As taxas do Tesouro Direto sobem de forma expressiva desde a semana passada, refletindo a preocupação do mercado com o impacto fiscal da aprovação do novo projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. Embora a medida seja vista como um avanço na redução da desigualdade tributária, o aumento de gastos públicos elevou a percepção de risco e puxou para cima os rendimentos dos títulos públicos. Com isso, o Tesouro IPCA+8% surge, marcando recorde na negociação desse título.
Nesta segunda-feira (6), o Tesouro IPCA+ 2029 — título indexado à inflação — passou a oferecer 8,00% de retorno anual acima da variação do IPCA, marcando uma taxa histórica e reacendendo o interesse de investidores. A última vez que um título público atrelado à inflação ultrapassou esse nível de juro real foi em 2016, durante o segundo mandato da então presidente Dilma Rousseff, em meio a uma grave crise econômica. Por volta das 12h30, o título IPCA 2029, com vencimento em 15 de maio de 2029, era negociado a R$ 34,60.
O que significa investir no Tesouro IPCA+8%
O Tesouro IPCA+ é considerado um dos investimentos mais seguros do mercado brasileiro, por ser emitido pelo governo federal. Na prática, quem aplica nesse título está emprestando dinheiro ao Estado, que usa os recursos para financiar áreas essenciais, como saúde, educação e infraestrutura.
A principal vantagem do Tesouro IPCA+ é proteger o poder de compra do investidor. Isso ocorre porque sua rentabilidade combina duas partes: a variação da inflação (IPCA) e uma taxa fixa adicional. Assim, independentemente de como o custo de vida avance, o investidor sempre terá um ganho real — no caso atual, 8% acima da inflação.
Além disso, o título pode ser adquirido em duas modalidades: com pagamento único no vencimento ou com juros semestrais, ideais para quem busca renda recorrente. Em ambos os casos, o Tesouro Nacional garante a recompra pelo valor de mercado, caso o investidor precise resgatar antes do prazo.
IPCA+: recomendação da EQI Research
Os títulos IPCA+ são uma das recomendações da EQI Research nas suas carteiras de renda fixa para outubro. Segundo João Neves, analista CNPI da casa, a decisão central da alocação para outubro foi alongar a duration das carteiras, reduzindo exposição em pós-fixados e aumentando espaço para papéis prefixados e os atrelados à inflação (IPCA+).
Um momento raro e estratégico
Segundo analistas, taxas tão elevadas representam uma oportunidade rara para quem pensa no longo prazo. Por outro lado, é importante ter cautela. Como o preço desses títulos varia de acordo com as condições macroeconômicas, quem resgata antes do vencimento pode ter prejuízo.
Por isso, o Tesouro IPCA+8% é indicado especialmente para investidores com horizonte de longo prazo, como quem quer garantir aposentadoria, financiar a educação dos filhos ou preservar patrimônio.
Proteção em tempos de incerteza
O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), calculado pelo IBGE, mede a variação de preços de produtos e serviços consumidos pelas famílias brasileiras e serve como termômetro da inflação. Quando o índice sobe, o poder de compra cai — e é justamente aí que o Tesouro IPCA+ se destaca, ao assegurar rendimento real positivo mesmo em períodos de alta inflacionária.
Com o juro real em 8% ao ano, o Tesouro IPCA+ volta a ocupar um espaço central nas carteiras de quem busca segurança e rentabilidade acima da média, em um cenário de incertezas fiscais e políticas.
Para muitos investidores, o momento marca uma oportunidade histórica de travar ganhos elevados em um ativo de baixo risco — e, mais uma vez, o Tesouro IPCA+8% se consolida como símbolo da confiança (ou da cautela) do mercado diante dos rumos da economia brasileira.