No cenário financeiro brasileiro, investidores podem acessar uma diversa gama de opções para alocação de recursos, cada uma com suas características e níveis de risco associados. Entre as opções mais discutidas estão os investimentos atrelados ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário), passando por investimentos em fundos de renda fixa, crédito, ações e fundos multimercados, categoria que engloba diversas estratégias de investimento, como os Fundos Quantitativos.
Enquanto o CDI tem sido uma referência para diversos portfólios, oferecendo uma previsibilidade de retornos alinhada às taxas de juros, os Fundos Quantitativos surgem como alternativas avançadas que utilizam modelos matemáticos e algoritmos para maximizar os retornos, muitas vezes superando os benchmarks tradicionais.
Este artigo visa explorar as características, vantagens e desvantagens de cada tipo de investimento, proporcionando uma análise detalhada que possa auxiliar investidores a entender melhor onde e como alocar seus recursos de acordo com seus perfis e objetivos. Ao comparar essas duas modalidades, buscamos não apenas delinear as diferenças fundamentais entre elas, mas também destacar como podem se complementar numa estratégia de investimento diversificada.
CDI ou Fundos Quantitativos: o que é CDI?
O Certificado de Depósito Interbancário (CDI) é uma das taxas de referência mais importantes do mercado financeiro brasileiro. Originalmente, representava o custo do dinheiro emprestado entre os bancos, uma ferramenta essencial para o ajuste diário das reservas das instituições financeiras. Com o tempo, o CDI evoluiu para além de sua função inicial, tornando-se um benchmark para a rentabilidade de diversos produtos de renda fixa.
Produtos financeiros como Certificados de Depósito Bancário (CDBs), Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), e Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) são frequentemente indexados ao CDI. Isso significa que o retorno desses investimentos está diretamente ligado à variação desta taxa, que por sua vez acompanha de perto a taxa básica de juros, a Selic.
No ambiente de investimentos, ativos indexados ao CDI são apreciados por sua clareza e previsibilidade, servindo como uma referência de baixo risco para investidores conservadores que buscam proteger seu capital enquanto ganham uma rentabilidade alinhada com os principais indicadores econômicos do país.
A popularidade do CDI como referência de rendimento torna-o um ponto de comparação essencial para avaliar a performance de outros produtos financeiros, incluindo Fundos Quantitativos e estratégias de gestão ativa.
CDI ou Fundos Quantitativos: o que são Fundos Quantitativos?
Fundos Quantitativos representam uma classe de estratégias de investimento que emprega modelos matemáticos avançados e computação intensiva para tomar decisões de investimento.
Esses fundos são administrados por gestores que utilizam algoritmos para analisar grandes volumes de dados, identificar padrões e identificar possíveis movimentos de mercado de forma a maximizar retornos e minimizar riscos.
As estratégias utilizadas pelos Fundos Quantitativos variam bastante, mas costumam incluir técnicas de factor investing, machine learning, otimização de portfólio e análise estatística.
Esses métodos permitem que os fundos estejam mais aderentes às informações do mercado e explorem eficientemente oportunidades em diferentes classes de ativos, como ações, títulos, commodities e moedas.
Um dos grandes atrativos dos Fundos Quantitativos é a sua capacidade de descorrelacionar dos mercados tradicionais, oferecendo potenciais ganhos mesmo em períodos de baixa nos mercados convencionais. Isso é possível graças à natureza sistemática e baseada em regras dos modelos quantitativos, que buscam eliminar o viés humano e emocional na tomada de decisões de investimento.
Dessa forma, os Fundos Quantitativos são indicados para investidores que buscam diversificação e exposição a estratégias inovadoras de investimento, capazes de captar tendências e movimentos que métodos tradicionais poderiam não detectar.
Comparação entre CDI e Fundos Quantitativos
A escolha entre investimentos atrelados ao CDI e Fundos Quantitativos envolve uma avaliação cuidadosa de fatores como perfil de risco, retorno esperado e estratégias de diversificação. Ambos possuem suas particularidades que podem ser mais ou menos atrativas dependendo das necessidades e objetivos do investidor.
Perfil de risco
Investimentos atrelados ao CDI são conhecidos por sua segurança e previsibilidade. A rentabilidade desses investimentos segue de perto as flutuações da taxa Selic, o que os torna uma opção de baixo risco, especialmente em um ambiente econômico estável.
Por outro lado, os Fundos Quantitativos, dependendo de suas estratégias específicas, podem apresentar um perfil de risco mais elevado. Eles operam com modelos complexos que, apesar de oferecerem a possibilidade de altos retornos, também podem resultar em perdas significativas em cenários de mercado adversos.
Retornos esperados
O CDI serve frequentemente como benchmark para investimentos em renda fixa, oferecendo retornos modestos, mas consistentes.
Em contraste, Fundos Quantitativos têm o potencial de gerar retornos superiores, explorando ineficiências de mercado e ajustando-se dinamicamente a diferentes condições de mercado. Essa capacidade de adaptação pode permitir que Fundos Quantitativos superem significativamente o CDI em períodos de alta volatilidade ou quando mercados tradicionais estão em baixa.
Diversificação de investimentos
Enquanto os investimentos atrelados ao CDI são predominantemente focados em Renda Fixa, Fundos Quantitativos oferecem uma ampla diversificação através de diferentes classes de ativos e mercados. Esta diversificação não apenas reduz o risco global do portfólio, mas também aumenta as chances de capturar retornos em várias frentes.

Considerações para investidores
Investidores que valorizam a segurança e a previsibilidade podem preferir investimentos atrelados ao CDI.
No entanto, aqueles dispostos a aceitar maior risco em busca de retornos potencialmente mais altos podem encontrar nos Fundos Quantitativos uma opção atraente. A escolha entre esses dois tipos de investimento deve estar alinhada ao perfil de risco do investidor, seus objetivos financeiros e seu horizonte de investimento.
Considerações para investidores
Ao decidir entre investimentos atrelados ao CDI e Fundos Quantitativos, os investidores devem considerar cuidadosamente seu próprio perfil de risco, objetivos de investimento e horizonte de tempo.
Para aqueles que priorizam estabilidade, investimentos atrelados ao CDI podem ser mais adequados. Eles oferecem retornos previsíveis e são menos suscetíveis a volatilidades do mercado, alinhando-se bem com estratégias conservadoras de preservação de capital.
Por outro lado, investidores que buscam maximizar retornos e estão dispostos a assumir maiores riscos podem se beneficiar das oportunidades que os Fundos Quantitativos apresentam. Esses fundos exploram técnicas avançadas e diversificação em várias classes de ativos, potencialmente oferecendo ganhos superiores durante condições de mercado favoráveis.
É fundamental que os investidores entendam as metodologias e os riscos associados a cada tipo de investimento, CDI ou Fundos Quantitativos. Consultar um profissional financeiro pode ser uma etapa prudente para garantir que a escolha esteja alinhada com as metas financeiras e a tolerância ao risco individual.
Por Luciano França, economista e sócio-fundador da Avantgarde Asset Management, gestora especializada em fundos de investimento sistemáticos.