A curva de juros brasileira vem cedendo de forma consistente nos últimos meses, especialmente nos vértices intermediários — justamente onde se concentra a sensibilidade às expectativas de política econômica. A avaliação é de João Neves, analista da EQI Research, na nova edição da série Mind Your Money, no EQI+.
Segundo ele, dois fatores explicam o movimento. O primeiro é a retomada da credibilidade do Banco Central (BC) sob a presidência de Gabriel Galípolo.
“O BC entrou num momento conturbado e teve que anunciar três altas de um ponto percentual, um movimento bastante agressivo para controlar as expectativas de inflação”, afirma Neves.
Essa postura mais dura, diz, ajudou a reancorar as expectativas inflacionárias para 2025 e 2026.
Com esse realinhamento, o mercado passou a ver com mais clareza a possibilidade de início do ciclo de cortes de juros.
“Diretores do Banco Central já declararam que provavelmente o ciclo de alta se encerrou e que o próximo movimento deve ser de corte”, explica.
Antes, o consenso via essa mudança apenas para o primeiro trimestre de 2026 — mas os dados recentes de desaceleração da economia reforçaram a chance de antecipação já na primeira reunião do ano.
A combinação de atividade mais fraca e expectativas de inflação melhor ancoradas abriu espaço para uma queda mais rápida e consistente da taxa básica, movimento que já aparece nas projeções do boletim Focus.
Impacto direto nos investimentos
A queda da curva, destaca o analista, afeta todos os ativos de risco e tem efeito particularmente visível na renda fixa. Títulos prefixados e NTN-Bs, que respondem às oscilações das curvas de juros, já vêm precificando ganhos relevantes.
“Os preços dos títulos públicos refletem esse movimento e têm gerado ganho de capital para os investidores”, diz Neves.
Ele lembra que quem acompanha a marcação a mercado percebe retornos superiores aos estimados no momento da compra.
“Você deve ter observado um ganho de capital, ou seja, uma taxa de retorno maior do que aquela que imaginava inicialmente. Isso é um benefício direto desse processo de recuperação de credibilidade do Banco Central”, afirma.
A análise completa está disponível na série Mind Your Money, no EQI+.
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