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Decisão do Fed: banco central dos EUA mantém juros no patamar de 5,5% ao ano

Decisão do Fed: banco central dos EUA mantém juros no patamar de 5,5% ao ano

O Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) do Federal Reserve decidiu manter a taxa básica de juros dos Estados Unidos (Fed Funds) no intervalo de 5,25% a 5,5% ao ano. Na última reunião, em 26 de julho, a autoridade monetária retomou o ciclo de alta iniciado durante o ano passado e interrompido em junho, e elevou os juros em 0,25 ponto percentual. A decisão do Fed foi anunciada nesta quarta-feira (20).

O patamar dos juros nos Estados Unidos é o mais alto em 22 anos. A decisão do Fed seguiu o consenso dos analistas do mercado financeiro para a sexta reunião de política monetária do ano. O monitor do CME Group apontou que uma fatia de 99% do mercado apostava em uma manutenção da taxa básica de juros, enquanto 1% esperava uma alta de 0,25 ponto percentual.

Na reunião de junho, a autoridade monetária afirmou que o país ainda enfrenta fortes pressões inflacionárias vindas do mercado de trabalho e da atividade econômica, e isso justificaria a retomada do aperto monetário.

A inflação continua elevada. O sistema bancário dos EUA permanece sólido e resiliente. Condições de crédito mais restritivas para as famílias e empresas poderão pesar sobre a atividade econômica, as contratações e a inflação. A dimensão desses efeitos permanecem incertos. O Comitê permanece muito atento aos riscos de inflação“, declarou o FOMC em comunicado.

O Comitê continuará avaliando informações adicionais e as suas implicações para a política monetária. Ao determinar a dimensão do esforço adicional que poderá ser apropriado para levar a inflação ao patamar de 2% ao ano ao longo do tempo, o Comitê levará em conta o aperto cumulativo da política monetária, como afeta a atividade econômica e a inflação, além do desenvolvimento econômico e financeiro.

Fed voltará a elevar juros?

Para Luís Moran, head da EQI Research, a aposta de que o Fed realizará novas elevações nas taxas de juros dos EUA é minoritária entre o mercado. “A questão é quando o FOMC iniciará o ciclo de cortes, que é cada vez mais empurrado para frente. A expectativa é para meados do ano que vem, ante projeção para o primeiro trimestre“, diz.

As projeções trimestrais do Fed, também divulgadas nesta quarta-feira (20), mostram que os juros da economia norte-americana só devem começar a recuar no ano que vem, porém em menor intensidade do que o previsto. Os dirigentes da autoridade monetária viam um corte de meio ponto percentual na última reunião e agora projetam uma queda de apenas 0,25 ponto percentual.

A mediana das projeções para taxa dos Fed Funds em 2024 subiu de 4,6% para 5,1%.

Além disso, diretores do Fed veem os juros entre 5,5% e 5,75% até o final do ano, o que sinaliza a possibilidade de mais uma alta pelo comitê de política monetária, com a possibilidade de manutenção em 2024.

O Fed calcula um arrefecimento da inflação para 3,3% até o final de 2023, um patamar de 2,5% em 2024, e de 2,2% em 2025.

A mudança na perspectiva em relação aos cortes nos juros em 2024, no entanto, vem a partir de maior otimismo de diretores do Fed em relação ao crescimento da economia, deixando de lado a preocupação com uma inflação persistente neste caso, segundo Powell. “Em termos gerais, uma atividade mais forte significa que temos de fazer mais com as taxas”, disse.

Durante o simpósio de Jackson Hole, realizado em agosto, o presidente do Fed disse que a autoridade estava preparada para elevar ainda mais as taxas de juros do país caso fosse apropriado. “Precisamos de mais progresso na inflação de serviços não habitacionais”, disse.

Apesar do progresso em relação aos esforços para a desaceleração da inflação, na ocasião, Powell comentou que as taxas reais estariam bem acima das estimativas. Segundo o presidente do Fed, dois meses de bons dados são apenas o começo do necessário para construir a confiança no indicador. 

Para a próxima reunião, em 1° de novembro, as apostas em manutenção de juros pelo Fed estão em 66,6%, contra 32,7% por nova alta, segundo monitor do CME Group.

Decisão do Fed: Powell volta a falar em novas altas

Em discurso ao vivo, o presidente do banco central dos EUA, Jerome Powell, comentou a decisão do Fed e quais devem ser os próximos passos da autoridade monetária.

Pretendemos manter a política monetário em um nível restritivo até estarmos confiantes de que a inflação está caindo de forma sustentável e em direção à meta“, afirmou. Powell repetiu a afirmação de que o Federal Reserve está preparado para elevar as taxas novamente, se considerar apropriado.

A inflação passou a um ritmo moderado desde meados do ano passado, e as expectativas a longo prazo parecem permanecer bem ancoradas”, disse. “No entanto, o processo sustentável de redução da inflação para 2% ao ano ainda tem um longo caminho a percorrer.”

Tá, e aí?Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset

Para Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, a decisão e o comunicado do Fed vieram em linha com as expectativas do mercado. O que trouxe surpresas – mais conservadoras – foram as projeções da autoridade monetária.

Além de subir a projeção para o PIB deste ano, de 1% para 2%, a de 2024 também foi elevada, passando de 1,1% para 1,5%. A revisão para o próximo ano não era esperada. Caso acontecesse, seria de 1,2%, o que indica que o crescimento de 2024 também deve ser forte. O PIB potencial dos EUA é em torno de 1,7%, o que representa três anos consecutivos de crescimento em linha.

Outro ponto de atenção é a quantidade de cortes nos juros para 2024. Em vez de quatro cortes de 0,25 ponto percentual – 1 ponto percentual no total -, a projeção é de 50 pontos base (0,5 p.p.). Com mais uma elevação, os juros devem chegar ao patamar de 5,75% ao ano. “A revisão nesta magnitude nos surpreendeu. Cogitávamos um corte de 0,75 p.p., no lugar de 1 p.p., portanto a projeção veio em terreno conservador“, disse.

A mensagem é clara: o Fed segue preocupado com a inflação, já que o crescimento não desacelera na velocidade que gostaria. Os juros devem permanecer altos por um longo período para isso, e qualquer corte deve vir ao final do segundo semestre do ano que vem.”

Em relação à próxima alta, não há clareza ainda sobre quando ou se acontecerá – tudo dependerá dos próximos dados a serem divulgados até a próxima reunião. “A desaceleração do mercado de trabalho e da inflação, ainda que estejam na linha do que o Fed espera, não são suficientes para convicção plena de que o ciclo se encerrou“, comentou.

O Fed mantém uma postura dura, na avaliação de Kautz. As principais consequências disso, com juros mais altos por mais tempo, devem ser vistas no dólar, com um cenário mais favorável para a moeda norte-americana e pior para as demais.

De maneira que o ciclo de redução de juros nos EUA deve ser mais lento, as economias emergentes possivelmente terão de viabilizar um patamar final mais alto do que o imaginado previamente para que o próprio Fed possa realizar cortes, segundo o economista.

Escute o áudio na íntegra, a seguir: