Dólar, treasuries, ouro e Bitcoin. Vale ficar de olho nesses ativos, em meio à crise bancária que se apresenta nos Estados Unidos.
Apesar do socorro promovido pelo Federal Reserve (Fed), banco central americano, Tesouro Americano e um “coletivo” dos maiores bancos do mundo para conter o risco sistêmico no setor bancário, ainda assim alguns investidores sentem receio diante do noticiário de quebra dos bancos Silicon Valley Bank e Signature e venda do Credit Suisse.
Neste momento, vem a dúvida: onde investir quando se está com medo? Como se proteger da crise bancária?
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Ouro é hedge clássico
Denys Wiese, estrategista da EQI Investimentos, explica que o ouro é o hedge clássico para crises bancárias, sempre procurado em momentos de instabilidade.
É o exemplo máximo de reserva de valor: ele mantém o seu poder de compra com o decorrer do tempo, apesar as oscilações do mercado.

Dólar: incêndio e extintor no mesmo cômodo
O dólar e os títulos do governo americano se valorizam no momento atual porque, apesar de a crise estar nos EUA, é para lá que os recursos migram nestas situações – vale dizer, o dólar é considerado a moeda mais segura do mundo e os títulos do governo americano (treasuries), os papéis com menos risco que existem.
“O dólar é uma reserva contra crises bancárias, mesmo que a crise seja nos EUA. Sabe quando o incêndio é na cozinha, mas o extintor está exatamente lá? É isso, o ‘fly to quality’, ou vôo para a qualidade, é sempre para os Estados Unidos”, exemplifica.

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Bitcoin
Já o Bitcoin, diz Wiese, que havia perdido a aura de reserva de valor com a escalada dos juros no mundo todo, volta ao radar, justamente por ser independente de instituições e bancos centrais.
Para Helena Margarido, criptoanalista da Monett, os ativos digitais serão beneficiados, neste momento, porque a grande tese do Bitcoin é, justamente, que “você é seu próprio banco”.
“Essa tese ganha mais força, principalmente porque a gente está falando de bancos quebrando. Então, se antes você confiava em um banco, para ser depositário do seu dinheiro, e esse banco quebra, talvez agora seja o momento de você ter, de fato, a autocustódia do seu próprio dinheiro”, diz.

E os imóveis?
Para quem pensa em imóveis e terras como reserva de valor para escapar de crises bancárias, Wiese faz um alerta: eles não têm liquidez.
Se precisar vendê-los, você precisará de tempo consideravelmente grande ou, provavelmente, perderá dinheiro.
Títulos dos bancos estão condenados?
Certificados de Depósito Bancário (CDBs), Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) ficam, então, condenados ela crise bancária? Nada disso. Mas o foco do investidor deve ser, sempre, na qualidade do papel adquirido.
O rating, ou nota de classificação de risco das instituições, deve ser sempre analisada e um assessor de investimento ajuda a fazer uma boa seleção dos papéis.
Fora isso, vale lembrar que os títulos emitidos por bancos têm a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), mas ele só vale para capital investido de até R$ 250 mil por CPF e por emissor da dívida.
Na prática, isso quer dizer que se você tem R$ 250 mil em CDBs do banco A, tem garantida de pagamento da totalidade do valor, caso o banco A venha a falir.
Mas, se você tiver R$ 250 mil em CBDs do banco A na corretora B e mais R$ 50 mil em CBDs do banco A na corretora C, vai receber apenas R$ 250 mil – e não os R$ 300 mil investidos no total. Então, muita atenção a este ponto!
- Veja aqui tudo o que você precisa saber para escapar das pegadinhas do FGC.
Quer saber mais sobre como se proteger da crise bancária? Converse em o pessoal da EQI Investimentos!