No início de novembro, a Starbucks dos EUA registrou uma receita recorde de US$ 9,37 bilhões no 3º trimestre de 2023 (3TRI23). O lucro líquido da empresa foi de US$ 1,22 bilhão, um aumento de 39% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Apesar desses números, o sindicato que representa os trabalhadores da Starbucks nos EUA está organizando uma greve para o dia da Red Cup, um dos mais movimentados do ano para a rede de cafeterias. Durante este evento, a empresa distribui copos reutilizáveis com tema natalino.
A greve ocorre em meio a uma disputa entre a Starbucks e o sindicato Starbucks Workers United, que começou a organizar os trabalhadores da empresa em 2021. As partes estão em conflito sobre questões salariais, horários e outros assuntos.
Estima-se que cerca de 200 lojas serão afetadas pela paralisação no dia 16 de novembro.
Em alguns locais, a paralisação deve durar apenas algumas horas, enquanto em outros, a loja pode fechar durante a maior parte do dia.
O sindicato afirma que a ação tem como objetivo chamar a atenção para a recusa da Starbucks em negociar contratos de maneira justa com as lojas sindicalizadas.
Os membros do sindicato também protestam contra as condições de trabalho, incluindo a falta de pessoal adequado em dias promocionais. A Starbucks, que opera cerca de 10 mil lojas nos Estados Unidos, disse que não espera grandes interrupções.
A empresa informa que investiu centenas de milhões de dólares em novos equipamentos, treinamento e salários mais altos, e culpou o sindicato pelos atrasos nas negociações, citando acordos bem-sucedidos em várias lojas no Canadá.
“A Starbucks continua pronta para avançar nas negociações presenciais com os sindicatos certificados para representar os parceiros”, afirmou a empresa em um comunicado à imprensa.
Desde 2021, trabalhadores de pelo menos 350 das cerca de 10 mil lojas da empresa nos Estados Unidos votaram pela adesão ao sindicato. Os membros do sindicato alegam que a empresa tem sido lenta nas negociações e chegou ao ponto de demitir trabalhadores e fechar lojas em uma tentativa de impedir o movimento sindical.
Juízes de direito administrativo nos Estados Unidos concluíram que a empresa violou repetidamente as leis trabalhistas. A Starbucks, que normalmente recorre das decisões, negou qualquer irregularidade.
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Controladora da Starbucks no Brasil pede recuperação judicial
Se nos EUA a receita bateu recorde e parte dos funcionários estão em greve, aqui no Brasil a situação da Starbucks está bastante delicada.
A SouthRock, controladora da cafeteria, da Subway e do Eataly no Brasil, entrou com um pedido de recuperação judicial, com dívidas na casa do R$ 1,8 bilhão.
Em 2018, a gestora fechou um acordo de licenciamento da Starbucks no Brasil. Após o acordo, a rede de cafeteria expandiu as suas operações para fora do eixo Rio-São Paulo. Atualmente, a empresa está presente em nove estados, tendo recentemente alcançado o Nordeste. No Brasil, a Starbucks conta com 190 lojas.
Segundo o Valor Econômico, uma fonte revelou que a expansão da gestora ocorreu de forma caótica. Recentemente, as franquias da rede de cafeterias têm enfrentado desafios para quitar o aluguel de alguns pontos.
Outro informante, sob condição de anonimato ao jornal, compartilhou que a SouthRock está em busca de investidores para obter recursos adicionais e liquidar as dívidas com fornecedores.
Apesar da ampliação para o Nordeste, investigações do Pipeline revelaram que a rede fechou 36 unidades da Starbucks nos últimos meses, incluindo estabelecimentos em Franca, São Paulo, Rio de Janeiro e Canoas. A SouthRock confirmou o encerramento das lojas, mas não detalhou quais foram fechadas.
Enquanto isso nos EUA, a Starbucks Corp., sediada em Seattle, que está listada na bolsa de Nova York (Nyse) com o ticker SBUX, notificou a SouthRock, em 13 de outubro, sobre a rescisão do acordo de licenciamento. Isso implicaria com a retirada do direito da empresa de utilizar a marca aqui no Brasil, mas com o pedido de recuperação judicial, a SouthRock, por enquanto, ainda pode usar a marca no país.