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Michel Temer na Money Week: Brasil precisa de diálogo e projeto

Michel Temer na Money Week: Brasil precisa de diálogo e projeto

Michel Temer, presidente do Brasil (2016-2018), foi o destaque do primeiro painel da Money Week, evento de investimentos e educação financeira promovido pela EQI Investimentos, nesta sexta-feira (1). O bate-papo, conduzido pelo CEO da EQI Asset, Ettore Marchetti, e que explorou os rumos do Brasil no cenário econômico e institucional, foi acompanhado pelos investidores, empresários e lideranças políticas presentes no evento.

Durante sua fala, Michel Temer fez um diagnóstico do cenário político nacional e internacional, alertando para o que classificou como “distanciamento do multilateralismo”. Segundo ele, o diálogo entre países e a preservação das relações institucionais estão sendo substituídos por ataques verbais e radicalizações.

“Hoje tem distanciamento do multilateralismo, muitas vezes com palavras agressivas das instituições contra dirigentes de outros países, e isso não é bom”, alertou. “A relação não é de Donald Trump com Lula. São relações institucionais.”

Temer na Money Week: o que ele faria se fosse hoje o presidente?

Para Temer, o caminho para o Brasil solucionar a questão das tarifas comerciais impostas por Trump necessariamente passa pelo diálogo.

“O que eu faria se fosse presidente? Eu não faria agora, eu teria começado lá atrás. O momento presente é complicado, mas é fruto de um processo que se iniciou lá atrás, pela falta de diálogo”.

Sobre sua experiência à frente do Planalto, o presidente relembrou as dificuldades enfrentadas e as decisões impopulares que, segundo ele, eram necessárias.

“Quando eu cheguei ao governo, percebi que economia não se resolve em passe de mágica. Para ajustar a economia, você tem que tomar uma série de medidas, dentre as quais o teto de gastos”, afirmou, comentando uma das maiores dificuldades do governo atual, que é controlar os gastos.

Temer lembrou do conselho que recebeu, à época, do publicitário Nizan Guanaes: “Aproveite sua impopularidade e faça o que o Brasil precisa”.

Em relação a temas econômicos recentes, criticou a forma como o governo atual tratou o projeto sobre o IOF. “IOF é um imposto regulatório, não arrecadatório. Governo mandou projeto sem falar com ninguém. Isso causou certa confusão.”

Temer na Money Week: “Povo quer resultados”

Temer também criticou o uso eleitoral das ideologias políticas.

“Eu tenho absoluto desprezo por conceitos de direita, esquerda e centro, porque perderam significação desde que caiu o Muro de Berlim”, disse. “O povo quer resultados. Se o resultado é positivo, venha de onde vier, ele é bem-vindo.”

Ao falar sobre o atual ambiente político, o ex-presidente lamentou a radicalização do debate público.

“Antes era o ‘nós contra eles’. O ‘nós’ era organizado. E então o ‘eles’ também se organizou. E o Brasil polarizou. A polarização de ideias é ótima. Mas o que está havendo é uma radicalização”, disse, acrescentando que sua visão, apesar das críticas, é de otimismo: “O país já atravessou muitas crises e superou todas elas. Esta também será superada.”

STF está extrapolando funcões?

Ao comentar sobre a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF), Temer ofereceu uma análise da Constituição. Ele argumentou que o próprio desenho constitucional de 1988 ampliou enormemente o campo de atuação do STF, ao incluir na Constituição temas que antes eram tratados por leis comuns — como direitos trabalhistas, ambientais, indígenas, etc. “Isso faz com que praticamente qualquer questão possa ser levada ao Supremo”.

Além disso, lembrou que o Judiciário só age quando provocado — e, por sua experiência, ele afirma que quem mais aciona o STF é a classe política. Por fim, ele afirmou que, apesar das críticas, o STF é, por desenho institucional, a instância que “tem o direito de errar por último”, ou seja, a última palavra jurídica.

Construção de projeto para 2026 junto a governadores

Um dos momentos de maior repercussão do painel foi sua proposta de construção de um projeto nacional liderado por governadores.

“Falta projeto para o Brasil. Tive oportunidade de dizer isso para os governadores Ratinho Jr., Romeu Zema, Ronaldo Caiado, Eduardo Leite, Tarcísio Freitas, Jorginho Mello. Se todos eles se reunissem e apresentassem um programa, os opositores seriam obrigados a fazer o mesmo e o eleitor poderia escolher o melhor programa de governo.”

Temer encerrou sua participação defendendo mudanças no sistema político-partidário, sugerindo a formação de federações partidárias como caminho para maior estabilidade. “Estamos atrasados nessas concepções político-partidárias, apesar de avanços no processo eleitoral.”

A participação do ex-presidente marcou um dos momentos mais aguardados da Money Week, que segue reunindo nomes relevantes do setor financeiro e político para discutir caminhos sustentáveis para o crescimento econômico do Brasil.