O Grupo Pão de Açúcar ($PCAR3), uma das maiores redes de varejo do Brasil, tem uma história que remonta ao início do século 20. Fundado em 1948 por Valentim dos Santos Diniz, a empresa começou como uma pequena doceria em São Paulo, que, com o tempo, expandiu-se para o setor de supermercados como referência nacional.
Nos anos 1980, o grupo passou por uma grande expansão, liderada por Abilio Diniz, filho de Valentim, falecido no domingo (18) aos 87 anos. Ali, a companhia adquiriu diversas redes de supermercados. Em 1999, ocorreu uma fusão entre o Pão de Açúcar e o Grupo Sendas, formando o GPA.
Atualmente, o GPA é um dos líderes no segmento varejista do Brasil, presente em 20 estados e no Distrito Federal, com mais de 2,1 mil lojas, mais de 2,8 milhões de metros quadrados de área de vendas, cerca de 160 mil colaboradores e 56 centrais de distribuição, segundo a própria empresa.
História do GPA
Em 1948, Valentim dos Santos Diniz, pai de Abilio Diniz, batizou a então doceria em homenagem à primeira vista que teve quando chegou ao Brasil. Quando o navio que o transportava de Portugal entrou na baía de Guanabara, um tripulante ao lado exclamou “olha o Pão de Açúcar!”. A imagem dos dois morros cariocas ficou gravada na memória do empresário.
A data de inauguração do Pão de Açúcar, em 7 de setembro, também carrega simbolismo para o fundador: “o dia em que Portugal perdeu o Brasil e eu ganhei o Pão de Açúcar”, disse em entrevista no ano de 2002.
Quatro anos depois de sua inauguração, o Pão de Açúcar ganhou mais duas filiais. Em 1959, com a compra do terreno ao lado da doceria da Brigadeiro Luiz Antônio, em São Paulo, Abilio convenceu o pai a abrir um supermercado.
Em 1963, a segunda unidade do supermercado foi inaugurada na rua Maria Antônia, no centro de São Paulo. Em 1968, a rede já era composta por 64 supermercados. Mais tarde naquele ano foi criada a Divisão Internacional, com unidades em Portugal, Angola e Espanha.
Na mesma década, a empresa apostou em uma reestruturação de negócios para focar no setor de varejo, e parte desse movimento começou com uma reformulação do Jumbo em Extra, mirando acirrar a competição no setor de hipermercados.
Nos anos seguintes, ocorreu a aquisição da Eletroradiobraz, uma das principais empresas do mercado varejista e proprietária do hipermercado Baleia, concorrente do Jumbo, inaugurado pela rede na década de 1970. A nova configuração foi motivada pela economia do país em dificuldades, além de conflitos familiares entre os irmãos Abilio, Alcides e Arnaldo, todos com participações na empresa.
Abilio decidiu se afastar dos negócios e passou a integrar o Conselho Monetário Nacional (CMN), assumindo a coordenação de boletins econômicos.
Em 1995, com Abilio Diniz como acionista majoritário após a venda das participações de seus irmãos, o grupo realizou sua oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) e levantou US$ 112,1 milhões de capital na bolsa de valores brasileira. Dois anos depois, teve seu IPO em Nova York, e captou US$ 172,5 milhões.
O Pão de Açúcar foi a primeira empresa varejista do país listar ADRs, títulos norte-americanos lastreados em ações de empresas estrangeiras.
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Casino adquire participação
Em 1999, o francês Grupo Casino comprou 25% do total de ações do GPA, tornando-se sócio minoritário. Diante disso, a participação da família Diniz nos negócios do Pão de Açúcar começou a diminuir cada vez mais.
Abilio assumiu a presidência do Conselho de Administração em 2003, passando o bastão de CEO para o primeiro executivo de fora da família fundadora, Augusto Marques da Cruz Filho.
Em 2005, uma nova holding foi criada, e o controle do Grupo Pão de Açúcar passou a ser compartilhado entre Abilio Diniz e o grupo Casino, com 50% cada. Dois anos depois, o GPA se uniu ao Assaí Atacadista ($ASAI3).
Em 2013, na véspera do aniversário de 65 anos da fundação do GPA, Abilio Diniz renunciou à presidência do Conselho de Administração, encerrando definitivamente a participação da família na empresa.
Vale a pena investir no Pão de Açúcar?
Na média do mercado, a recomendação é de manutenção para as ações do Grupo Pão de Açúcar, com preço-alvo de R$ 8,10. Atualmente, os papéis são negociados a R$ 3,91 nesta segunda-feira (19), por volta das 14h53 (horário de Brasília).
No ano, as ações do Pão de Açúcar recuam 6,68%. A EQI Research, no entanto, aponta para um potencial de valorização de mais de 67% em seu Guia de Ações.

Quem foi Abilio Diniz
Abilio Diniz nasceu em dezembro de 1936 no bairro do Paraíso, em São Paulo, e desde jovem esteve envolvido no negócio da família, ajudando na abertura da primeira doceria, chamada Pão de Açúcar. Formado em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas, ele iniciou, em 1959, a jornada que levaria à criação de um império varejista.
Ao longo das décadas, Abilio Diniz se destacou como um visionário no setor. Em 1971, inaugurou o primeiro hipermercado do Brasil, o Jumbo, e continuou inovando, sendo o primeiro a criar supermercados em shopping e a abrir lojas 24 horas. Ele também foi um dos fundadores da associação brasileira de supermercados.
Em 2013, após 54 anos à frente do Grupo Pão de Açúcar, ele passou o controle para o grupo francês Casino.
Além de sua atuação no varejo, Abilio Diniz comandou a BRF ($BRFS3) e criou uma empresa de investimentos, deixando sua marca em diferentes setores. Sempre esportista, foi tricampeão brasileiro de motonáutica.
O empresário faleceu no domingo (18) aos 87 anos, em São Paulo. Ele estava internado no Hospital Albert Einstein e enfrentava complicações de saúde devido a um quadro de pneumonia.
PCAR3: balanço será divulgado na quarta-feira (21)
Com maior fôlego nesta semana, os resultados do Grupo Pão de Açúcar despertam grandes expectativas do mercado na temporada de balanços. Os resultados estão previstos para divulgação na quarta-feira (21).
Em 2023, o setor de Alimentos em Domicílio registrou deflação de 0,52% ao longo de 12 meses. Apesar da queda nos preços, o aumento do fluxo nas lojas e no volume de compras por consumidor superaram o impacto da variação de preços na receita bruta do GPA.
Especialistas do mercado avaliam que o GPA deve continuar se beneficiando de:
- melhora de negociações com fornecedores;
- aumento de participação de vendas da bandeira Pão de Açúcar;
- redução de ruptura nas gôndolas.