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Mudança importante na Renda Fixa: taxas menores em LCIs e LCAs já são realidade

Mudança importante na Renda Fixa: taxas menores em LCIs e LCAs já são realidade

Olá, Investidor Inteligente! Na faculdade de Economia, aprendemos que qualquer restrição na oferta de algo fará com que o seu preço suba. No mercado de Renda Fixa, oferta restrita significa, portanto, preços mais altos e taxas de retorno mais baixas. Quem já possuía esse “algo” se beneficia imediatamente; e quem ainda não o possuía, agora terá que pagar preços mais altos para obtê-lo.

O mês do Carnaval começou agitado com algumas novidades impactantes! No primeiro dia de fevereiro, o CMN (Conselho Monetário Nacional) publicou a Resolução 5119, que estabelece as novas condições de emissão de LCIs, LCAs, CRIs e CRAs. Essa resolução terá um impacto significativo em toda a indústria de funding e traz uma mudança importante na Renda Fixa do Brasil.

Este assunto tem sido amplamente debatido ao longo da última semana em diversos veículos de mídia especializada. Na EQI, nós publicamos alguns materiais detalhando essas alterações. Você pode conferir o artigo no portal “Eu Quero Investir” ou assistir ao vídeo da EQI Research no Youtube.

Resumidamente, muitas empresas emissoras desses papéis isentos não estavam diretamente ligadas ao agronegócio e ao setor imobiliário. Com as novas regras, o benefício da isenção e, consequentemente, os custos reduzidos na captação de recursos serão encerrados para essas empresas.

Para termos uma ideia do impacto na oferta de títulos isentos, foram analisadas 400 ofertas de CRI em 2023 (fonte: CR data), que captaram R$ 46,7 bilhões.

Deste volume, cerca de 50,5% (R$ 23,6 bi) ou 34% (136 ofertas) não se enquadrariam nas novas regras. Além disso, aproximadamente 42,5% das emissões que não se enquadrariam estão dentro de FIIs.

Com essas mudanças, o governo pretende reduzir as distorções ao favorecer apenas as empresas que realmente aplicam os recursos diretamente no agronegócio e no setor imobiliário. Com isso, as contas do governo se beneficiarão com o aumento da carga tributária das empresas que ficarão fora desses benefícios.

No mundo corporativo, os efeitos práticos esperados são os seguintes:

1. Para as empresas que se enquadram nas novas regras de emissão, provavelmente veremos uma redução no custo de captação de recursos. Com a oferta de títulos reduzida e a demanda inalterada, o preço dos títulos deverá subir, e as taxas de juros cairão. Portanto, essa medida do governo se mostra benéfica nesse primeiro momento.

2. Para as empresas que ficaram de fora das novas regras de emissão, possivelmente veremos um aumento nos custos de captação. Como elas não poderão mais emitir os títulos isentos, terão que utilizar instrumentos não isentos e, para atrair os investidores, terão que oferecer taxas de juros mais elevadas.

Mudança importante na Renda Fixa: quais serão os efeitos para o investidor?

Vamos analisar isso em duas situações:

i) Títulos já emitidos, que estão na carteira dos investidores.

Com a menor oferta de novos títulos e a demanda inalterada, haverá pressão compradora nos títulos já existentes. Assim, os preços deverão subir e as taxas de retorno cairão. Isso é positivo para quem já detém esses papéis.

Se você possui LCIs, LCAs, CRIs, CRAs e/ou fundos que investem nesses papéis, provavelmente percebeu uma valorização acima do comum na última semana, além de um aumento na liquidez.

Essa tendência deve continuar no futuro, inclusive para investimentos em outros mercados, como debêntures incentivadas, fundos de investimento, Fundos de Investimento em Participação (FIPs), entre outros.

É importante lembrar que a oferta de um tipo de título foi reduzida, o que deve aumentar a procura por investimentos semelhantes.

Além disso, é essencial destacar que a isenção tributária continuará existindo; o que mudou foram as regras de emissão. Portanto, LCIs, LCAs, CRIs e CRAs continuarão isentos para pessoa física.

ii) Títulos que ainda não foram emitidos.

Investidores que desejam comprar novos títulos, enquadrando-se no caso (2), possivelmente encontrarão taxas de atratividade menores nas LCIs e LCAs. Além disso, bons CRIs e CRAs serão mais difíceis de encontrar.

Por exemplo, antes da publicação das alterações, observe os destaques de LCIs e LCAs na plataforma da EQI no dia 31/1.

tabela com LCIs e LCAs em destaque na plataforma da EQI Investimentos: mudança importante na Renda Fixa
LCIs e LCAs em destaque em 31/1. Fonte: EQI Investimentos

E agora, veja as taxas de retorno em 9/2:

tabela com LCIs e LCAs em destaque na plataforma da EQI Investimentos: mudança importante na Renda Fixa
LCIs e LCAs em destaque em 9/2. Fonte: EQI Investimentos

Em 31/1, uma LCI de 3 anos pagava 97% do CDI; hoje está pagando 95% do CDI.

Em 31/1, uma LCA de 4 anos pagava 9,65% ao ano prefixada; hoje está pagando 9,30% pré. Segundo um “zum zum zum” no mercado, as quedas das taxas nos bancos comerciais foram mais expressivas.

Observem também que títulos de 9 e 12 anos sumiram. De fato, as LCAs passaram a ter prazo mínimo de vencimento de 9 meses e as LCIs de 12 meses.

Mudança importante na Renda Fixa: quais investimentos poderão se beneficiar?

Todos os substitutos próximos das LCIs, LCAs, CRIs e CRAs deverão ter procura aumentada (e, consequentemente, maior liquidez e menor taxa de retorno).

Para começar, os títulos e fundos isentos, como as debêntures incentivadas ou fundos que as compram. Destacamos os fundos hedgeados, que possuem pouca volatilidade e se aproximam bastante do perfil das LCIs e LCAs.

gráfico com desempenho de fundo isento de imposto de renda: mudança importante na Renda Fixa
Fonte: EQI e Mais Retorno

O fundo ABSOLUTE HIDRA CDI FIC FI INFRA RF (CNPJ 47.612.737/0001-29), por exemplo, investe em debêntures incentivadas e possui um hedge (proteção) contra as oscilações de preços típicas de um papel IPCA+ (pois obrigatoriamente todas as debêntures incentivadas são emitidas com a remuneração do tipo IPCA+).

Dessa forma, em vez de ser atrelado ao IPCA+, com o hedge, tais fundos passam a render em formato CDI (menos volátil).

Observe como esse fundo teve uma valorização expressiva nos últimos dias; trata-se de um exemplo do que foi dito anteriormente. A rentabilidade histórica do fundo é de 142% do CDI, com isenção de imposto de renda para pessoa física.

Assim como esse investimento, vários outros possivelmente terão taxas reduzidas e preços mais elevados, gerando valorização para os antigos detentores e condições piores para novos compradores.

Temos que ter em mente, também, que o mercado se ajusta. E, assim como a oferta se alterou, a demanda pelos títulos pode se alterar também, gerando uma configuração de preços e taxas difíceis de prever.

A dica do dia é: ao verificar as rentabilidades menores nos títulos isentos (principalmente nas LCIs e LCAs), compare-as com outros investimentos, seja um fundo de investimento, um CDB, uma debênture; possivelmente, os últimos estarão mais atrativos que os primeiros.

O mercado teve uma mudança importante na Renda Fixa e temos que mudar também!

Por Denys Wiese, estrategista EQI Investimentos