Segundo uma autoridade do governo americano, os Estados Unidos vão implementar medidas para impedir que os fabricantes americanos de chips vendam à China produtos que contornem as restrições do governo, reporta a Reuters.
Essa ação faz parte das iniciativas da administração Biden para limitar a exportação de chips de inteligência artificial.
As novas regras serão adicionadas às restrições existentes dos EUA sobre o envio de chips avançados e equipamentos de fabricação de chips para a China, anunciadas em outubro do ano passado.
Embora esses cronogramas muitas vezes mudem, as atualizações são esperadas para esta semana.
Segundo as informações da Reuters, as novas regras bloquearão alguns chips de inteligência artificial que ficam de fora dos parâmetros técnicos atuais e exigirão a notificação do envio de outros chips.
Um porta-voz do Departamento de Comércio dos Estados Unidos, responsável pela supervisão dos controles de exportação, recusou-se a comentar após ser procurado pela Reuters.
Segundo a administração Biden, essas medidas teriam como objetivo evitar que chips e equipamentos dos EUA reforcem o setor militar chinês.
A China, por sua parte, acusa os EUA de abusar dos controles de exportação para reprimir empresas chinesas, marcando uma mudança histórica na política de tecnologia entre os países.
A mais recente repressão às exportações de tecnologia para a China coincide com os esforços dos Estados Unidos para amenizar as difíceis relações entre as duas maiores economias do mundo.
Diversos membros seniores da administração Biden se encontraram com seus equivalentes chineses nos últimos meses, e as novas regras correm o risco de complicar o esforço diplomático.
As restrições de 2022 já haviam impedido a Nvidia, fabricante de chips mais valiosa do mundo, de enviar dois dos seus chips de IA mais avançados para clientes chineses.
Esses chips bloqueados se tornaram o padrão da indústria para o desenvolvimento de chatbots e outros sistemas de IA.
Para contornar os controles de exportação dos Estados Unidos, a empresa então lançou novas variantes menos sofisticadas, mas igualmente poderosas, para o mercado chinês.
Um deles, chamado H800, tem tanto poder de computação em algumas configurações usadas no trabalho de IA quanto o chip H100, que é bloqueado.
No entanto, segundo uma folha de especificações vista pela Reuters, alguns aspectos-chave do desempenho são limitados.
Segundo os funcionários que forneceu as informações, os EUA planejam introduzir novas diretrizes que vão abranger determinados chips avançados de IA de datacenters que não são cobertos hoje pelas regras.
Apesar do funcionário dos EUA ter se recusado a identificar quais chips serão efetivamente proibidos, o H800 da Nvidia é um dos semicondutores que fontes indicam que o governo deseja bloquear.
Chips destinados a produtos de consumo como laptops ficarão isentos das novas restrições. Mas, segundo o funcionário, as empresas precisarão informar ao Departamento de Comércio quando estiverem atendendo pedidos dos chips de consumidores mais potentes para garantir que não estejam sendo utilizados de maneira que ameace a segurança nacional.
Para evitar que os chips de IA considerados muito poderosos pelos EUA cheguem à China, o funcionário afirmou que os EUA planejam remover um dos parâmetros que têm usado para restringir as exportações de certos chips de centros de dados de IA.
Ao remover esse parâmetro, outra diretriz entraria em vigor, ampliando o escopo dos chips abrangidos. Isso provavelmente significaria que a velocidade com que os chips de IA se comunicam entre si seria reduzida.
Isso é importante porque treinar os maiores modelos de IA é impossível com um único chip e requer muitos chips interligados. A redução da velocidade com que eles se comunicam torna o desenvolvimento de IA mais desafiador e caro.