O União Brasil e o Progressistas (PP) oficializaram na terça-feira (19) a criação da federação partidária União Progressista (UP), em evento realizado no Congresso Nacional. A nova aliança consolida a maior força política da Câmara dos Deputados, com 109 parlamentares, além de 14 senadores, sete governadores, 1.383 prefeitos e cerca de 12 mil vereadores em todo o país.
A formalização da UP representa um marco para a cena política, ampliando o peso dos partidos de centro-direita nas disputas nacionais e tornando-se um ator central nas negociações das eleições de 2026.
União Progressista: O que significa a federação?
Ao contrário de uma coligação, que se dissolve após as eleições, a federação partidária tem duração mínima de quatro anos. Isso implica que União Brasil e Progressistas passarão a atuar como um único partido em todas as esferas — federal, estadual e municipal — nas eleições proporcionais, garantindo maior consistência ideológica e disciplina parlamentar.
Juntas, as siglas concentram cerca de 20% das cadeiras do Congresso e terão o maior orçamento eleitoral de 2024: R$ 953,8 milhões em fundo eleitoral e R$ 197,6 milhões em fundo partidário, de acordo com dados do TSE.
Presenças de peso
A cerimônia contou com a presença de lideranças como o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), o presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, e o vice-presidente nacional do União Brasil, ACM Neto.
Entre os governadores presentes estavam Ronaldo Caiado (GO), Cláudio Castro (RJ), Tarcísio de Freitas (SP), Ibaneis Rocha (DF) e Jorginho Mello (SC), além da ex-ministra Tereza Cristina e deputados de peso como Efraim Filho e Professora Dorinha.

Tarcísio Freitas amplia influência em Brasília
Um dos destaques do evento foi a presença do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), apontado como um dos possíveis sucessores de Jair Bolsonaro (PL) na corrida presidencial de 2026.
Apesar de não integrar nenhuma das duas siglas, Tarcísio elogiou a iniciativa:
“A união partidária nasce nesse momento para enfrentar, de fato, os grandes problemas do país. Tenho certeza de que o Brasil guardava esse passo com esperança e ansiedade para discutir temas como a reforma política, as crises fiscais e o envelhecimento da população.”
A presença de Tarcísio foi interpretada como um gesto de aproximação estratégica com o bloco, reforçando sua articulação em Brasília e ampliando sua projeção nacional.
Divergências internas
Apesar da celebração, o clima político ainda é de tensão. O presidente do PP, Ciro Nogueira, defendeu o desembarque imediato do governo Lula, criticando a manutenção de quadros da federação em ministérios:
“O que nos constrange hoje é a presença de membros do nosso partido com cargos no governo. Defendo que seja proibido terminantemente.”
O alvo principal da pressão é o ministro do Esporte, André Fufuca (PP-MA), que afirmou permanecer leal ao presidente Lula:
“Meu voto pessoal é dele.”
Também estão na mira o ministro do Turismo, Celso Sabino (União-PA), e os ministros Waldez Góes (Integração) e Frederico de Siqueira (Comunicações), indicados pelo União Brasil.
Já Davi Alcolumbre adotou tom conciliador:
“Não é um movimento de oposição ou situação. Foi um movimento de política com ‘P’ maiúsculo, com olhar voltado para o futuro do Brasil.”
Impacto eleitoral
Com o peso da maior bancada na Câmara e no Senado, além de uma rede expressiva de governadores e prefeitos, a União Progressista se coloca como protagonista nas negociações de poder até 2026.
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), que também é pré-candidato à Presidência, cobrou definição:
“Não podemos mais ficar sendo entrevistados e as pessoas perguntando: ‘Você é do governo ou é oposição?’. O partido tem que ter lado, rumo e posição clara.”
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