O Banco Central divulgou na manhã desta terça-feira (26), a ata do Copom, referente à 257ª reunião do Comitê de Política Monetrária, que foi realizada em 19 e 20 de setembro. Na data, foi decidida a redução da taxa básica de juros, Selic, de 13,25% para 12,75%.
Na divulgação de hoje, o Copom voltou a reafirmar que são esperadas reduções de mesma magnitude nas próximas reuniões – agendadas para 31 de outubro e 1 de novembro, e 12 e 13 de dezembro.
Segundo o comitê, os membros votantes avaliam que “esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”.
O Copom ressalta ainda que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.
Cenário doméstico e externo
Segundo o comitê, a conjuntura atual é caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento. E é preciso que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas de inflação em torno de suas metas.
Os indicadores recentes indicam um cenário de maior resiliência da atividade econômica. Os dados referentes à atividade econômica do segundo trimestre, em particular a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB), indicam que setores não cíclicos da economia mantiveram dinamismo, mas também se observou um crescimento no componente da demanda referente ao consumo das famílias.
Observou-se alguma desaceleração no setor de comércio, moderada reaceleração na indústria e estabilidade do crescimento no setor de serviços, após ritmo mais forte nos trimestres anteriores. O mercado de trabalho segue resiliente, mas com alguma moderação.
A inflação ao consumidor segue com dinâmica mais benigna, exibindo desaceleração tanto na inflação de serviços quanto nos núcleos de inflação.
No ambiente externo, o Copom destaca a continuidade do processo de desinflação, apesar de os núcleos de inflação ainda seguirem elevados e o mercado de trabalho mostrar resiliência em diversos países.
“Em paralelo, os bancos centrais das principais economias seguem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas, seja dando continuidade a seus ciclos de aperto monetário, seja sinalizando um período prolongado de juros elevados para combater as pressões inflacionárias ou indicando um período de pausa ainda em um ciclo de elevação de juros”, aponta o comitê.
E ressalta que a elevação das taxas de juros de longo prazo dos Estados Unidos e a perspectiva de menor crescimento na China são os pontos de atenção para os países emergentes no momento.
Trajetória da Selic

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu, pela segunda vez consecutiva, a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, de 13,25% para 12,75% ao ano. Ainda assim, com a Selic a 12,75%, os juros permanecem em um patamar alto, de dois dígitos.
No caminho da Selic até o patamar atual, a taxa chegou ao piso histórico de 2% durante a pandemia. Depois, sofreu 12 altas subsequentes, alcançando 13,75%. E ficou estacionada neste patamar por 1 ano, até que, em 2 de agosto, foi dado início ao ciclo de corte de juros, com um primeiro movimento de 50 pontos-base. E, agora, enfim, veio o segundo corte, de mesma magnitude.
A expectativa do mercado é que ocorra mais um corte de 50 pontos-base na reunião (sempre realizada em dois dias), agendada para 31 de outubro e 1 de novembro. E depois, outro corte de 50 ou 75 pontos-base (o que ainda divide opiniões) no encontro do Copom de 12 e 13 de dezembro.
- Veja também: Saiba como investir com Selic a 12,75%
Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, avalia que a ata teve um tom mais duro e sinalizou a continuidade no ritmo de cortes.
Ao manter o plural para se referir aos futuros cortes, o Copom sinaliza que as próximas reuniões deste ano, de outubro e dezembro, devem repetir a redução da Selic em 50 pontos-base.
No entanto, para a EQI Asset, apesar da indicação, a gestora segue com projeção de queda de 50 pontos-base em outubro e uma aceleração em dezembro, com corte de 75 pontos-base.
“Para nós é um ponto de atenção. Por enquanto mantemos, mas estamos de olho. Vamos avaliar se a gente posterga este corte maior apenas em 2024. Por enquanto, não muda nossa taxa final de ciclo, estimada em 8,75% no ano que vem”, afirma.
O tom mais duro, explica Kautz, se deu em relação às perspectivas do comitê quanto ao hiato do produto, ou seja, ao crescimento da economia acima do potencial. “O hiato do produto está mais forte do que o estimado inicialmente e a demanda doméstica segue resiliente, seja por um mercado de trabalho apertado ou por renda de políticas sociais”, aponta.
“Isso preocupa o Banco Central, porque sugere demanda forte e renda crescente. E quando você sobe os juros para influenciar a economia, acaba influenciando mais a demanda do que a oferta. Se a demanda continua forte, este é um problema para a convergência da inflação”, explica.
Ouça o áudio na íntegra:
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