Em meio a um cenário macroeconômico ainda carregado de incertezas no Brasil e no exterior, a EQI Research publicou sua nova carteira recomendada de renda fixa para junho de 2025. O relatório, assinado pelo analista João Neves, manteve as alocações inalteradas para os perfis conservador, moderado e agressivo, reafirmando a preferência por papéis atrelados à inflação (IPCA+) e pós-fixados.
Renda fixa recomendada: incertezas com tarifas e juros
Nos Estados Unidos, o Federal Reserve manteve a taxa básica entre 4,25% e 4,50%, diante de uma economia aquecida e inflação mais branda no curto prazo. Ainda assim, o risco de desaceleração da economia americana aumentou com a imposição de novas tarifas de importação.
A EQI projeta dois cortes nos juros até o fim do ano, mas alerta que a trajetória da política monetária dependerá dos desdobramentos fiscais e comerciais.
A deterioração das contas públicas americanas, marcada por sucessivos déficits e o recente rebaixamento da nota soberana pela Moody’s, eleva o nível de alerta no mercado e pressiona as curvas de juros futuras.
Cenário Doméstico: Selic estacionada e espaço para cortes em 2026
No Brasil, a Selic foi mantida em 14,75% pelo Copom, com tom mais cauteloso nas sinalizações. Dados do Caged e do IPCA-15 indicam desaceleração da inflação e resiliência da atividade econômica, o que abre espaço para o fim do ciclo de alta. A expectativa da EQI Research é que os cortes de juros ocorram apenas no início de 2026, devido às incertezas fiscais e à fragilidade do equilíbrio orçamentário.
Recomendações por perfil de investidor
A estratégia da EQI permanece a mesma desde abril, destacando o foco em proteção inflacionária, ganho de capital com prefixados de médio prazo e segurança dos pós-fixados:
- Conservador: 60% em pós-fixados (LFT), 30% em IPCA+ (com ênfase em NTN-B maio/35) e 10% em prefixados de curto e médio prazo (LTN até jan/28).
- Moderado: 47,5% em pós-fixados, 35% em IPCA+ e 17,5% em prefixados, com maior peso em vencimentos intermediários.
- Agressivo: 37,5% em pós, 40% em inflação e 22,5% em prefixados.

Desempenho das carteiras
Todas as carteiras superaram o CDI e o IMA-Geral no mês de maio:
- Conservador: +1,32% (115,95% do CDI)
- Moderado e Agressivo: +1,44% (126,4% do CDI)
O bom desempenho é atribuído à exposição adequada a vértices intermediários de NTN-B e à queda das expectativas de inflação, que valorizam os títulos indexados.