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Acordo de Plaza completa 40 anos: Marink Martins analisa as lições para o mercado hoje

Acordo de Plaza completa 40 anos: Marink Martins analisa as lições para o mercado hoje

Quarenta anos depois do Acordo de Plaza, que marcou a história do mercado financeiro global em 1985 ao coordenar a desvalorização do dólar entre as maiores economias do mundo, investidores voltam a discutir movimentos semelhantes diante das pressões atuais sobre a moeda norte-americana.

Quarenta anos depois do Acordo de Plaza, que marcou a história do mercado financeiro global em 1985 ao coordenar a desvalorização do dólar entre as maiores economias do mundo, investidores voltam a discutir movimentos semelhantes diante das pressões atuais sobre a moeda norte-americana.

O Acordo de Plaza foi um pacto firmado em 1985, no hotel Plaza, em Nova York, entre as cinco maiores economias da época — Estados Unidos, Japão, Alemanha Ocidental, França e Reino Unido, o chamado G5. O objetivo era enfrentar o problema da forte valorização do dólar, que estava prejudicando as exportações americanas e desestabilizando o comércio global.

Para isso, os países combinaram uma ação coordenada: os bancos centrais passaram a intervir nos mercados cambiais, vendendo dólares e comprando outras moedas. A estratégia funcionou rapidamente: o dólar se desvalorizou de forma significativa frente ao iene e ao marco alemão, reequilibrando parte do comércio internacional e mostrando o poder de uma ação conjunta entre grandes economias.

40 anos do Acordo de Plaza e a reviravolta chinesa

A lembrança do episódio coincide com outro marco: o aniversário de um ano da virada no mercado acionário chinês, após um ciclo de fortes perdas no período pós-pandemia.

Segundo análise de Marink Martins, analista internacional da EQI Research, a China passou por uma transição estrutural — de um modelo calcado na construção civil para um novo ciclo liderado pela indústria e pela exportação de alta tecnologia.

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“O país se tornou o maior exportador do mundo, com superávit de US$ 1 trilhão, líder na produção de carros e dominando cadeias estratégicas como a de baterias”, explica.

O mercado acionário chinês, que vinha sendo considerado “inviável” por parte de investidores internacionais, surpreendeu em 2024. Índices como o Hang Seng, em Hong Kong, acumularam alta de mais de 10 mil pontos desde a mínima. Bolsas de Shenzhen e Xangai também dispararam, com ganhos de 70% e 40%, respectivamente, em dólares.

Um dos marcos dessa virada foi a movimentação do gestor americano David Tepper, da Appaloosa Capital Management, que em setembro de 2024 declarou publicamente que era hora de “comprar tudo na China”. A aposta se mostrou certeira.

Martins destaca que esse ponto de inflexão também teve caráter geopolítico: à medida que a Índia ameaçava superar a China em peso nas carteiras globais de emergentes, Pequim reagiu.

“Na visão chinesa, isso não podia acontecer. Foi o catalisador para a transformação”, afirma.

O contraste com o Brasil

Se na China e em outros emergentes houve recuperação, o Brasil não acompanhou. O Ibovespa segue próximo aos 140 mil pontos, o mesmo patamar de setembro de 2024, o que representa uma forte subperformance frente ao México e a outros pares.

Para Martins, parte dessa estagnação se explica pela condução da política econômica brasileira. Em dezembro passado, mês tradicionalmente positivo para a Bolsa, o mercado reagiu mal às idas e vindas na comunicação do governo federal e às incertezas fiscais. O resultado foi a maior saída de capital externo desde os anos 1990: US$ 30 bilhões deixaram o país em apenas um mês.

“O Brasil ficou para trás, mas está barato. A festa nos mercados está apenas começando, e o maior erro do investidor nesse momento é vender cedo demais”, avalia o analista.

Um “Plaza Light” no horizonte?

No cenário internacional, Martins aponta que a relação entre Estados Unidos e China caminha para um reequilíbrio, com negociações em torno de temas sensíveis como a operação do TikTok e o uso de metais raros. Além disso, a pressão de grandes economias pode levar a uma nova onda de coordenação cambial, em um movimento que já vem sendo chamado de “Plaza Light”.

“A história mostra que o dólar nunca cai sozinho. São necessários acordos multilaterais para isso, como em 1985. Hoje, a possibilidade está na mesa”, afirma.

Com a bolsa chinesa em recuperação, o Japão renovando máximas e os EUA ainda em ritmo de crescimento, Martins acredita que o Brasil terá de reagir para não ficar para trás.

“Não é possível que a China, o Japão e até o México avancem e o Brasil siga estagnado. O país está descontado e pode se beneficiar desse novo ciclo global”, conclui.


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