No painel “Oportunidades de investimentos offshore“, que abriu o segundo dia de Money Week, o head de Produtos da EQI Internacional, Rodrigo Samaia, conversou com João Scandiuzzi, estrategista-chefe do BTG Pactual (BPCA11).
Acompanhe os principais insights da conversa.
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Investimentos offshore: cenários
Samaia inicia a conversa relembrando a escalada de juros no mundo todo no pós-pandemia e a consequente quebra de empresas e bancos no Brasil e no exterior, especialmente dos bancos regionais americanos – dos quais o First Republic foi a última vítima.
Apesar do cenário adverso, Scandiuzzi acredita que a performance dos mercados tem sido bastante boa. “A gente tem visto a apreciação da renda fixa e também alta das bolsas americanas no ano, isso apesar das incertezas”, avalia.
“Este ano, temos um ambiente de juros altos, mas que não deixam de oferecer oportunidades para investimentos. Passamos muito tempo lá fora com renda fixa negociando a juros negativos, como no caso do Banco Central Europeu e do Banco do Japão. Era um ambiente hostil, especialmente para a renda fixa”, lembra.
“Agora, embora a gente veja a falência de bancos, o ambiente está mais benigno, tanto para a renda fixa quanto para a renda variável. Isso porque a quebra dos bancos está sendo vista como pontual, e não como foi a crise de 2008”, avalia.
Para Scandiuzzi, a crise atual dos bancos americanos é fruto de má gestão de risco de juros com descasamento de prazos, em bancos bastante nichados, que serviam a grandes players de setores específicos, como tecnologia e criptomoedas.
Ele complementa: “Esta crise vai aumentar o conservadorismo dessas instituições na concessão de crédito, aumentando a fiscalização desses bancos menores, regionais”.
A crise, ele diz, está sendo, até certo ponto, bem vista pelo mercado. Isso porque ela tem feito as vezes de aperto monetário do Fed, permitindo uma possível antecipação de fim de ciclo de alta de juros nos EUA.
Para onde vão os juros?
Scandiuzzi enxerga um momento de desinflação ligada a serviços em todo o mundo, que deve culminar com um novo ciclo de juros. Mas, antes, será preciso ver os impactos do aperto monetário no mercado de trabalho, que ainda segue aquecido.
A reorganização das cadeias de suprimento no mundo todo, ele avalia, também tem impactado o ritmo da desinflação.
Isso porque, após pandemia e guerra na Ucrânia, está havendo um realinhamento da produção, com formação de blocos mais alinhados geopoliticamente, para evitar crises de abastecimento como as que ocorreram nestes dois episódios. Tal reorganização, ele diz, tem impacto no custo de produção e, consequentemente, na inflação e no controle da mesma.

Estratégia de investimento
Para formação de carteira, afirmaScandiuzzi, é preciso, primeiro, olhar o perfil do investidor e fazer uma alocação estrutural condizente.
Já na alocação tática, em busca de oportunidades, existe uma tendência de revisão de lucro para baixo das empresas, especialmente as americanas.
Então, ele classifica a posição do BTG como subalocada em renda variável. Em renda fixa, ele tem privilegiado papéis com grau de investimento, inclusive títulos soberanos indexados à inflação (equivalente às NTN-Bs ou títulos IPCA+ no Brasil).
“Não estamos colocando muito peso agora em papéis high yield, justamente por estarmos pouco expostos em bolsa, dada a correlação que existe em ambos”, afirma.
“Agora, como Fed deve fazer o último movimento de alta para depois uma pausa, vale estender a duração do investimento (duration), para já se preparar para um corte de juros mais adiante”, sinaliza.
Investimentos offshore: o que são?
O cenário econômico ainda é desafiador no Brasil no exterior, mas existem oportunidades que garantem uma correta diversificação de investimentos.
Uma das possibilidades disponíveis para os investidores é a abertura de uma empresa de investimento no exterior, a chamada offshore, uma estrutura legal que garante benefícios.
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Ao investir no exterior, o investidor tem algumas vantagens:
- Acesso direto ao mercado global, com uma gama de investimentos muito maior do que o mercado brasileiro;
- Diversificação do patrimônio, inclusive geográfica;
- Proteção ao patrimônio em moeda forte.
Já com a offfshore, a estrutura de investimento no exterior viabiliza ainda:
- Privacidade e maior proteção jurídica ao patrimônio dos sócios;
- Eficiência tributária, com incidência de menos impostos sobre os investimentos;
- Planejamento sucessório desburocratizado.
“Ter empresa de investimento no exterior depende muito do perfil do investidor, mas ter 30% do patrimônio alocado no exterior é um bom número para todo investidor. Isso independentemente de qualquer governo. É preciso ter parte do portfolio descorrelacionado dos riscos brasileiros”, afirma o estrategista-chefe do BTG.
“As pessoas estão começando a entender a relevância da diversificação. Não é aproveitar uma oportunidade porque o Fed subiu juros, mas é algo para ser feito sempre”, enfatiza. E complementa: “É preciso ter esse espírito de diversificação e não ficar só em bonds de empresas brasileiras lá fora. É preciso ter descorrelação”.
Abrir uma offshore ou não?
Scandiuzzi alerta que é preciso olhar com cuidado o objetivo do investimento no exterior e conversar com o assessor de investimento a respeito, para avaliar as melhores estruturas para o investimento internacional.
Hoje em dia, ele diz, não existe nada ilegal em uma estrutura offshore e é algo a ser considerado, de acordo com objetivos e volume patrimonial.
Vale lembrar que o Governo publicou uma Medida Provisória (MP) no último domingo, que prevê a tributação de rendimentos acima de R$ 6 mil recebidos no exterior. Mas a MP ainda precisa passar pelo Congresso. Saiba mais aqui.
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