Diversificar investimentos internacionalmente não deve ser encarado como uma decisão de timing, mas um pilar estrutural de qualquer carteira. No passado, esse tipo de investimento era acessível apenas a um grupo restrito de investidores, devido aos aportes mínimos elevados e à complexidade operacional.
Hoje, com o avanço das plataformas digitais, essas barreiras foram superadas. Nossa visão é que, em breve, para cada conta local, haverá também uma conta internacional aberta.
A escolha dos ativos mais adequados, é claro, depende dos objetivos individuais de cada investidor. Clientes conservadores, por exemplo, tendem a optar por títulos de renda fixa de alta qualidade, como Treasuries americanos, papéis corporativos de grau de investimento e fundos de renda fixa global.
No dia a dia, esse perfil de investidor busca essencialmente preservação de capital e proteção cambial. As principais preocupações estão relacionadas à volatilidade do câmbio e aos riscos geopolíticos que possam impactar os mercados globais.
Contudo, observamos uma migração nos ativos desse perfil. Parte do portfólio local vem sendo direcionada para ativos internacionais em dólar, com o objetivo de obter segurança e diversificação. Atualmente, clientes com mais de R$ 1 milhão já possuem conta internacional e alocam, em média, 10% da carteira fora do Brasil. A expectativa é que essa participação chegue gradualmente a 30%.
Esse movimento pode ser explicado pelo histórico de alocação internacional entre clientes Private. O que se observa agora é um processo de democratização, semelhante ao que ocorreu no mercado local com as corretoras independentes, que ampliaram o acesso a produtos antes restritos aos bancos.
Algumas plataformas internacionais seguiram a mesma lógica: removeram barreiras e permitiram que investidores de varejo e alta renda acessassem ativos globais de forma simples e competitiva.
Diversificação internacional: Alocação por perfil de investidor
Em termos de distribuição média, investidores conservadores internacionais mantêm cerca de 60% da carteira em renda fixa de alta qualidade. O restante é alocado em ativos de diversificação, como REITs, fundos de private credit e estruturas como triple net lease.
As contas internacionais oferecem acesso ao mercado global, não apenas aos Estados Unidos. A preferência da corretora EQI é por alocar recursos via gestores globais e renomados, com gestão ativa e fundamentalista, o que naturalmente dilui o impacto de medidas pontuais, como as sanções impostas pelo governo Donald Trump.
O principal cuidado que o investidor conservador deve tomar é evitar buscar retornos acima do que o perfil comporta. O foco deve estar em liquidez, qualidade de crédito e diversificação em moeda forte, sempre com uma visão de longo prazo.
Para o investidor arrojado, o foco está em ativos alternativos, como fundos de infraestrutura, estruturas de triple net lease e crédito estruturado. Além disso, equities globais continuam sendo um pilar importante da alocação.
Mesmo investidores arrojados buscam proteção contra riscos de curto prazo. As principais preocupações estão ligadas à volatilidade de mercado e às incertezas geopolíticas.
Também há migração de ativos nesse perfil. Muitos clientes que antes concentravam 100% da renda variável no Brasil estão gradualmente diversificando internacionalmente.
Esse movimento é explicado pela concentração do mercado local em poucos setores. A diversificação internacional permite acesso a economias, setores e empresas que não estão disponíveis na Bolsa brasileira.
A distribuição média das carteiras arrojadas internacionais normalmente inclui entre 50% e 60% em equities globais, 20% em alternativos e private equity, e entre 20% e 30% em renda fixa.
É válido reforçar que as sanções impostas pelo governo Trump afetam de forma mais direta esse perfil, principalmente em setores como tecnologia chinesa e cadeias globais de suprimento. Cuidados adicionais envolvem diversificação geográfica e setorial como principais mitigadores de risco.
Por isso, é essencial que investidor esteja bem assessorado, para uma gestão ativa e seletiva que lhe permita navegar nesse ambiente com mais segurança, separando oportunidades reais de ruídos de curto prazo.
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