O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na terça-feira (14) que está considerando encerrar alguns laços comerciais com a China, incluindo os relacionados à soja. A declaração, feita em publicação no Truth Social, marca mais um capítulo na crescente tensão comercial entre as duas maiores economias do mundo.
“Acredito que o fato de a China propositalmente não comprar nossa soja e causar dificuldades para nossos produtores de soja é um ato economicamente hostil. Estamos considerando encerrar os negócios com a China relacionados ao óleo de cozinha e outros elementos do comércio, como retribuição”, escreveu Trump.
O republicano também afirmou que os Estados Unidos têm capacidade para substituir as importações chinesas na área.
“Podemos facilmente produzir óleo de cozinha nós mesmos, não precisamos comprá-lo da China”, acrescentou.
Trump e soja: retaliação à suspensão de compra da China
As declarações de Trump são uma resposta direta à decisão de Pequim de suspender, em maio, as importações de soja americana. A medida chinesa foi tomada após tarifas impostas pelo governo norte-americano sobre produtos chineses, ampliando a guerra comercial entre os dois países.
Desde a suspensão, os preços da soja nos Estados Unidos caíram cerca de 40%, afetando especialmente os produtores rurais do Meio-Oeste — uma base de apoio político fundamental para Trump.
A China é tradicionalmente o maior comprador da soja americana: em 2024, o país importou cerca de 27 milhões de toneladas, avaliadas em aproximadamente US$ 12,8 bilhões.
Com as restrições, Pequim passou a buscar fornecedores alternativos na América do Sul, principalmente Brasil e Argentina, que vêm registrando aumento expressivo nas exportações do grão.
Escalada das tensões
A ameaça de Trump ocorre em meio à escalada das tensões entre Washington e Pequim. Na semana passada, o presidente norte-americano anunciou tarifas adicionais de 100% sobre produtos chineses, com início previsto para 1º de novembro.
A decisão foi uma resposta à política chinesa de restringir a exportação de elementos de terras raras — matérias-primas essenciais para a indústria tecnológica —, que Trump classificou como “muito hostil”.
Em reação, o Ministério do Comércio da China acusou o governo americano de agir de forma “unilateral e hipócrita”. Em nota oficial, o órgão afirmou que “ameaçar impor tarifas altas a qualquer momento não é a forma correta de lidar com a China” e alertou que Pequim “tomará medidas correspondentes para defender seus direitos e interesses legítimos”.
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