O presidente dos EUA, Donald Trump, e o líder chinês, Xi Jinping, fizeram “progressos significativos” em direção a um acordo para manter o TikTok operando nos Estados Unidos.
De acordo com as informações da CNBC, os mandatários das duas maiores economias do mundo conversaram por cerca de três horas por telefone. Mesmo com os avanços do acordo do TikTok, os dois não chegaram a um acordo final sobre o que acontecerá com a plataforma de vídeos curtos devido a narrativas conflitantes entre eles, afirmou um funcionário da Casa Branca.
O telefonema era visto como um passo importante para finalizar um acordo, após a ByteDance, empresa controladora chinesa do TikTok, ter sido pressionada por uma lei federal americana a vender seus negócios nos EUA ou enfrentar um bloqueio total no país.
Apesar de ter sinalizado durante a semana que um acordo estava praticamente selado, chegando a afirmar na terça-feira que “temos um acordo sobre o TikTok”, a chamada com Xi era necessária para “confirmar tudo”.
Após a conversa, Trump expressou otimismo em sua rede social, a Truth Social.
“Acabei de concluir uma chamada muito produtiva com o presidente Xi da China. Fizemos progressos em muitas questões importantes, incluindo Comércio, Fentanil, a necessidade de pôr fim à guerra entre a Rússia e a Ucrânia e a aprovação do Acordo TikTok”, escreveu ele.
Trump também anunciou que ele e Xi concordaram em se encontrar durante a cúpula do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC) na Coreia do Sul e mencionou futuras visitas mútuas à China e aos EUA.
No entanto, a agência de notícias estatal chinesa Xinhua apresentou uma versão mais cautelosa, indicando um distanciamento entre as duas partes.
“A posição da China sobre a questão do TikTok é clara: o governo chinês respeita a vontade das empresas e tem o prazer de ver as empresas conduzirem negociações comerciais com base nas regras de mercado e alcançarem soluções que cumpram as leis e regulamentos chineses e equilibrem os interesses”, afirmou o comunicado.
O texto também comentou que ainda tem a esperança de que os EUA ofereçam um “ambiente de negócios aberto, justo e não discriminatório” para as empresas chinesas.
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Mesmo com os “progressos significativos”, EQI Research pede cautela com o acordo
Para analistas, a discrepância entre os relatos sugere que o caminho para um acordo ainda é complexo. Segundo Marink Martins, analista da EQI Research, a narrativa de Trump precisa ser vista com cautela.
“Parece que toda a narrativa associada ao TikTok, essa contada e cantada por Trump ao longo dessa semana, não é bem assim. Ainda tem muita coisa para sair”, avalia Martins.
Para o analista, o ponto mais relevante da conversa foi a sinalização de um encontro presencial na cúpula da APEC, agendada para o final de outubro na Coreia do Sul. Martins sugere que essa reunião pode abrir portas para negociações econômicas mais amplas.
“Eu acho que ali a gente tem a possibilidade de um Plaza Light”, afirmou, referindo-se a uma versão mais branda do Acordo de Plaza de 1985, que resultou em uma forte desvalorização do dólar. Essa possibilidade, segundo ele, poderia beneficiar tanto os EUA quanto a China.