feita a R$ 5”, explicou.

O analista lembrou que a Cosan enfrenta dificuldades para vender ativos menos estratégicos em meio a juros elevados, o que pressiona os preços de mercado. A solução encontrada pela gestão foi reforçar o caixa por meio do aporte, mesmo com o efeito negativo da diluição. “O grande mérito dessa operação é reduzir a dívida líquida da Cosan de R$ 17 bilhões para R$ 7 bilhões. Isso tira um peso enorme do balanço, melhora a alocação de capital e dá fôlego para suas investidas, como Compass e Rumo (RAIL3). É um divisor de águas para a holding”, avaliou.

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O preço fixado, entretanto, continua sendo um ponto sensível. “Muita gente questionou por que a empresa decidiu fazer essa oferta agora e a R$ 5, antes mesmo de uma potencial capitalização da Raízen. Confesso que as respostas da gestão não me satisfizeram totalmente. Parece que o timing poderia ser melhor, mas a entrada de sócios de longo prazo compensa em parte esse desconto elevado”, disse Paletta.

Na avaliação do analista, a forte queda das ações após o anúncio reflete a desconfiança do mercado sobre a real situação da Raízen, investida considerada prioritária pela holding. Ainda assim, ele prefere adotar uma leitura construtiva.

“O mercado enxerga com maus olhos no curto prazo, mas eu vejo isso como uma antecipação inteligente. A Cosan resolveu endereçar o problema de alavancagem e, ao lado de parceiros estratégicos, cria condições para destravar valor. Para quem pensa em buy and hold, gosto do que está acontecendo”, concluiu.