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Carros elétricos no Brasil: Vale a pena?

Carros elétricos no Brasil: Vale a pena?

As vendas de carros elétricos no Brasil tiveram um aumento de 56,2% em 2023, com um total de 19.310 unidades vendidas, de acordo com dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). 

Apesar do crescimento exponencial, os veículos elétricos ainda representam uma pequena parcela do total de automóveis vendidos no país, com apenas 0,89% do mercado. 

Ainda vale destacar que o mês de dezembro foi o mês com o maior número de emplacamentos da categoria, registrando 6.018 unidades.

Qual foi o carro elétrico mais vendido em 2023?

O BYD Dolphin liderou as vendas anuais, com 6.812 emplacamentos, mesmo tendo sido lançado apenas em junho. O modelo superou as vendas de veículos como o Caoa Chery Tiggo 7 (6.349), Nissan Sentra (4.146) e Citroën C4 Cactus (3.674). O segundo lugar ficou com o Volvo XC40, que teve 2.439 unidades vendidas, seguido pelo BYD Yuan Plus, com 1.756 unidades.

A fabricante chinesa BYD também se destacou por ter o maior número de modelos entre os 15 carros elétricos mais vendidos do Brasil em 2023. Além do Dolphin e do Yuan Plus, a BYD também teve o Seal, que ficou em quarto lugar com 1.040 emplacamentos, e o D1, que ficou em 12º lugar com 323 unidades vendidas.

Apesar de ser o carro elétrico mais barato do Brasil, o Caoa Chery iCar não apareceu entre os 15 primeiros do ranking. O modelo, que custa R$ 119.990, teve apenas 149 registros entre janeiro e dezembro de 2023. O veículo mais barato da lista é o JAC E-JS1, que custa a partir de R$ 126.900 e foi o sétimo mais emplacado do ano, com 506 unidades.

Com as vendas do ano, o total da frota de elétricos em circulação no Brasil agora é de 32.586 veículos. Já o acumulado de eletrificados chegou a 220.431 carros, considerando o período entre janeiro de 2012 a dezembro de 2023.

Venda de carros elétricos e híbridos superaram as expectativas

Em um post no LinkedIn, Luiz Zaka, CEO e Digital Media Operator, destacou que as vendas de veículos elétricos no Brasil superaram todas as expectativas e cresceram 91%, fechando o ano com 93.927 veículos, contando com os veículos híbridos. Os modelos plug-in (recarga externa de bateria) foram responsáveis por 56% das vendas, enquanto os modelos híbridos ficaram com 44%.

Confira abaixo a tabela com os veículos eletrificados (100% elétricos e híbridos) mais vendidos em 2023:

ModeloVeículos vendidos
Toyota Corolla Cross XRX Híbrido10.283
BYD Song7.669
Toyota Corolla Híbrido6.867
BYD Dolphin5.971
CAOA Chery Tiggo 8 Híbrido4.605
GWM Haval H6 Premier Híbrido4.221
GWM Haval H6 GT3.738
GWM Haval H6 Premier2.584
CAOA Chery Tiggo 5X Híbrido2.398
Volvo XC60 T8 Híbrido2.051
Toyota Corolla Cross XRV Híbrido1.832
BYD Yuan1.756
CAOA Chery Tiggo 5X PRO Híbrido1.373
CAOA Chery Tiggo 5X PR Híbrido1.303
Volvo XC60 T8 Plus Híbrido1.190
Volvo XC40 6 Plus 1.119
Audi Q5 Híbrido1.116
Kia Sportage Híbrido1.052
BYD Seal 1.040
Toyota Corolla Altis Híbrido1.018

Apesar do resultado positivo, Zaka projeta um crescimento de 60% para 2024, mesmo com a reimposição do imposto de importação sobre veículos elétricos e o aumento dos veículos híbridos.

Vale a pena comprar um carro elétrico?

Com o mercado de carros elétricos em crescimento, surge a pergunta: vale a pena investir em um? O portal EuQueroInvestir buscou responder a essa questão. Para isso, conversou com especialistas e realizou um levantamento de dados sobre esses veículos, a fim de determinar se a compra de um carro elétrico realmente compensa.

Os carros a combustão ainda são mais baratos que os elétricos

Os preços dos veículos elétricos ainda são elevados quando comparados a veículos de patamares semelhantes. Podemos usar como base o Renault Kwid. A versão mais completa do carro de entrada da montadora francesa, o Intense Pack Biton, está sendo vendida por R$ 77.190. Já a versão de entrada do Renault Kwid E-Tech tem preço inicial de R$ 139.990.

A lista de equipamentos entre os dois veículos é bastante semelhante. A única diferença é que o carro elétrico possui alertas sonoros para a aproximação de pedestres ou outros veículos.

Renault Kwid Elétrico - Divulgação Renault
Renault Kwid Elétrico – Divulgação Renault

Outro exemplo de comparação de valores entre um carro elétrico e um a combustão pode ser feito com o veículo mais vendido da categoria, o BYD Dolphin. No site oficial da BYD, o preço do veículo é de R$ 149.800, tornando-se uma das opções de entrada para os elétricos. Ele é um dos modelos mais simples do mercado e possui dimensões mais compactas que os veículos hatch.

BYD Dolphin - Divulgação BYD
BYD Dolphin – Divulgação BYD

Com um valor próximo a este, é possível comprar o FIAT Pulse Impetus Turbo 200, a versão topo de linha do automóvel, por R$ 134.490, e ainda investir a diferença em outro veículo. Embora as dimensões sejam semelhantes, o FIAT Pulse pertence a um dos segmentos favoritos do brasileiro, o SUV.

Além disso, há a opção do VW Nivus Highline, também topo de linha. O veículo da montadora alemã é vendido por R$ 149.390.

FIAT Pulse e VW Nivus - Divulgação FIAT e VW
FIAT Pulse e VW Nivus – Divulgação FIAT e VW

Se você prefere um veículo mais espaçoso e com um valor próximo do BYD Dolphin, também é possível comprar SUVs compactos com dimensões mais generosas. Por R$ 160.990, você pode adquirir as versões intermediárias do VW T-Cross e do Jeep Renegade, dois veículos bem comercializados no Brasil.

Embora esses modelos ultrapassem o valor do BYD Dolphin em mais de R$ 10 mil, ambos os carros são bem equipados e maiores do que o BYD, além de oferecerem uma segurança de revenda dos veículos.

VW T-Cross e Jeep Renegade - Divulgação VW e Jeep
VW T-Cross e Jeep Renegade – Divulgação VW e Jeep

Um pouco mais barato, mas com as mesmas dimensões do VW T-Cross, há a opção topo de linha e edição limitada do FIAT Fastback Limited Edition Turbo 270. Essa versão é comercializada por R$ 154.490.

FIAT Fastback - Divulgação FIAT
FIAT Fastback – Divulgação FIAT

Vale a pena assinar um carro elétrico ao invés de comprar? 

Se você considera os valores dos veículos elétricos elevados e tem receio quanto à desvalorização desses veículos, uma alternativa é o serviço de assinatura de carros. André Campos, CEO da For You Fleet, reforça essa percepção sobre o custo elevado dos veículos elétricos. 

Devido aos valores, muitos motoristas não veem o carro elétrico como vantajoso. Afinal, toda novidade tende a ser mais cara. No entanto, é importante que os consumidores avaliem o custo-benefício de um veículo híbrido e elétrico em comparação a um veículo a combustão”, comenta.

Campos destaca que a modalidade de assinatura de veículos tem crescido significativamente nos últimos anos. Além disso, as locadoras estão oferecendo uma boa variedade de carros elétricos, incluindo modelos como Mini Cooper SE, BMW i3, BYD e GWM.

O empresário ressalta que muitos clientes têm optado inicialmente pelo aluguel por assinatura, não apenas para otimizar investimentos, mas também para testar um modelo de veículo antes de adquiri-lo. 

É comum ver pessoas alugando carros híbridos, elétricos ou de um modelo específico para entender o desempenho, o uso e a viabilidade do automóvel. Assim, durante o período de locação, decidem se é vantajoso adquiri-lo ou não. Normalmente, no final, acabam renovando o plano de assinatura após conhecer todas as vantagens do modelo”, conclui.

Na For You Fleet, por exemplo, o valor da assinatura começa em R$ 4.990 mensais para o BYD Dolphin. No entanto, Campos lembra que os valores podem variar de acordo com o prazo do contrato e a quilometragem mensal contratada.

Qual é o custo de abastecimento ou carregamento dos carros?

O preço de aquisição de um veículo pode ser um obstáculo para muitos consumidores. No entanto, o custo de abastecimento ou carregamento pode mudar essa perspectiva. 

O custo para abastecer um carro elétrico depende do valor da energia elétrica cobrado no momento e no local do carregamento. Ainda assim, esse custo costuma ser muito menor do que o de veículos movidos a gasolina.

De acordo com a tabela do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV), do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), o Renault Kwid lidera entre os veículos comerciais leves a combustão mais econômicos vendidos no Brasil. A tabela indica que o veículo tem uma autonomia de 15,3 quilômetros por litro de gasolina na cidade.

Considerando o preço médio da gasolina no Brasil, que é de R$ 5,53 (conforme divulgado pela Petrobras), o gasto com combustível para percorrer 100 quilômetros seria de aproximadamente R$ 36.

JAC E-JS1 - Divulgação JAC
JAC E-JS1 – Divulgação JAC

Por outro lado, segundo a descrição do modelo elétrico JAC E-JS1, disponível no site da JAC, o custo de consumo de energia elétrica para cada 100 quilômetros é de R$ 5,34. Esse valor considera uma tarifa de R$ 0,534 por quilowatt-hora na cidade de São Paulo.

Portanto, o custo para rodar 100 quilômetros em um carro elétrico é seis vezes menor do que em um carro a combustão.

Manutenção dos carros elétricos é mais simples, mas custo de bateria ainda assusta

Mecânico de carro elétrico - Freepik
Mecânico de carro elétrico – Freepik

Além do consumo, o custo de manutenção também pode ser um fator importante para quem está considerando a compra de um carro elétrico. Peças como filtros de óleo, de ar e de combustível, além de velas, escapamento e radiador, não são necessárias em carros elétricos.

Em uma reportagem para o Estadão, Milad Kalume, diretor de desenvolvimento de negócios da Jato do Brasil, destacou que um motor elétrico é mais simples que um motor a combustão, tornando sua manutenção mais simples.

No entanto, o custo das baterias pode ser um obstáculo para potenciais compradores. A substituição de uma bateria pode variar de R$ 14 mil a R$ 311 mil.

Nos Estados Unidos, existem casos de seguradoras que não cobrem veículos elétricos ou que declaram perda total do veículo após um simples acidente, devido aos custos associados à substituição da bateria.

Em contrapartida, Kalume tranquiliza os potenciais compradores ao afirmar que as garantias das baterias duram cerca de oito anos, e que a vida útil delas tende a ser ainda maior.

Além disso, o diretor ressalta que, em média, os brasileiros mantêm um carro por três anos. Portanto, é improvável que eles enfrentem problemas com a bateria dos carros durante esse período.

Qual é o custo de instalação para ponto de recarga?

Homem carregando um carro elétrico - Freepik
Homem carregando um carro elétrico – Freepik

Thiago Castilha, diretor da E-Wolf, empresa especializada em soluções para eletromobilidade, informa que o investimento inicial para instalar um ponto de recarga residencial pode variar. Esse investimento pode ser feito por meio de uma assinatura (a partir de R$299 por mês) ou aquisição (equipamento Premium e instalação a partir de R$9.900).

Castilha destaca que uma grande vantagem dos veículos elétricos é a economia. Ao comparar o custo do combustível com o da energia elétrica, a relação é de 1 para 5. Ele prevê que esse custo tende a diminuir com a chegada do mercado livre de energia.

Segundo Castilha, em 80% do tempo, os condutores carregarão seus veículos em casa, e nos 20% restantes, o carregamento ocorrerá em locais públicos, seja na estrada ou em estabelecimentos comerciais.

Dessa forma, a demanda por infraestrutura residencial já é uma realidade e está crescendo, acompanhando o ritmo do mercado de veículos elétricos no Brasil“, complementa Castilha.

Ele ainda reforça que os carregadores se pagam rapidamente, especialmente quando comparados com o preço do combustível.