Em um pregão marcado por forte aversão ao risco, a Vale (VALE3) opera em alta nesta quarta-feira (17) e ajuda a conter uma queda ainda mais intensa do Ibovespa, que recua na casa de 1%, mais de 1% após ter caído mais de 2% na última terça-feira (16).
O movimento reflete a leitura do mercado de que a mineradora começa a ser precificada sob uma nova narrativa: menos ruído, mais previsibilidade e dividendos no centro da tese de investimento.
Por volta das 14h15, as ações da Vale avançavam 1,56%, a R$ 70,37, próximas da máxima do dia, em um momento em que papéis de peso do índice pressionam o desempenho do mercado como um todo. Pelo peso da companhia no Ibovespa, a alta do papel atua como um dos principais amortecedores da queda do índice nesta sessão.
O que mudou na leitura do mercado
O gatilho para a reação positiva veio de uma revisão de cenário por parte do Morgan Stanley (MS; MSBR34), que elevou a recomendação para os ADRs da Vale de equalweight (neutra) para overweight (equivalente à compra) e aumentou o preço-alvo de US$ 13 para US$ 15.
Na avaliação do banco, mesmo após a valorização recente, a ação ainda apresenta uma relação risco-retorno atrativa, sobretudo porque o mercado estaria precificando um cenário excessivamente conservador.
Segundo o relatório, o valuation atual embute um preço implícito do minério de ferro ao redor de US$ 74 por tonelada, bem abaixo da premissa de longo prazo de US$ 90/t, o que cria uma assimetria positiva para o papel.
Além do minério, o banco reforça o potencial do cobre como vetor adicional de criação de valor ao longo do tempo, funcionando como uma opcionalidade relevante dentro da tese.
Uma “história simples” começa a ganhar tração
Mais do que números, o relatório marca uma mudança qualitativa na percepção sobre a Vale. A leitura do Morgan é que a companhia deixou de ser vista como uma tese defensiva carregada de incertezas para se tornar uma história mais simples e previsível, com foco em execução e disciplina financeira.
Entre os pontos destacados estão a redução de riscos ligados a grandes desembolsos, especialmente no tema de barragens, além de uma estratégia de alocação de capital mais conservadora. Esse conjunto de fatores tende a reduzir o chamado headline risk e aumentar a confiança do investidor na geração de caixa ao longo do ciclo.
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Dividendos ganham protagonismo na tese
É nesse contexto que os dividendos passam a ocupar papel central na leitura do banco. Com a dívida líquida expandida em trajetória de queda e maior previsibilidade operacional, o Morgan Stanley projeta um dividend yield de 8,6% em 2026, reforçando a atratividade do papel para investidores focados em retorno ao acionista.
Na comparação com pares globais, a Vale também segue negociando com múltiplos descontados, como EV/Ebitda e P/L, além de apresentar um yield de fluxo de caixa livre (FCF) considerado competitivo.
Para o banco, essa combinação — valuation baixo, risco reduzido e dividendos elevados — ajuda a explicar por que o mercado começa a comprar uma nova história da mineradora.
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