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PF investiga Banco Master por suspeita de fraude em precatórios

PF investiga Banco Master por suspeita de fraude em precatórios

A Polícia Federal está conduzindo uma investigação sobre o Banco Master devido a suspeitas de fraudes envolvendo operações com precatórios. 

O inquérito, aberto em março de 2024, busca esclarecer um esquema em que um fundo controlado pela própria instituição financeira teria adquirido papéis de liquidez questionável para posteriormente vendê-los ao banco por valores mais inflados.

Segundo informações reveladas pela jornalista Malu Gaspar, do jornal O Globo, a manobra investigada envolve uma valorização atípica de 235% no valor dos ativos em um intervalo de apenas cinco dias. Esta operação poderia ter servido para inflar artificialmente o balanço do banco, melhorando seus indicadores financeiros para o mercado e órgãos reguladores.

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O caso Amazonita

O principal alvo da investigação é o fundo de investimentos em direito creditório Amazonita, que tem entre seus cotistas um fundo controlado pelo próprio Banco Master. Este tipo de transação é conhecida no mercado financeiro como operação “Zé com Zé”, prática frequentemente utilizada para inflacionar valores de ativos em demonstrações contábeis.

De acordo com Malu Gaspar, em 2020, quando ainda se chamava Máxima, o banco desembolsou R$ 320 milhões por precatórios que haviam sido adquiridos pelo fundo Amazonita apenas cinco dias antes por R$ 136,5 milhões – uma valorização que chamou a atenção das autoridades.

Um dos principais objetivos da investigação é descobrir por que esses ativos tiveram uma valorização tão expressiva em tão pouco tempo e qual a justificativa do banco para adquiri-los com ágio tão elevado de uma entidade vinculada à própria instituição.

Impacto no mercado e negociação com o BRB

A situação ganha contornos ainda mais complexos diante da recente negociação envolvendo o BRB (BSLI4), banco estatal do Distrito Federal, que propôs pagar R$ 2 bilhões por 58% do Banco Master, mantendo o controle nas mãos dos atuais proprietários. Esta operação, que ainda aguarda aprovação do Banco Central e do Cade, é vista por especialistas do mercado como uma tentativa de salvamento da instituição que enfrenta problemas de liquidez.

Segundo o balanço divulgado pelo Master em março, a instituição possui em carteira R$ 8,73 bilhões em títulos de dívidas governamentais, dos quais apenas R$ 158 milhões são precatórios propriamente ditos. Os outros R$ 8,57 bilhões são classificados como “pré-precatórios” – dívidas que, embora tenham decisão judicial favorável ao pagamento, ainda podem estar sujeitas a discussões ou dependem de perícias para determinação do valor exato.

A firma de auditoria KPMG, responsável pela análise das demonstrações financeiras do banco, classificou esse item como “principal assunto de auditoria”, sinalizando a complexidade na avaliação precisa desses ativos.

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Posicionamento do Banco Master

De acordo com Malu Gaspar, procurado para comentar as investigações, o Banco Master informou desconhecer o inquérito da Polícia Federal. Quanto aos investimentos sob suspeita, a instituição afirmou ter adquirido “precatórios com deságio do seu valor de face, seguindo métricas de avaliação amparadas por renomados escritórios terceiros de avaliação”.

A nota enviada pelo banco ressalta ainda que a instituição “está submetida à auditoria de diversos agentes de mercado, como agências de riscos internacionais, KPMG, Banco Central e outros órgãos que estão constantemente avaliando os seus ativos e a sua precificação”.

Até o momento, segundo informações obtidas por Malu Gaspar, os investigadores ainda não ouviram o CEO do Master, Daniel Vorcaro, nem os demais controladores do banco.