O Grupo Cosan (CSAN3), controlado pelo empresário Rubens Ometto, planeja receber até o início de outubro propostas vinculantes para a venda de uma participação na Raízen (RAIZ4), distribuidora de combustíveis e produtora de açúcar e etanol. A Shell é sócia da Cosan na joint venture, que busca captar recursos para reduzir a dívida crescente.
Fontes próximas ao processo afirmam que o grupo já começou a ser sondado por potenciais compradores. Entre os interessados estariam empresas japonesas, como Mitsubishi e Mitsui, segundo apuração do Valor e da Bloomberg. A Mitsui já mantém parcerias com a Cosan em outros investimentos, o que reforça seu possível interesse.
A transação deve envolver um investidor estratégico estrangeiro, com intenção de aumentar a presença no mercado global de etanol. A fatia exata a ser vendida ainda não foi definida, dependendo do valor da oferta, informaram fontes.
A Cosan conta com assessoria do Itaú BBA, enquanto a Raízen é assistida pelo Citi. A Shell, co-controladora da Raízen, trabalha com a Lazard.
Cosan quer aporte de capital de R$ 10 bi na Raízen
Segundo pessoas próximas ao processo, a Cosan busca um aporte de capital de cerca de R$ 10 bilhões (US$ 1,8 bilhão) na Raízen para reduzir a alavancagem financeira. A dívida líquida da companhia atingiu 4,5 vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), após empréstimos tomados para substituir contratos com fornecedores. No primeiro trimestre da safra 2025-2026, a Raízen reportou prejuízo líquido de R$ 1,84 bilhão.
A notícia das negociações chegou a impulsionar as ações da empresa, que chegaram a subir 3,2%, antes de encerrar o dia em queda de 2,42%. As ações acumulam baixa de 43,10% este ano.
Em teleconferência em 14 de agosto, o diretor financeiro da Raízen, Rafael Bergman, confirmou negociações ativas com os acionistas controladores para uma injeção de capital. A Cosan, por sua vez, segue um plano de desinvestimento e desaceleração da expansão, em meio ao aumento dos custos de empréstimos no Brasil.
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