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Tarifaço: os EUA vão continuar a ser o porto-seguro do mundo?

Tarifaço: os EUA vão continuar a ser o porto-seguro do mundo?

A estreia da série de lives After Market, promovida pela EQI Investimentos, ocorreu na noite desta terça-feira (9) com um tema que tem sacudido os mercados globais: o tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

A transmissão ao vivo contou com a presença do analista internacional Marink Martins, referência nacional em opções e volatilidade, e foi conduzida por Caio Dittrich, assessor da EQI. Com um olhar crítico e profundo sobre os desdobramentos recentes da política americana, a conversa revelou implicações relevantes para investidores brasileiros e para o cenário econômico global.

O contexto do tarifaço de Trump

Na quarta-feira da semana passada (2), Trump surpreendeu o mundo ao decretar uma tarifa mínima de 10% sobre todas as importações e uma sobretaxa de 25% para veículos estrangeiros. A medida, segundo o presidente, visa “fortalecer a economia americana” e reverter o que ele classificou como “anos de pilhagem contra os EUA”.

O gesto, no entanto, foi recebido com forte tensão nos mercados internacionais. Países como China e membros da União Europeia sentiram o impacto imediato do avanço do protecionismo americano.

Marink Martins destaca o caráter transformador dessa política tarifária, classificando o momento como “o dia em que o livre comércio morreu”. Segundo ele, a resposta da China — que incluiu retaliações tarifárias de até 34% sobre produtos americanos e a inclusão de empresas dos EUA em uma lista de entidades “não confiáveis” — marcou uma escalada clara na disputa comercial entre as duas maiores economias do mundo. Nesta quarta (9), a China anunciou novas medidas, com tarifas de mais 84% sobre produtos dos EUA.

O efeito foi imediato: as bolsas globais operaram com forte aversão a risco, e ações de gigantes do setor de tecnologia — como Apple, Tesla, Nvidia e Amazon — recuaram entre 2% e 3% no pregão pós-anúncio. “É o oposto do que vimos em 2024, quando o setor tech liderava os ganhos”, afirmou Marink. Ele alertou para uma mudança de rota nos investimentos, sugerindo cautela e foco em ativos ligados a consumo essencial, menos suscetíveis à volatilidade externa.

Apesar da turbulência nos mercados, Trump reforçou sua postura nacionalista ao anunciar promessas de investimentos bilionários por parte de grandes corporações — incluindo Apple, Meta, Honda e Hyundai — que supostamente injetariam até US$ 6 trilhões na economia americana. A estratégia faz parte de sua proposta de reindustrialização e busca reconquistar a confiança do eleitorado interno. “Os empregos já estão voltando, vocês estão vendo”, afirmou o presidente em tom otimista.

No entanto, Martins chamou atenção para os efeitos colaterais da medida. Para ele, as tarifas funcionam como um imposto indireto sobre os consumidores, que passarão a pagar mais caro por produtos importados, o que tende a pressionar a inflação interna. Como contrapartida, o governo Trump pode recorrer a estímulos fiscais, como cortes de impostos — uma de suas principais promessas de campanha. “É uma forma de compensar o custo das tarifas para o consumidor e manter sua popularidade”, explicou o analista.

Inflação nos EUA, deflação no resto do mundo: oportunidade

Além disso, o cenário traçado por Marink indica um contexto inflacionário para os EUA e deflacionário para o resto do mundo. Isso pode abrir oportunidades para países emergentes, como o Brasil, especialmente se o Banco Central brasileiro aproveitar a janela para reduzir juros. Um dólar mais fraco e a saída de capital dos Estados Unidos também podem favorecer os ativos locais, em um movimento que exige atenção redobrada dos investidores.

Marink reforçou que o momento pede ajustes na estratégia de alocação. Para quem investe no exterior, é hora de avaliar com cuidado a exposição ao dólar e priorizar ações de valor em detrimento das chamadas ações de crescimento, que tendem a ser mais afetadas em cenários de incerteza. “Estamos no momento de sair de growth e buscar value”, recomendou.

EUA contra o mundo

Na análise do especialista, o movimento de Trump marca uma guinada estrutural. “Antes era EUA contra a China, agora é EUA contra todo mundo”, declarou, ao apontar que o protecionismo norte-americano representa um rompimento com os princípios do sistema globalizado. Essa nova postura, segundo ele, não visa agradar ao mercado financeiro, mas sim ao eleitorado doméstico, especialmente os mais sensíveis às pautas de emprego e juros.

A live inaugural do After Market trouxe à tona questionamentos profundos sobre o papel dos Estados Unidos no sistema econômico mundial. Para Marink, o tarifaço colocou em xeque a imagem dos EUA como porto seguro global. “A grande dúvida agora é: os Estados Unidos continuarão sendo esse porto seguro?”, afirmou, com um alerta sobre a necessidade de repensar estratégias e olhar com mais atenção para os sinais de mudança estrutural no tabuleiro geopolítico.

Participe das próximas lives do After Market

Com uma proposta de traduzir temas complexos em insights simples para o investidor, o After Market promete ser um ponto de encontro semanal entre informação qualificada e decisões mais inteligentes. A série segue nas próximas semanas abordando temas como inflação, proteção de carteiras e investimentos no exterior — sempre com especialistas de renome e análise direta do que realmente move os mercados.

Clique aqui para conferir a programação e participar das lives.

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