O governo dos Estados Unidos implementará tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio a partir desta segunda-feira (10), conforme anunciado pelo presidente Donald Trump. A medida ocorre em meio a novos planos de cortes de gastos em agências federais, liderados pelo bilionário Elon Musk.
“Todo o aço que chegar aos Estados Unidos terá uma tarifa de 25%”, declarou Trump a bordo do avião presidencial no domingo (9), antes de desembarcar em Nova Orleans para assistir ao Super Bowl. Ele confirmou que as mesmas taxas serão aplicadas ao alumínio importado.
O Canadá é o principal fornecedor de aço e alumínio para os EUA, seguido por Brasil, México e Coreia do Sul, segundo dados oficiais.
O presidente também antecipou que na “terça ou quarta-feira” anunciará tarifas recíprocas para equilibrar os impostos alfandegários aplicados sobre produtos americanos no exterior. “Se nos taxam em 130% e nós não, isso não continuará assim”, enfatizou.
Tarifas de Trump sobre aço e alumínio: como fica o Brasil?
O Brasil será impactado, pois 48% das exportações brasileiras de aço têm como destino os Estados Unidos. No caso do alumínio, essa participação é de 16%. Com as novas taxações, aproximadamente US$ 6,5 bilhões em vendas desses materiais para o mercado americano seriam afetados.
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) informou que não comentará a decisão de Donald Trump de impor tarifas de 25% sobre a importação de aço e alumínio. O tema segue em discussão dentro do governo.
“O Brasil é o terceiro maior exportador de aço para os EUA, devemos ter um dia muito ruim para as nossas siderúrgicas na bolsa, Usiminas, CSN e até Gerdau, que é menos afetada que as demais, devem ter um dia difícil. Trump segue em batalha para desestabilizar o comércio global”, afirma Felipe Reis, estrategista de ações da EQI Research.
Reação da União Europeia
Durante seu primeiro mandato (2017-2021), Trump adotou medidas semelhantes para proteger indústrias americanas, alegando concorrência desleal de países asiáticos e europeus.
A Comissão Europeia informou nesta segunda-feira que ainda não recebeu notificação oficial sobre as novas tarifas, mas o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Noël Barrot, garantiu que o bloco reagirá a qualquer medida considerada prejudicial.
“Não há dúvidas sobre nossa disposição de defender nossos interesses”, afirmou Barrot. A Comissão Europeia reforçou que tomará medidas para proteger empresas, trabalhadores e consumidores do bloco contra tarifas “injustificáveis”.
Enquanto isso, a China inicia hoje a cobrança de tarifas adicionais de 10% sobre produtos americanos em resposta às novas sanções comerciais de Washington.
“Não há saída pelo protecionismo, e ninguém ganha uma guerra comercial”, afirmou Guo Jiakun, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China.
Felipe Reis, estrategista de ações da EQI Research, afirma que Trump vem fazendo uso das tarifas para ganhar poder de barganha perante os parceiros comerciais.
“Nos primeiros dias após a posse, houve quem acreditasse que Trump II seria mais amigável quanto à questão das tarifas comerciais. Ledo engano. Trump tem usado a tática de levantar tarifas para ganhar poder de barganha em futuras negociações bilaterais. Coloca-se o bode na sala, cria-se um grande desconforto e na sequência tende a (esperamos) oferecer a retirada total ou parcial do bode em troca de suas exigências. Isso tende a funcionar muito bem, pois a maioria dos países, em menor ou maior grau, têm nos EUA um importante parceiro comercial, explica Reis.
No entanto, ele aponta, aço e alumínio não são tão relevantes assim para a pauta comercial brasileira. “De todo modo, muito além dos impactos diretos, haverá impactos indiretos relevantes. Por exemplo, com as portas americanas restritas ao aço internacional, outros destinos serão buscados. Com isso, a competição, e preços mais baixos, devem arranhar margens de lucro de empresas siderúrgicas nacionais”, aponta.
O contraponto positivo, ele diz, é Gerdau (GGBR4). “Não à toa, a Gerdau faz parte de nossa carteira de ações recomendada. A empresa tem amplas e relevantes operações in loco nos EUA. Neste caso, haverá menor competição naquele mercado”, conclui
Tensão comercial com Canadá e México
Trump ameaçou impor tarifas de 25% sobre todas as importações do Canadá e do México, mas suspendeu a medida por um mês após negociações de última hora com líderes desses países.
“O que fizemos até agora não é suficiente”, alertou Trump, sugerindo que os países vizinhos precisarão tomar medidas adicionais antes do prazo de 30 dias. Em relação ao Canadá, afirmou: “Estariam muito melhor se fossem nosso 51º estado, pois perdemos US$ 200 bilhões por ano”.
A bordo do avião presidencial, Trump assinou ainda uma ordem executiva instituindo o “Dia do Golfo da América” em 9 de fevereiro, referindo-se ao Golfo do México, que ele decidiu rebatizar unilateralmente.
Gaza, Ucrânia e Musk
No âmbito geopolítico, Trump afirmou que seria um erro permitir o retorno dos palestinos a Gaza, sugerindo que os EUA poderiam ter controle sobre a região.
Ele também revelou que conversou por telefone com Vladimir Putin e que poderá se encontrar pessoalmente com o líder russo para discutir a guerra na Ucrânia.
Por fim, o presidente americano especulou que a dívida dos EUA pode ser menor do que o estimado devido a supostas fraudes no Departamento do Tesouro.
Segundo o presidente, Musk ajudará a identificar “centenas de bilhões de dólares em fraudes” e continuará avaliando despesas governamentais.
Trump afirmou que Musk, o homem mais rico do mundo, tem sido fundamental na busca por eficiência nos gastos do governo. “O povo quer que ele encontre desperdícios”, disse.
O Departamento de Educação está entre os alvos prioritários da revisão de gastos. Trump classificou o órgão como “ineficiente” e administrado por “esquerdistas radicais”. Ele também planeja revisar as despesas das Forças Armadas, cujo orçamento para 2025 é de quase US$ 850 bilhões.
Musk, que lidera o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês), já tomou medidas para fechar a Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID), resultando na demissão de milhares de funcionários.
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