Olá, Investidor Inteligente! Há poucos dias a nossa bolsa bateu o seu topo histórico em termos nominais, nos 137.343,96 pontos. É nos momentos em que a bolsa está nas alturas, que os investidores voltam a se interessar pelo mercado de ações. E, a pergunta que invariavelmente surge é: existe uma hora certa para comprar ações?
Como você já deve saber, esse mercado é de bastante risco e, se não investirmos da forma correta, poderemos incorrer em sérios prejuízos.
“E, Denys, qual é a maneira correta de se investir?”
Aqui reside um grande problema: existem inúmeras formas de se investir em ações e não necessariamente apenas uma forma correta. Cada investidor é único, tem as suas convicções, as suas necessidades, a sua experiência etc, que irão determinar a forma como ele investe.
“Mas, Denys, eu já tentei a minha forma de investir e deu errado!”
OU
“Estou mais perdido que cego em tiroteio. Devo comprar ações ou não?”
Para ajudá-lo a investir em ações, em meio a um emaranhado de opiniões, visões, informações, onde cada um diz uma coisa diferente, vou lhe ensinar a forma como EU, Denys, invisto nesse mercado.
Vamos lá? Inclusive gravei um vídeo exatamente sobre esse assunto, que você confere abaixo.
Hora certa para comprar ações: o problema da tomada de decisão
Para entender a estratégia, faz-se necessário contextualizar o ambiente hostil e traiçoeiro que o investidor está inserido, quando deve tomar decisão sobre a compra ou a venda das ações. Observe o gráfico abaixo, com um histórico do Ibovespa e incentivos aos quais estamos expostos:

Quando a bolsa estava em 74 mil pontos em maio de 2008, no topo histórico (em reais e em dólares), a revista especializada mostrava um cidadão subindo em uma pilha de dinheiro, incentivando o investidor a comprar ações.
Alguns meses depois o Ibovespa caiu 60% na crise do subprime americano.
Em novembro de 2009, com a bolsa em 73 mil pontos, a revista “The Economist” – uma das mais renomadas revistas de economia do mundo – publicou a fatídica capa com o Cristo Redentor decolando. Tal matéria nos incentivou a investir no Brasil e a, consequentemente, comprar ações. Resultado? Seis longos anos de “morte lenta” no Brasil, com o Ibovespa caindo 50%.
Em julho de 2015, a revista Exame em capa vermelha publica “PREPARE-SE: a crise vai ser longa”! O que você investidor tende a fazer? Vender todas as suas ações… Resultado poucos meses depois: alta de 230%!
Em julho de 2019, com a bolsa em 103 mil pontos, a Exame publicou uma capa bastante festiva com o título “A Euforia Chegou”. O que nos leva a fazer? Novamente, comprar ações!
Resultado: alguns meses depois, o mercado derrete 50% na crise da Covid.
Em abril de 2020, com a bolsa a 70 mil pontos, eu uma capa apocalíptica a “Isto É” publica: nossas vidas vão mudar. Num contexto de completo caos, ao ver essa capa o que o investidor faz? Vende todas as suas ações. Resultado? 3 meses depois a bolsa subiu 120%!
A verdade é que os meios de comunicação, assim como os analistas, economistas, e outros “istas” irão nos recomendar o investimento em ações quando elas já subiram bastante? Por quê? Por algumas razões:
- Ninguém gosta de caminhar sozinho. “Se errar, que eu erre junto com os outros”. É o efeito manada! E esse efeito psicológico afeta a todos, inclusive os ditos especialistas.
- Tanto o investidor, quanto a maioria dos especialistas possuem o viés de confirmação. Precisam ver que deu certo, para acreditar que algo dá certo. Em outras palavras, o ser humano necessita de histórico positivo, para acreditar que algum investimento é bom. E quanto maior o histórico positivo, maior é a crença de que determinado investimento é bom. E isso é um perigo, pois à medida que o histórico se consolida, mais caras ficam as ações e mais perto de um topo nos encontramos.
- Naturalmente, as ações só estarão caras quando muita gente acreditar que são um bom investimento. E só estarão baratas quando muita gente acreditar que são um mau investimento. É o efeito da oferta e da demanda! Quando muita gente quer algo, estará caro! Quando ninguém quer algo, estará barato.
Como tomar a decisão de comprar ou vender?
Existem dois tipos de investidores, quando o assunto é a tomada de decisão:
- Aquele que tenta prever para onde vai o mercado, e se posiciona anteriormente em favor daquele futuro previsto. Exemplo: eu acho que as ações irão subir e, por isso, vou comprá-las agora.
- Aquele que espera o mercado se movimentar e toma a decisão depois do que já foi visto. Por exemplo: eu vi que as ações caíram 50% e, portanto, vou comprá-las agora, por acreditar que estão baratas.
No primeiro caro, o investidor atua com PREVISÕES.
No segundo caso, o investidor atua com ESTRATÉGIA.
Prefiro a segunda…
O início da estratégia
Observe a figura abaixo:

Gosto muito desse senhorzinho acima: Warren Buffett – o maior investidor de todos os tempos. Ele nos ensina para irmos no caminho contrário à maioria das pessoas. “Tenha medo quando os outros estão gananciosos e ganância quando os outros estão temerosos”.
Em outras palavras: venda quando todo mundo está comprando; e compre quando todo mundo está vendendo.
Quando comprar e quando vender?
A figura abaixo dá mais pistas sobre a metodologia:

Na imagem acima a explicação está praticamente completa. Para não ser repetitivo quero que você guarde o seguinte: devemos ter mais ações, quanto mais o mercado tiver caído; e menos ações, quanto mais ele estiver subido.
Na prática…
Para operacionalizar a estratégia, vamos precisar de um norte, que nos ajude a identificar quando está barato e quando está caro.
Uma boa forma de (tentar) identificar em que ponto do mercado estamos, é utilizarmos a média móvel dos 200 períodos (média aritmética dos últimos 200 dias) do Ibovespa. Inclusive, essa média é bem conhecida e utilizada pelos operadores de mercado.
A parcela que vamos destinar ao investimento em ações deve ser dividida em duas carteiras: uma agressiva e uma defensiva.
A carteira agressiva é uma carteira comprada em ações com exposição direcional ao Ibovespa. Já a carteira defensiva é uma carteira que vai no sentido oposto ao Ibovespa, ou que não caia (ou suba) quando o mercado como um todo cair (ou subir). A carteira defensiva deverá prover LIQUIDEZ para comprar ações, quando o mercado se mostrar suficientemente barato.
A concentração de capital em cada uma das carteiras vai depender do momento do mercado que estivermos. Veja a imagem abaixo:

À medida que o Ibovespa se afasta para cima de sua média, vamos liquidando a nossa carteira agressiva, e aumentando a nossa carteira defensiva.
À medida que o Ibovespa se afasta para baixo da sua média, vamos liquidando a nossa carteira defensiva, e aumentando a nossa carteira agressiva.
Simples assim!
Será que dá certo?
São poucas as movimentações por ano. Não é a todo momento que o Ibovespa sobe ou desce 20% de sua média. Portanto, não é necessário um acompanhamento diário por parte do investidor.

Fonte: EQI Investimentos
Fizemos uma simulação do passado, de 2002 a 2022. A carteira defensiva é aqui representada pelo CDI (sim, mesmo em uma carteira de ações, é importante termos uma parcela do capital investido em CDI); e a carteira agressiva é representada pelo investimento no Ibovespa.
Nesses 20 anos, o Ibov sozinho rendeu 680,7%; o CDI rendeu 839,7% e a estratégia combinada – com os rebalanceamentos realizados conforme o sugerido anteriormente – rendeu 1.221%.
Além de rendimento maior, a estratégia apresentou volatilidade (ou risco) menor do que o Ibovespa: 1,03 contra 1,75% respectivamente.
Você poderá compor a carteira agressiva e a carteira defensiva como desejar; o importante é que a primeira acompanhe o Ibovespa ou “humor geral do mercado”; e a segunda, seja o oposto, apresentando correlação negativa.
Somente vou pedir um cuidado: essa estratégia funciona quando utilizamos médias e índices. Se tomarmos o comportamento de uma ação individual, não existe uma tendência de retorno a média e, aplicar a estratégia de “comprar quando cai, e vender quando sobe” pode ter retornos muito indesejáveis. Além disso, lembremos que retornos passados não são a garantia de retornos futuros.
Essa é a estratégia que eu uso, como investidor! Espero ter ajudado.
Por Denys Wiese, estrategista da EQI Investimentos
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