A análise do BTG Pactual (BPAC11) sobre a fusão entre Petz e Cobasi, aprovada sem restrições pelo CADE, destacou que os papéis da PETZ3 continuam negociados a múltiplos elevados, mesmo com o potencial de sinergias operacionais.
“A Petz está sendo negociada a 25x o P/L para 2025 (excluindo a Cobasi), o que consideramos elevado”, pontuou o banco em relatório publicado nesta terça-feira (3).
O BTG manteve a recomendação neutra para o papel, com preço-alvo de R$ 5,00. Por volta das 14h30, as ações PETZ3 subiam 1,86%, cotadas a R$ 4,38.
BTG avalia fusão entre Petz e Cobasi como positiva para sinergias, mas vê desafios na precificação
O relatório do BTG repercute a decisão da Superintendência Geral do CADE, que aprovou sem restrições a fusão entre as duas maiores redes de varejo pet do país. Embora o órgão tenha identificado sobreposição nos segmentos de varejo online, serviços veterinários e cuidados com pets, concluiu que a operação não representa risco à concorrência. O aval definitivo deve ser confirmado em até 15 dias, caso não haja recursos ou objeções.
Segundo o CADE, o mercado ainda é fragmentado e apresenta baixa barreira à entrada, com forte presença de pet shops de pequeno e médio porte, redes franqueadas e grandes varejistas, além da crescente atuação de supermercados e plataformas online.
Na avaliação do BTG, a fusão anunciada em agosto de 2024 pode trazer ganhos de escala importantes.
“Não descartamos que o acordo entre a Petz e a Cobasi possa levar à otimização de suas estruturas de custos (e presença nas lojas) e algum poder de barganha com os fornecedores”, ressaltou a equipe de análise.
Ainda assim, os analistas alertam que a intensa concorrência, inclusive com gigantes do e-commerce como Mercado Livre (MELI; MELI34) e Amazon (AMZN; AMZO34) ampliando seus investimentos no setor, pode dificultar o repasse de preços ao consumidor.
“A natureza altamente competitiva do mercado brasileiro pode impedir uma precificação mais eficiente”, afirmaram.
Geografia semelhante, mas sobreposição limitada
Uma das preocupações iniciais do mercado era o risco de canibalização entre as duas redes, dada a forte presença de ambas na região Sudeste. O BTG realizou um estudo para mapear o raio de influência das lojas Petz e Cobasi e constatou que, apesar da concentração geográfica semelhante — 48% das lojas Petz e 59% das lojas Cobasi estão no estado de São Paulo —, a sobreposição física é limitada.
Segundo o relatório, apenas 13% das lojas estão a menos de 250 metros de uma unidade da outra rede, e 48% estão em um raio de 2 km. O índice, embora alto, é comparável ao nível de canibalização interna já enfrentado pela Petz: 21% das lojas Petz estão a menos de 250 metros de outra loja da própria rede.
Estrutura da operação
A fusão foi estruturada da seguinte forma: a Cobasi incorporará a Petz como subsidiária, com os acionistas da Petz passando a deter 52,6% do capital da nova companhia e os acionistas da Cobasi, os 47,4% restantes. Além disso, será feito um pagamento em dinheiro de R$ 400 milhões aos acionistas da Petz, dos quais R$ 130 milhões já foram desembolsados.
Com a aprovação iminente da fusão, os investidores aguardam agora os próximos passos da integração e os sinais mais claros de geração de valor para a nova companhia. Apesar do otimismo moderado do mercado no curto prazo, o BTG segue cauteloso. “Reforçamos nossa recomendação Neutra”, concluiu o banco.
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