As declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta sexta-feira (17), voltaram a acender o debate sobre a guerra comercial entre Washington e Pequim. Em entrevista à Fox Business Network, Trump admitiu que as tarifas contra China são insustentáveis, referindo-se à proposta de sobretaxar em 100% os produtos chineses que entram no mercado americano. Apesar da admissão, o republicano afirmou que o país foi “forçado” a adotar as medidas diante da pressão econômica exercida por Pequim.
Segundo o presidente, os EUA enfrentam há anos práticas desleais da China.
“Eles estão sempre buscando vantagem. Eles roubaram nosso país por anos. China — nossa, eles fizeram um estrago no nosso país. Tiraram dinheiro. Agora, é o contrário. Temos um adversário muito forte e eles só respeitam a força”, declarou Trump, reforçando sua posição de confronto como estratégia de defesa econômica.
Encontro com Xi Jinping tenta conter crise comercial
Apesar do tom duro, Trump afirmou que deve se reunir com o presidente chinês, Xi Jinping, dentro de duas semanas. A expectativa é que o diálogo busque reduzir as tensões que vêm se intensificando desde o anúncio das novas tarifas.
“Vamos conversar para resolver isso”, disse o presidente americano, em um raro sinal de disposição para a diplomacia.
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O governo chinês, por outro lado, tem acusado os EUA de minar o sistema comercial multilateral desde que Trump assumiu o poder. Representantes de Pequim na Organização Mundial do Comércio afirmaram, em relatório recente, que as políticas americanas colocam em risco o equilíbrio da economia global e pediram “práticas mais justas” nas relações internacionais.
Escalada de retaliações e impacto global
As tarifas contra China consideradas insustentáveis por Trump somam-se aos atuais impostos de 30% sobre produtos chineses e devem entrar em vigor no dia 1º de novembro. O pacote inclui ainda controles de exportação sobre “todo e qualquer software crítico”, uma reação direta à decisão de Pequim de restringir as exportações de minerais de terras raras — insumos essenciais para setores estratégicos como tecnologia e energia.
A resposta chinesa veio rapidamente: o governo anunciou novas taxas portuárias sobre embarcações ligadas aos Estados Unidos e defendeu suas próprias medidas como legítimas. O Ministério do Comércio da China classificou as tarifas americanas como “hipócritas”, reforçando que o país apenas busca proteger seus recursos e sua soberania econômica.
Um impasse sem solução à vista
Mesmo com o reconhecimento de que as tarifas contra China são insustentáveis, Trump mantém a postura de que a pressão econômica é necessária para “proteger empregos americanos” e conter o avanço tecnológico chinês.
Analistas, porém, alertam que o custo dessa guerra comercial pode recair sobre consumidores e empresas dos dois países, afetando cadeias produtivas e mercados globais.
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