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Copom e Fed e os impactos das decisões de juros nos investimentos

Copom e Fed e os impactos das decisões de juros nos investimentos

Olá, Investidor Inteligente!

Na última semana, o Copom cortou a taxa Selic em 50 pontos-base, trazendo-a de 13,25% a.a. para 12,75% a.a.

É o segundo corte, desde que o Banco Central iniciou esse novo ciclo de queda dos juros. O primeiro havia ocorrido dia 2 de agosto, cerca de 50 dias atrás.

A decisão do colegiado do BC foi unânime. Esse corte confirma a trajetória já anunciada por aqui, e por diversos outros canais da EQI Investimentos. A Selic vai definitivamente para baixo nos próximos meses, sem muita margem para dúvidas. E há impactos das decisões de juros nos investimentos.

No gráfico abaixo, podemos ver a previsão dos próximos meses:

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gráfico com trajetória esperada da Selic
Trajetória esperada para Selic. Fonte: BTG

No gráfico acima, podemos visualizar em cinza a taxa Selic, até a data desse último corte.

Em azul fraco, podemos visualizar a projeção da taxa Selic medida pelo Boletim Focus do Banco Central (lembrando que a taxa expressa nesse relatório é a taxa terminal do período).

E, por fim, em azul forte podemos ver a curva DI – que é a curva de juros determinada pelas negociações diárias de contratos futuros de DI – e que mede a expectativa do “carrego” do período.

Esta última curva é mais elevada que a anterior justamente por medir a projeção do rendimento MÉDIO do período, e não a taxa terminal. Dessa forma, ela carrega o que é esperado dos rendimentos médios da data de medição até o vencimento do contrato e, neste caso, coloca a curva (PRE x DI) acima da curva do Boletim Focus.

Na tabela abaixo, podemos ver as probabilidades de corte em cada data do Copom dos próximos meses, precificadas na curva de juros do mercado:

Probabilidades de cortes da Selic
Probabilidades de cortes. Fontes: BTG

Observe que, até maio de 2024, são altas as chances de cortes de 50 pontos-base na taxa Selic.

A partir daí, a probabilidade maior passa para cortes em torno de 25 pontos-base. Como ano que vem será um ano eleitoral, é bem provável que o governo tente pressionar o Banco Central ao máximo, para reduzir os juros o mais rápido possível e, conforme foi visto, é exatamente isso que o mercado está esperando.

Até aqui, vimos que a taxa Selic, que é um juro à vista (de curtíssimo prazo) está caindo e deverá cair mais. Mas, o preço da maioria dos ativos é determinado pela taxa de juros de médio ou de longo prazo.

Por isso, vamos dar uma olhada no contrato futuro de DI de 10 anos (o DI1F33):

Fonte: advfn.com

De julho para cá, essa taxa de juros futuros saiu de aproximadamente 10,60% a.a. para os atuais 11,42% a.a.

Temos, então, nesses últimos dois meses, o fato de que a Selic começou a cair, mas os juros futuros longos ainda estão subindo.

E é exatamente por isso que os mercados de renda variável estacionaram, ou deram uma pausa na valorização (que vínhamos observando de março a julho).

Por quê?

Não dá para elencar um único fator, ou dar a certeza sobre o real motivo para isso. Mas, há grandes chances de que o aumento dos juros longos seja reflexo do que está ocorrendo lá fora, nos EUA.

Impactos das decisões de juros nos investimentos: O que acontece nos EUA

O Fed (Federal Reserve, o Banco Central dos EUA) anunciou a manutenção dos juros norte-americanos.

A taxa está no patamar de 5,25% a 5,50%, o maior registrado desde 2001. Não existe uma definição clara se esse é o último aumento, ou se existirão outros até o final do ano. Mas, essa é a taxa de curto prazo e não é ela, necessariamente, que faz preço.

O que acaba impactando no preço dos ativos, e nas taxas de juros dos outros países são os juros de médio e de longo prazos.

Por isso, agora observe a taxa de juros dos títulos de 10 anos nos EUA:

Rendimento dos títulos de 10 anos do governo-EUA:

gráfico juros eua
Fonte: Investing.com

A taxa de juros dos títulos longos nos EUA está no seu maior patamar desde 2007. E esse fato tende a impactar todas as outras taxas de juros do mundo. E, por quê?

Pense que os EUA é o país em que as taxas de juros são consideradas livres de risco. Ora, se lá é livre de risco, para investir em países como o Brasil o investidor irá exigir no mínimo o rendimento de um título americano MAIS UM PRÊMIO PELO RISCO de se investir num país emergente.

Em outras palavras, os juros americanos servem como um piso das outras taxas de juros do mundo todo, incluindo o Brasil.

Por isso, caro Investidor Inteligente, para que o mundo todo se beneficie de um cenário mais construtivo, é bem importante que os juros americanos parem de subir e comecem a cair, principalmente os juros longos.

E, para isso acontecer, é importante que a economia se desaqueça, e a inflação por lá atinja patamares mais baixos.

Só para esclarecer, a inflação por lá já vem dando trégua, mas ainda não está no nível desejado pelo Fed e pelo mercado e, por isso, os juros ainda não estão caindo.

Por enquanto, por aqui, vamos aproveitando os preços atrativos dos ativos.

Por Denys Wiese, estrategista da EQI Investimentos

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