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O que vem depois do Pix?

O que vem depois do Pix?

O Pix revolucionou a forma como o brasileiro movimenta dinheiro. Em poucos anos, o sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central (BC) se tornou o principal meio de transferência do país, presente em praticamente todos os segmentos da economia. Mas a pergunta que começa a ganhar força é: o que vem depois do Pix?

Para o BC, a jornada da digitalização financeira ainda está em curso. O Pix foi apenas a fundação de um ecossistema mais amplo, que conecta pagamentos, identidade digital e compartilhamento de dados bancários. 

É o que especialistas chamam de “Brazil Stack” — uma combinação entre Pix, Open Finance e Gov.br — que está preparando o terreno para o próximo grande salto: o Drex, o real digital.

Do Pix ao Brazil Stack: a base da transformação

Lançado em 2020, o Pix nasceu com uma missão simples: tornar as transferências financeiras mais rápidas e acessíveis. A adesão foi imediata — em menos de dois anos, ele já superava cartões de débito, TED e DOC somados. Hoje, são mais de 78 bilhões de transações anuais, e o sistema já movimenta trilhões de reais por ano.

Mas o verdadeiro impacto do Pix não está apenas na velocidade das transações. Ele abriu espaço para uma infraestrutura digital integrada, onde o dinheiro, a identidade e os dados bancários passam a conversar entre si.

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O Open Finance, por exemplo, permite que o cliente autorize o compartilhamento de suas informações financeiras entre instituições, facilitando o acesso a crédito e produtos personalizados. Já o Gov.br funciona como uma identidade digital, centralizando autenticações e validações de documentos.

Juntos, esses elementos formam um ecossistema que dá sustentação ao Drex — uma moeda nativa digital, programável e controlada pelo Banco Central.

Drex: o real digital e o início do dinheiro programável

O Drex é uma Moeda Digital de Banco Central (CBDC), ou seja, a versão totalmente digital do real. Assim como a nota física, ele é emitido e garantido pelo Banco Central. A diferença é que o Drex existe apenas em formato eletrônico, operando dentro de uma rede segura e programável.

A principal inovação está na programabilidade — a capacidade de criar regras automáticas para a movimentação do dinheiro. Isso significa que uma transação só acontece quando determinadas condições são cumpridas.

Em vez de depender de intermediários ou processos manuais, o Drex utiliza contratos inteligentes (smart contracts), que executam automaticamente os acordos registrados. Essa lógica abre espaço para um novo tipo de economia, onde o dinheiro “sabe o que deve fazer”.

Do pagamento instantâneo à transação inteligente

O Pix resolveu o problema da velocidade. O Drex chega para resolver o problema da confiança. Imagine uma compra de imóvel: no modelo atual, o comprador faz o pagamento e aguarda que o vendedor entregue a documentação — um processo que envolve bancos, cartórios e diversos intermediários.

Com o Drex, o pagamento e a transferência do bem podem ocorrer simultaneamente, dentro de um contrato inteligente. Se uma das condições não for atendida, a operação é automaticamente cancelada. Esse modelo elimina riscos, reduz custos e dá segurança jurídica às transações.

É a transição do “pagamento instantâneo” para o dinheiro inteligente — uma moeda capaz de executar instruções sem intervenção humana.

O papel do Open Finance e da identidade digital

O avanço do Drex não ocorre isoladamente. Ele se apoia em outros dois pilares já em funcionamento: o Open Finance e o Gov.br.

O Open Finance conecta mais de 800 instituições financeiras e já ultrapassa 40 milhões de usuários ativos, permitindo que os consumidores acessem produtos mais competitivos e personalizados.

O Gov.br, por sua vez, soma mais de 160 milhões de cadastros e será a base de autenticação para o Drex — garantindo que apenas usuários devidamente verificados possam operar dentro do sistema.

Essa integração entre pagamento, identidade e dados cria um ambiente onde a circulação de dinheiro é totalmente digital, segura e rastreável, sem perder o sigilo garantido pela legislação bancária.

Os bastidores do Drex: gravames e redução do custo do crédito

Embora o Drex seja apresentado como o futuro da moeda digital, sua implementação será gradual. A primeira fase, prevista para 2026, não chegará diretamente ao consumidor. Ela será voltada ao mercado financeiro, com foco na reconciliação de gravames — o registro eletrônico das garantias de crédito.

Na prática, isso significa criar uma base única e automatizada onde bancos e instituições poderão consultar, validar e negociar garantias de forma padronizada. Com mais transparência e segurança, o risco de inadimplência cai — e, consequentemente, o custo do crédito tende a diminuir.

Assim como aconteceu com o Pix, o Drex também começará “nos bastidores” antes de se popularizar entre os usuários.

Brasil como modelo global

Com Pix, Open Finance e Drex, o Brasil constrói um dos sistemas financeiros mais avançados do mundo. Poucos países conseguiram integrar, de forma coordenada, pagamentos instantâneos, identidade digital e infraestrutura programável.

Enquanto outras economias ainda discutem os primeiros passos de suas moedas digitais, o Brasil já consolida uma base sólida — capaz de integrar blockchain, inteligência artificial e tokenização em escala nacional.

Essa trajetória transforma o país em referência global de inovação financeira, posicionando-o à frente de mercados como o europeu e o norte-americano no campo das finanças digitais.

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O próximo capítulo

O Drex é o alicerce do que vem a seguir: uma economia onde o dinheiro é programável, as transações são automatizadas e o crédito é mais acessível. Mas essa revolução ainda está em construção — e o seu sucesso dependerá não só da tecnologia, mas também da educação financeira e da inclusão digital.

O que vem depois do Pix, portanto, é muito mais do que uma nova forma de pagar. É a consolidação de uma nova infraestrutura financeira nacional, onde o dinheiro se torna parte ativa do sistema digital que o Brasil vem construindo.

O novo dinheiro: tokenização, crédito e segurança

Se o Pix simplificou o ato de pagar, o Drex promete transformar a própria lógica do dinheiro. Na primeira parte desta série, explicamos como o Banco Central está construindo a infraestrutura da nova economia digital — um ecossistema que integra o Pix, o Open Finance e o Gov.br. Agora, o foco é entender como essa engrenagem tecnológica vai mudar o crédito, os investimentos e a segurança das transações financeiras no Brasil.

O real digital marca o início de uma etapa em que o dinheiro deixa de ser apenas um meio de troca e passa a ser programável, rastreável e inteligente. Por trás desse conceito estão duas forças principais: tokenização de ativos e contratos inteligentes — tecnologias que prometem redesenhar a estrutura do mercado financeiro e democratizar o acesso a produtos antes restritos a grandes investidores.

Tokenização: quando ativos ganham versão digital

Na prática, tokenizar significa transformar um ativo real — como um imóvel, uma ação, um título de crédito ou até um fundo de investimento — em uma representação digital registrada em uma plataforma segura.

Cada token equivale a uma fração desse ativo e pode ser negociado de forma automática, com liquidação instantânea e rastreabilidade total. É como se o mercado financeiro ganhasse uma infraestrutura “24/7”, sem a necessidade de intermediários para validar ou registrar cada transação.

O Banco Central enxerga a tokenização como um dos pilares do Drex. A partir dessa tecnologia, será possível fracionar ativos de alto valor, abrindo espaço para que investidores de varejo participem de operações antes limitadas a grandes instituições.

Imagine um prédio comercial avaliado em R$ 10 milhões. Hoje, ele só pode ser vendido integralmente ou por meio de fundos imobiliários complexos. Com a tokenização, o mesmo ativo poderia ser dividido em milhares de tokens digitais — cada um representando uma pequena fração do imóvel. Isso permite que qualquer pessoa, com valores menores, possa investir em partes desse bem, democratizando o acesso e ampliando a liquidez do mercado.

Crédito mais barato e garantias automatizadas

Outro impacto direto do Drex está na redução do custo do crédito. Atualmente, quando uma pessoa ou empresa solicita um financiamento, as garantias precisam ser verificadas manualmente — o que envolve cartórios, registros e diferentes bases de dados. Esse processo é caro, lento e sujeito a erros.

A primeira fase do Drex, prevista para 2026, vai atacar exatamente esse ponto. O Banco Central quer usar a moeda digital como base para a reconciliação de gravames — um sistema padronizado de registro e validação de garantias.

Com isso, as instituições financeiras poderão consultar e confirmar automaticamente se um bem está livre de pendências antes de liberarem crédito. Essa automação reduz a burocracia e, principalmente, o risco de inadimplência, que é um dos principais fatores que encarecem os juros cobrados ao consumidor.

O resultado esperado é um sistema de crédito mais transparente e eficiente, com custos menores e acesso ampliado — especialmente para pequenas empresas e pessoas físicas que hoje enfrentam barreiras para obter financiamento.

Segurança e privacidade no centro do debate

A adoção do Drex traz ganhos de eficiência, mas também levanta uma discussão sensível: como garantir a privacidade das informações financeiras em um ambiente totalmente digital?

O Banco Central afirma que o Drex seguirá os mesmos padrões de sigilo e proteção de dados já aplicados ao sistema bancário tradicional. Isso inclui a Lei Complementar nº 105, que trata do sigilo bancário, e a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Mesmo assim, o tema é delicado. Especialistas apontam que a tecnologia por trás do Drex — baseada em redes de registro distribuído — exige um equilíbrio entre transparência e anonimato. As transações precisam ser auditáveis, mas sem permitir que qualquer parte tenha acesso a informações sensíveis sobre os usuários.

Por isso, o Banco Central tem priorizado uma abordagem conservadora. O uso da blockchain, por exemplo, foi limitado a ambientes controlados, de modo a garantir o cumprimento das normas de privacidade e a segurança das operações.

Inclusão digital: o novo desafio da política monetária

Se o Drex quer democratizar o acesso ao crédito e aos investimentos, há um obstáculo prático que precisa ser vencido: a inclusão digital. Embora o Brasil tenha mais de 200 milhões de smartphones em uso, ainda há uma parcela da população sem acesso constante à internet de qualidade — especialmente em regiões rurais e nas periferias urbanas.

Para que o Drex atinja seu potencial, será necessário ampliar o acesso à conectividade e fortalecer a educação financeira digital. De nada adianta uma tecnologia avançada se parte dos brasileiros não puder participar do novo ecossistema financeiro.

O próprio Banco Central reconhece esse desafio. A estratégia é que a digitalização avance de forma gradual, começando pelas instituições financeiras e, aos poucos, chegando ao usuário final, à medida que as ferramentas se tornem mais intuitivas e acessíveis.

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Regulação e estabilidade: o equilíbrio necessário

A criação de uma moeda digital estatal exige uma estrutura regulatória sólida.
O Banco Central vem conduzindo testes com instituições financeiras e fintechs para garantir que o Drex opere de forma segura, interoperável e em conformidade com as normas internacionais.

Entre as preocupações estão a prevenção à lavagem de dinheiro (AML), a segurança cibernética e a resiliência operacional do sistema. O Drex será parte do Sistema Financeiro Nacional, o que implica padrões rígidos de controle e rastreabilidade — um diferencial em relação às criptomoedas privadas, que não possuem supervisão estatal.

Essa solidez regulatória deve ser um dos fatores que diferenciarão o Brasil no cenário global, oferecendo um modelo de moeda digital estável e confiável.

O Drex como base do novo mercado financeiro

Quando o Drex estiver plenamente implementado, ele funcionará como o “motor invisível” do sistema financeiro brasileiro. Sua infraestrutura vai permitir a integração entre bancos, fintechs, plataformas de investimento e registradoras, criando um ambiente de liquidação instantânea e contratos automáticos.

A longo prazo, isso abre espaço para a criação de novos produtos financeiros digitais, como debêntures tokenizadas, seguros inteligentes e investimentos automatizados com liquidação em tempo real.

Em essência, o Drex representa a transição do dinheiro como instrumento de troca para o dinheiro como infraestrutura de inovação.

Com ele, o crédito pode ser concedido de forma mais segura, os ativos passam a ser mais acessíveis e o sistema financeiro ganha eficiência — consolidando o Brasil como um dos líderes mundiais na digitalização das finanças.

Pagamentos invisíveis e o futuro do consumo digital

O Pix redefiniu o jeito de transferir dinheiro no Brasil. O Drex promete mudar a própria estrutura do sistema financeiro. Mas a revolução não para aí.
A próxima fronteira da inovação está no comportamento do consumidor — e ela se chama pagamentos invisíveis.

A ideia é simples: o ato de pagar está desaparecendo. Transações financeiras se tornam automáticas, discretas e integradas à experiência de compra. Em vez de sacar o celular, escanear um QR Code ou digitar uma senha, o pagamento acontece em segundo plano — ativado por biometria, reconhecimento facial ou inteligência artificial.

O que antes parecia futurista já começa a ser realidade. E o Brasil, mais uma vez, está no centro dessa transformação.

Da carteira física ao celular — e do celular ao invisível

Nos últimos cinco anos, o celular substituiu o cartão e a carteira. Hoje, é possível pagar contas, enviar dinheiro, contratar investimentos e até abrir uma conta bancária com poucos toques na tela.
Essa transição para o digital criou um terreno fértil para a próxima etapa: tirar o pagamento de cena.

Com o avanço das carteiras digitais, o consumidor brasileiro se acostumou a usar o smartphone como uma “carteira no bolso”. De acordo com o Global Payments Report 2025, produzido pela Worldpay, até 2030 os pagamentos digitais devem representar mais de 80% do valor gasto no e-commerce brasileiro. A tendência é que a tecnologia se estenda também para o varejo físico, transformando completamente a jornada de compra.

O objetivo é eliminar o atrito: menos senhas, menos etapas e mais conveniência.
Em lojas autônomas, por exemplo, o cliente entra, escolhe o produto e sai. O sistema reconhece o item e cobra automaticamente do cartão ou carteira cadastrada. Nos transportes públicos, a catraca identifica o passageiro e debita o valor da conta. E nas plataformas de streaming ou delivery, o pagamento já acontece sem qualquer interação.

Pagamentos invisíveis: a experiência que define o consumo

O consumidor moderno não quer apenas praticidade — ele quer fluidez.
Os pagamentos invisíveis representam o ponto máximo dessa experiência, onde a transação deixa de ser um momento separado da compra e passa a fazer parte de um processo contínuo.

A inteligência artificial e a biometria são os grandes motores desse avanço.
Elas permitem que cada compra seja personalizada e validada em segundos, sem comprometer a segurança. O reconhecimento facial, por exemplo, já começa a ser usado em estádios, aeroportos e eventos, com integração direta aos sistemas de cobrança.

Essa integração entre dados, comportamento e pagamento cria um ecossistema em que o dinheiro circula automaticamente, ajustando-se às preferências de cada usuário.
É o mesmo princípio do Drex e do Open Finance, agora aplicado ao consumo cotidiano: menos intermediários, mais automação e experiências sob medida.

BNPL: o novo crédito no ponto de venda

Outra tendência que deve ganhar força nos próximos anos é o BNPL (Buy Now, Pay Later) — ou “Compre agora, pague depois”.
O modelo, que já movimenta centenas de bilhões de dólares globalmente, se encaixa perfeitamente no comportamento do consumidor brasileiro, acostumado ao parcelamento sem juros.

Na prática, o BNPL funciona como um crédito instantâneo integrado ao checkout.
O cliente escolhe o produto, divide o pagamento em parcelas e conclui a compra sem precisar negociar limites ou preencher formulários.
A análise de risco ocorre em tempo real, com base em dados do Open Finance, histórico de consumo e renda disponível.

Com o avanço do Drex, esse tipo de operação tende a se tornar ainda mais eficiente — já que o crédito poderá ser programado, lastreado em garantias digitais e liquidado automaticamente.
É a fusão entre conveniência, personalização e segurança.

O papel do Brasil na revolução global

Enquanto outros países ainda discutem a adoção de pagamentos instantâneos, o Brasil avança em direção a um sistema totalmente integrado — do Pix ao Drex, passando pelos pagamentos invisíveis.
O país se tornou um verdadeiro laboratório de inovação financeira, com o Banco Central liderando a agenda de modernização e as fintechs ampliando o alcance das soluções digitais.

Essa combinação de políticas públicas e tecnologia privada criou um ambiente competitivo e acessível, onde o consumidor é o maior beneficiado.
Os próximos anos devem consolidar o Brasil como referência global em experiência de pagamento digital, com destaque para três pilares:

  • Velocidade, representada pelo Pix;
  • Inteligência, viabilizada pelo Drex;
  • Experiência, proporcionada pelos pagamentos invisíveis.

O futuro do dinheiro é imperceptível

O que vem depois do Pix é mais do que uma inovação tecnológica — é uma mudança cultural.
Estamos entrando em uma era em que o dinheiro deixa de ser percebido como algo físico ou separado da rotina. Ele se torna parte invisível das interações diárias, circulando de forma automática, integrada e segura.

No curto prazo, a popularização das carteiras digitais e do BNPL deve acelerar essa transição.
No médio e longo prazo, o Drex e a tokenização vão permitir que as transações sejam inteligentes, condicionais e conectadas em tempo real.

O resultado será um sistema financeiro sem fricção, acessível e personalizado, no qual cada pagamento, investimento ou operação de crédito se encaixa naturalmente na vida do consumidor.

O futuro do dinheiro não é apenas digital — é invisível, inteligente e brasileiro.