A semana de 17 a 21 de outubro foi marcada, no Brasil, pelo início da temporada de balanços do terceiro trimestre e por muito noticiário político, com pesquisas apontando empate técnico entre Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro.
Para a semana que vem, são aguardados mais dados sobre a corrida presidencial, que acaba no dia 30 (domingo) – veja guia do eleitor aqui. Paralelamente, o mercado estará de olho na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, que acontece na terça e na quarta (25 e 26).
No último encontro do Copom, o comitê optou por manter a Selic, taxa básica de juros, em 13,75%, sinalizando que segue acompanhando de perto os dados de inflação. E que tende a manter a taxa neste patamar por um período prolongado – o mercado projeta que os juros ficam em 13,75% e só comecem a cair a partir de junho de 2023.
No exterior, a primeira-ministra do Reino Unido Liz Truss renunciou ao cargo, cedendo às pressões, após um criticado plano econômico que previa extenso corte de impostos.
Nos EUA, os resultados das empresas no 3TRI22 deram certo ânimo, mas o receio da recessão segue no radar.
Confira o que foi destaque no resumo da semana.
Resumo da semana no Brasil
Início da temporada de balanços
Teve início a temporada de balanços do terceiro trimestre no Brasil, com Sequoia (SEQL3) reportando prejuízo líquido de R$ 11,6 milhões no terceiro trimestre de 2022.
A Assaí (ASAI3) reportou lucro líquido de R$ 281 milhões no 3TRI22, recuo de 47%.
Confira, aqui, o calendário de divulgação dos balanços no 3TRI22 e as expectativas para o trimestre.
De maneira geral, o que se verá nessa temporada do terceiro trimestre, é uma “temporada de transição”, avalia Luís Fernando Moran, head da EQI Research.
Segundo ele, o ambiente no Brasil está melhorando, mas possivelmente não houve tempo suficiente para impactar completamente as empresas da bolsa. A inflação recua, mas sem necessariamente impactar os custos das empresas.
Vale (VALE3): produção de minério cresce 21%
A Vale (VALE3) divulgou que a produção de minério de ferro cresceu 21% no terceiro trimestre do ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. A produção foi de 89,7 milhões de toneladas.
Prévia do PIB surpreende negativamente
O IBC-Br de agosto, considerado uma prévia do PIB, teve recuo de 1,13%, quando a expectativa era de queda de 0,30%.
IGP-10 recua
O Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10), da FGV, caiu 1,04% em outubro, ante queda de 0,90% em setembro e projeção de recuo de 1,02%.
O índice acumula alta de 6,33% no ano e de 7,44% em 12 meses. Comparativamente, em outubro de 2021, o IGP-10 caía 0,31% e acumulava alta de 22,53% em 12 meses.
Inflação do aluguel também cai
O IGP-M, que ajusta os aluguéis, caiu 0,83% na segunda prévia de outubro. No mesmo período do mês anterior, o recuo foi de 0,91%.
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Resumo da semana no exterior
Temporada de balanços
Na temporada de balanços, a Tesla registrou lucro líquido de US$ 3,292 bilhões no 3TRI22, ou US$ 1,05 por ação, acima dos US$ 1,618 bilhão, ou US$ 0,62 por ação, reportado um ano antes.
A IBM registrou prejuízo de US$ 3,2 bilhões, mas o resultado foi afetado por um acordo judicial de US$ 5,9 bilhões. O lucro por ação ajustado da empresa foi de US$ 1,81, um pouco acima da previsão de US$ 1,79 do mercado.
A Netflix (NFLX34) registrou resultados acima do esperado. Com relação ao lucro por ação, este atingiu US$ 3,10 contra projeção de US$ 2,13 por ação. A receita atingiu US$ 7,93 bilhões contra estimativa de US$ 7,837 bilhões. Por fim, o número de assinantes líquidos globais teve um acréscimo de 2,41 milhões ante acréscimo esperado de 1,09 milhão.
A American Airlines teve lucro líquido de US$ 483 milhões, US$ 0,74 por ação, acima dos ganhos do mesmo período de 2021 (US$ 0,25 por ação). Hoje ainda tem resultado da AT&T.
Livro Bege
O Livro Bege, com a atividade nos 12 distritos do Federal Reserve (Fed), apontou que há um aumento do pessimismo por conta das preocupações maiores com uma possível desaceleração econômica. Além disso, há também uma perspectiva sobre aumento moderado de preços.
“O crescimento dos preços manteve-se em patamar elevado, embora tenha sido observada alguma flexibilização em vários distritos. Aumentos significativos nos preços de insumos foram relatados em uma vários segmentos da indústria, embora alguns declínios nos custos de commodities, combustível e frete tenham sido observados”.
Vale lembrar que o mercado projeta uma alta de 0,75 pontos-base nos juros na reunião de política monetária do Fed de novembro e já cogita outra alta subsequente de mais 0,75 para dezembro.
“O CPI (inflação ao consumidor) voltou a bater recorde, tendo o novamente o nível mais alto de inflação em 40 anos, e ficando muito acima do nível aceitável pelo Fed, que é de 2%. Em paralelo, o Fed continua a sinalizar mais aumento de juros”, explica Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset.
Ele afirma que os efeitos do aumento de juros costumam demorar de 12 a 24 meses para começar a ser sentidos nas leituras de inflação. E que, primeiro, devem impactar a atividade e, depois, a inflação. Nos EUA, a escalada de juros começou há sete meses e o mercado de trabalho continua bastante forte, com geração de vagas e queda na taxa de desemprego.
“Segundo nossos modelos próprios, uma taxa de juros básica entre 4,5% e 5% seria suficiente para trazer a inflação de volta para próximo da meta. Acreditamos que a convergência ocorrerá somente em 2024, mas que, ao final de 2023, já devemos observar uma inflação entre 2,5% e 3%, próximo da meta explícita de 2%”, afirma.
Mais uma renúncia no Reino Unido
No Reino Unido, Liz Truss renunciou ao cargo de primeira ministra, após apenas 44 dias no cargo, sendo um dos mandatos mais curtos da história do país.
Até o dia 28, o Partido Conservador – que comanda o parlamento britânico – deverá indicar um novo premier.
Rishi Sunaki, adversário da Truss nas eleições que a elegeram, volta a aparecer com força. Mas até mesmo o nome do antecessor da agora ex-primeira ministra, Boris Johnson, que também renunciou, ganha força para voltar ao cargo. Entenda tudo aqui.
Inflação na Europa
Na zona do euro, a inflação ao consumidor subiu 1,2% em setembro, em linha com o esperado. Na base anualizada, a alta foi de 9,9%, ante projeção de 10%. Na França, os impactos da inflação causam uma onda de greves.
No Reino Unido, a inflação anualizada ficou em 10,1%, acima dos 10% esperados. Foi o maior resultado desde 1982.
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