A agência de classificação de risco de crédito Moody’s revisou para negativa a perspectiva de classificação do governo dos Estados Unidos, anteriormente estável, indicando crescentes riscos para o fiscal do país. A agência manteve os ratings de emissor de longo prazo e sênior sem garantia dos EUA em Aaa.
A mudança foi anunciada na sexta-feira (10) e coincide com um momento em que o Congresso enfrenta novamente a iminente ameaça de uma paralisação do governo, com o financiamento atual previsto até a próxima sexta-feira (17).
Vale relembrar, o risco de shutdown, que é a paralisação dos serviços públicos devido a não aprovação do orçamento pelo Congresso, volta a ganhar o noticiário. Isso porque a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou, no início de outubro, um projeto orçamentário que estendia por 45 dias o financiamento do governo do presidente Joe Biden. E o prazo termina na sexta.
O recém-eleito presidente da Câmara, Mike Johnson, anunciou uma proposta de financiamento “faseado” do governo. Um primeiro projeto de lei estenderia o financiamento até 19 de janeiro e incluiria financiamento para temas militares, transporte, habitação e energia. A segunda parte do projeto estenderia o financiamento até 2 de fevereiro e incluiria recursos para o restante do governo. O projeto está em análise, mas já sendo bastante criticado, por resolver “artificialmente” o problema.
A Moody’s destacou que, em um cenário de taxas de juros mais altas e sem medidas eficazes de política fiscal para reduzir os gastos do governo ou aumentar as receitas, espera que os déficits fiscais dos EUA permaneçam elevados, prejudicando significativamente a acessibilidade da dívida.
A agência expressou também preocupação com a contínua polarização política no Congresso dos EUA, aumentando o risco de falta de consenso sobre um plano fiscal para conter o declínio na acessibilidade da dívida.
Apesar de manter as classificações do país em Aaa, a Moody’s mencionou que espera que os EUA mantenham sua força econômica. No entanto, ressaltou que surpresas positivas de crescimento no médio prazo poderiam, no mínimo, retardar a deterioração na acessibilidade da dívida.
O vice-secretário do Tesouro, Wally Adeyemo, discordou da mudança para uma perspectiva negativa, destacando a robustez contínua da economia americana e a posição proeminente dos títulos do Tesouro como ativo seguro e líquido global.
A secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, atribuiu a decisão da Moody’s ao extremismo no Congresso. Em 2024, os EUA passam por processo eleitoral para a presidência.
Em agosto, outra agência de classificação de risco, a Fitch, já havia reduzido a classificação dos EUA para AA+, citando a deterioração fiscal, além de problemas de governança e crescente peso da dívida, destacando também os impasses políticos como um fator preocupante.